03 abril 2024

Minha opinião

Bebo quase nada
 e vou vivendo
Luciano Siqueira



Leio agora que um em cada quatro brasileiros (23,7%) com 60 anos ou mais consome álcool. E que 6,7% (aproximadamente 2 milhões de idosos) dizem consumir diversas doses de uma só vez, ou seja, adotam um padrão de consumo considerado abusivo, conhecido como binge drinking.

A matéria do jornal O Globo ainda assinala que 3,8% (mais de 1 milhão) costumam beber, em uma semana típica, entre 7 a 14 doses por semana, quantidades que podem colocar em risco a saúde.

Isso de acordo com estudo conduzido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), publicado nas revistacientíficas Substance Use & Misuse e BMJ Open.

Confesso que não sabia que o alcoolismo (se assim posso classificar o fenômeno) envolve tanta gente da minha faixa etária em nosso país abençoado por Deus.

Talvez porque não frequento rodas de amigos à mesa de bar. Prefiro a conversa em cafés no transcurso da tarde.

Concluídos meus compromissos, corro para casa. Tem sido assim ao longo das décadas que já vivi.

Em casa, à noite, no máximo uma taça de vinho ou uma dose de uísque enquanto leio, escrevo ou vejo TV.

O uisque merece uma segunda dose quando o filme vale a pena. Não mais do que isso.

Na verdade, contando com um episódio na adolescência e uns três na idade adulta, não me recordo ter me embriagado pra valer.

Nem mesmo no carnaval.

Essa abstinência parcial seria suficiente para me sentir marginal, a julgar pelo estudo da Unifesp.

Mas nunca me senti assim. Mesmo quando numa roda em que todos bebem e prefiro água mineral com gás, gelo e limão não me vejo excluído.

Tanto que a voz de Elizeth Cardoso, a “divina”, assegurando “Eu bebo sim/Eu 'to vivendo/Tem gente que não bebe/E 'tá morrendo” nunca me comoveu.

Se é para aliviar a alma castigada por uma jornada de trabalho exaustiva, prefiro ler um poema ou uma boa crônica.

E sigo vivendo.

Para além do horizonte visível https://bit.ly/3Ye45TD 

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