Chico de Assis
Não há tempo de bonança.
Nem tempo de tempestade.
O tempo é uma fogueira
que arde ao calor da tarde
e sem clemência invade
os circunlóquios da noite
o cinza da madrugada
e a réstia ensolarada da manhã.
No redemoinho do tempo
há marcas no corpo
e muitas mágoas
em minha alma.
Foi muito longa
e tensa a jornada
ao fim da qual
chego sem glória.
No entrechoque dos tempos
ao repassar o que vivi
uma pergunta sobrevive:
onde é que fui mais livre?
[Ilustração: Egon Schiele]
Nem estás no fim ou sem glória. Fostes é és exemplo para mim e para muitos que o amam.
ResponderExcluirExemplo de força, de luta, de ideal libertário. De inteligência, sensibilidade e lirismo.
Fraterno abraço companheiro.
Grande amigo e Poeta Chico de Assis. O tempo realmente escapa do conceito de ordenamento bíblico em consonância com nossas expectativas, muito ao contrário, ele é abrupto, inesperadamente inclemente, avassalador de nossas estruturas emocionais. Um furacão adrenalínico carregado de intensidade, numa concepção heideggeriana do Dasein, do ser e o tempo.
ResponderExcluirFomos forjados na têmpera do tempo com realidades e intensidades diferentes, trazemos como estigma uma ferida na alma, também incomparáveis, mas ambas não deixam de ser uma ferida.
Não tivemos a glória de um Júlio César, na sua famosa expressão: "Vi! Vim! Venci!"
"Vanitus Vanitatus," vaidade das vaidades, a nossa Glória, meu nobre e grande Poeta, não é externa, ela é interior, porque somos o que somos por ter tido a ousadia de ter sido.
Quanto à liberdade, fomos mais livres no tempo de criança quando nosso ego ainda era incipiente. Como não estamos nos tempos bíblicos, um tempo para cada ato, sempre é tempo de sermos crianças.
Meus parabéns pela "vontade de potência" do excelente e instigante existencialismo poético.
Um fraterno e intenso abraço.
Edilson Freire Maciel
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