20 junho 2024

Minha opinião: juros contra a nação

Obedientes ao mercado* 

Luciano Siqueira 

 
Sob enorme pressão dos agentes do mercado financeiro e da grande mídia ultraliberal, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, ontem, manter a Selic em 10,50% ao ano, barrando uma sequência de sete reduções seguidas.
 
Por unanimidade, como pleiteava o mercado. 

Em obediência ao dogma da política de juros altos para desacelerar a economia - contendo a expansão do emprego e os investimentos produtivos e reduzindo o consumo como fórmula antiinflacionária. 

Falácia que já não se sustenta a um olhar minimamente independente.
 
Contrária aos reais interesse da nação e do povo, pois é inviável um projeto nacional de desenvolvimento assentado em tão absurda taxa de juros. 
 
Na verdade, o episódio reflete a ação concatenada de três vetores de imposição dos ditames neoliberais: o capital financeiro (sediado em Wall Street), a grande mídia corporativa e as bigh techs (com seus complexos e abrangentes mecanismos de comunicação digital).
 
Forças poderosas que conspiram contra o desenvolvimento do país e buscam manietar o governo Lula, desde já trabalhando para gerar condições de um retorno da extrema direita ao poder. 
 
De modo tão escancarado que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não teve o menor pejo ao exibir seus laços políticos com o bolsonarismo na Assembleia Legislativa de São Paulo e em jantar de homenagem a ele foi oferecido pelo governador paulista, Tarcísio Freitas.
 
O noticiário de hoje em todas as mídias já exibe profusão de elogios ao Banco Central e de reforçada pressão sobre o governo para que reduza investimentos e corte gastos com políticas sociais compensatórias — programas como Bolsa Família, por exemplo — e com a educação e a saúde. 
 
O parlamento, de maioria conservadora, vê-se também estimulado a manter o dique de contenção das ações do governo. 
 
Anteontem, em entrevista rede CBN, o presidente Lula deu um passo adiante no debate sobre os desafios do país, com destaque para a crítica à orientação do Banco Central.
 
Sinalizou para a absoluta necessidade de se ampliar o debate em torno da situação do país e do confronto de forças opostas junto à população. 
 
Não é possível enfrentar inimigos tão poderosos sem o concurso da mobilização social. 
 
Este é um subproduto óbvio da decisão tomada ontem pelo Copom.

*Texto da minha coluna desta quinta-feira no portal Vermelho

[Ilustração captada do portal Outras Palavras]

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