Palavra
rediviva
Luciano Siqueira
Uma palavra puxa a outra, escuto dizer desde criança.
E assim muita prosa se prolonga prazerosamente noite adentro.
Também
as boas lembranças do passado vêm à tona.
Como
agora, em que manuseio alguns volumes de literatura na biblioteca daqui de casa
e me deparo com a palavra perífrase.
E me veio à
mente o hábito divertido das disputas com Wilson Doido, colega de turma do
terceiro ano do ginásio no Colégio Estadual do Atheneu Norte-rio-grandense, em
Natal.
Wilson,
comerciário, era alguns anos mais velho do que eu. Metido a saber tudo e
dono de verve muito peculiar.
Antes do início das aulas,
frequentemente nos divertíamos pelejando sobre o significado de certas
palavras.
Às vezes ele
vencia, mas na maioria das vezes eu é que saia vitorioso, pelo simples fato e
já ser, àquela época, leitor assíduo.
Ocorre que numa
das vezes empatamos a disputa pela ignorância mútua.
Eu havia escutado o
professor Saturnino, que lecionava Português, pronunciar a palavra perífrase.
Na ocasião, não retive o significado do termo
Tempos depois, desafiado por Wilson, pus em questão o significado do
termo.
E
após algum tempo cascavilhando a própria memória, meu adversário deu-se por
vencido, porém não pude celebrar a vitória justamente porque também não sabia a
resposta.
Até que hoje,
décadas passadas, a palavra salta os meus olhos de um texto de crítica
literária, e finalmente a encontro em pesquisa digital no dicionário Oxford
Languages: "frase ou recurso verbal que exprime aquilo que poderia ser
expresso por menor número de palavras; circunlóquio".
Gostei do
significado, até porque sempre busco a concisão nas mal traçadas linhas que
escrevo sobre temas diversos. Mas do termo, não; pareceu-me meio pedante,
escorreito em demasia.
Será?
Leia também: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/09/minha-opiniao-quem-disse.html
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