06 junho 2024

Futebol brasileiro: para onde?

Os caminhos da seleção entre as pedras

Nos recentes amistosos, Brasil jogou melhor e consolidou duas boas estratégias
Tostão/Folha de S. Paulo

 

No sábado (8), a seleção brasileira enfrentará o México, o primeiro de dois amistosos antes da Copa América, nos EUA. Equador, Colômbia e, principalmente, Uruguai evoluíram e estão próximos do Brasil, da Argentina e das principais seleções europeias.

Nos recentes amistosos, contra Inglaterra e Espanha, o Brasil jogou melhor do que se esperava e consolidou dois bons caminhos. O primeiro é o de passar a ter meio-campistas hábeis, leves, dinâmicos, que avançam e recuam, acostumados ao estilo intenso do futebol inglês, apesar de não haver um grande craque do nível dos melhores do mundo na posição. 

O segundo caminho é o de poder utilizar a excelente e entrosada dupla de atacantes do Real Madrid formada por Vinicius Junior e Rodrygo, embora o Real jogue de uma maneira diferente da seleção.

O Real atua com uma linha de três no meio campo e mais Bellingham livre e próximo de Rodrygo e Vini. A seleção, nos amistosos, jogou com dois meio-campistas e mais um meia à frente dos dois e próximo de um trio de atacantes (dois pontas e um centroavante). 

No Real, Vini e Rodrygo não voltam para marcar pelos lados. Quando a equipe perde a bola, Bellingham marca pela esquerda e Valverde pela direita, formando um quarteto com mais dois meio-campistas pelo centro.

No Brasil, se um time joga com um trio no meio campo e mais um meia de ligação e dois atacantes, como faz o Real, dizem que o técnico é retranqueiro e que escalou três volantes. O Real não tem um típico centroavante, um clássico meia de ligação nem um típico volante mais recuado e mais marcador, características que são supervalorizadas no Brasil.

Vinicius Junior se transformou em um jogador magistral, completo, quando passou a alternar as jogadas pela ponta e pelo centro, no momento certo.

Dorival conhece bem os caminhos entre as pedras. É preciso torná-los mais fáceis de serem percorridos.

Brasileirão

Assisti a bons jogos no final de semana pelo Brasileirão. Em sua estreia como treinador do Vasco, Álvaro Pacheco deve ter ficado assustado com os 6 x 1 e a enorme superioridade do Flamengo. Antes, o Vasco sabia que era inferior, porém marcava muito, o que não ocorreu nessa partida.

Cruzeiro atuou bem contra o São Paulo, mas perdeu por 2 x 0. Detalhes ocasionais contribuíram bastante para o resultado. No início, quando o Cruzeiro era melhor, sofreu um gol. Lucas driblou o volante na intermediária, e os zagueiros, em vez de saírem na cobertura, ficaram colados à grande área, um problema comum nos times brasileiros. O goleiro Wanderson falhou também no gol. 

Quando uma equipe fica com dez jogadores e está perdendo, precisa avançar e corre grandes riscos de levar uma goleada, pois deixa a defesa totalmente desprotegida. Isso não ocorreu com o Cruzeiro, que continuou atuando bem e teve chances de empatar.

O São Paulo melhorou com o novo técnico, Luís Zumbeldia, no coletivo e no individual. Alisson, que sempre foi um jogador pelo lado, mediano, evoluiu bastante no São Paulo quando passou a ser um meio-campista sob o comando de Dorival Junior. Existem outros atletas fora dos seus lugares.

Nos últimos tempos, os atacantes hábeis, dribladores, passaram a ser muito valorizados, enquanto os meio-campistas eram esquecidos. Isso começou a mudar, lentamente.

O gol começa com bom passe no próprio campo. Os dois tipos de jogadores são essenciais. Um bom time precisa do passe e do drible.

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