13 junho 2024

Futebol brasileiro: e o futuro?

Futuro não é destino: espero que erros de 2018 e 2022 não se repitam em 2026

Endrick caminha para ser titular da seleção e destaque mundial, mas ainda não é
Tostão/Folha de S. Paulo

 

Os amistosos das seleções europeias e sul-americanas, pouco antes da Eurocopa e da Copa América, servem de observação para os técnicos, analistas e também para se tirar conclusões. Algumas equivocadas. Muitas coisas não são como parecem.

Das principais seleções europeias, a única que jogou muito bem nos amistosos foi a Espanha, na goleada por 5 x 1 contra a fraca Irlanda do Norte. Como a Espanha sabia que o adversário marcaria muito atrás, com uma linha de cinco defensores, colocou de cada lado um lateral e um ponta avançados. Um ficava aberto e o outro entre o lateral e o zagueiro. Confundiam a marcação. Assim saíram vários gols. 

A estratégia da Espanha contraria o chavão que existe no Brasil de que quando há um ponta avançado driblador não há necessidade de um lateral apoiador pelo lado. Na Copa do Mundo de 2022, Vinicius Junior ficou isolado, aberto, sem o apoio do lateral, sendo anulado pela marcação. Isso não justificava sua substituição, pois, de repente, é capaz de fazer jogadas inimagináveis.

A Colômbia mostrou sua evolução. Está invicta há 22 jogos, com oito vitórias seguidas ao vencer os EUA por 2 x 0. Recentemente, a Colômbia ganhou da Espanha e do Brasil —pelas Eliminatórias para o Mundial de 2026. O São Paulo não entende porque James Rodriguez joga bem na seleção, muito mais do que no time paulista. A explicação de que na Colômbia as bolas passam sempre por ele não tem nada a ver. Contra os EUA, Arias, atuando no meio campo, teve muito mais a bola do que James Rodriguez.

Na vitória do Brasil por 3 x 2 sobre o México, Endrick, novamente, entrou e fez um gol. Ele caminha para ser titular da seleção e um destaque mundial. Ainda não é. Endrick precisa ser analisado pela sua técnica, velocidade, lucidez, antevisão das jogadas e finalizações, e não por ter feito um gol em cada uma das três partidas iniciais pela seleção. É uma amostragem ainda muito pequena.

Nesta quarta (12), contra os EUA, com os titulares, provavelmente o trio de ataque será formado inicialmente por Rafinha, Rodrygo e Vinicius Junior, como foi nos amistosos contra Inglaterra e Espanha.

Espero que Vini Jr. não jogue a maior parte do tempo aberto como ponta com função também de voltar para marcar. Ele se tornou espetacular no Real Madrid quando passou a jogar como um atacante, alternando as jogadas pelo centro e pelo lado esquerdo.

O México, mais uma vez, jogou como nunca e perdeu como sempre. Os mexicanos pressionaram na marcação, tomaram a bola com facilidade no campo do time brasileiro e fizeram dois gols.

Uma das razões é que o Brasil só tinha dois jogadores no meio campo, já que os pontas ficam abertos e Andreas Pereira, assim como Paquetá, são meias atacantes, e não meio-campistas. Algo parecido ocorreu nas duas eliminações do Brasil, contra a Bélgica, na Copa de 2018, e contra a Croácia, na de 2022.

Existem várias maneiras de ganhar e de jogar bem. Mas é bom lembrar que a Argentina é campeã do mundo e da Copa América, que o Real Madrid é o campeão da Espanha e da Europa, que o time revolucionário do Barcelona dirigido por Guardiola, que as seleções brasileiras campeãs do mundo em 1958, 1962 e 1970 jogavam com uma linha de três no meio campo, e não com dois, que marcavam e tinham o domínio da bola e do jogo.

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