22 outubro 2024

Enio Lins opina

Oito décadas de terror na palestina contra os palestinos
Enio Lins  

Sendo impossível deixar de acompanhar a tragédia humanitária em curso no Oriente Médio, a maior ao longo de muitas décadas, volto ao tema. Nos itens seguintes, esse retorno é dividido em parágrafos a título de resumo, cada um, para futuras novas abordagens, pois o genocídio contra os palestinos não vai cessar tão cedo.

GUERRA DESIGUAL

Insisto: não têm, os palestinos (e seus apoiadores) nenhuma chance militar contra o estado de Israel. Não pode ser comparada, por exemplo, a guerra atual entre Rússia e Ucrânia, pois ali se batem duas potências fortemente armadas. Pode sim, repito, ser comparada a resistência palestina contra Israel, à resistência dos judeus contra o III Reich. Pode-se torcer pelos sionistas ou pelos palestinos, mas um mínimo de honestidade intelectual constata um confronto esmagadoramente desproporcional entre uma grande potência militar e uma população extremamente fragilizada. A superioridade israelense é tão brutal que permite a eliminação sumária e continuada de líderes palestinos na hora, local e forma que bem lhe aprouver. Tamanha é essa supremacia que, na execução de um combatente identificado como Yahya Sinwar, há seis dias, foi forjada um a explicação ridícula do tipo “imaginávamos estar atirando na cabeça de um palestino qualquer”.

CONTROLE TOTAL

Depois dessa morte “por acaso”, o governo israelense divulgou vídeos comprovando que acompanhava os passos de sua futura vítima há mais de um ano, desde, pelo menos, um dia antes da ação do Hamas, em 7 de outubro de 2023, quando – inexplicavelmente – comandos armados, vindos da ultra vigiada Gaza, “furaram” a inexpugnável barreira de defesa israelense e mataram muitas pessoas em Israel. Este ataque (verdadeiro) foi a desculpa perfeita para o desencadeamento do genocídio que as forças armadas israelense mantém moendo até hoje. Bem, para insistir nessa versão de contos de bruxas, resta dizer agora que esse vídeo de 6 de outubro do ano passado “foi capturado nos arquivos do Hamas”; afinal, há quem acredite em estupidezes como grupos clandestinos filmando e arquivando seus próprios segredos.

OBJETIVO PRINCIPAL

Mera justificativa é a narração sobre o “direito de autodefesa” para tentar respaldar o direito ao terrorismo praticado pelos sionistas desde os anos 40. O objetivo único nessas oito décadas de sangramento contra a população originária palestina é a é a ocupação total do território palestino. Processo esse iniciado no final do século XIX e que enveredou para o terrorismo aberto, ousado, e altamente organizado, desde o atentado contra a sede da administração do Mandato Britânico na Palestina, em Jerusalém, no dia 22 de julho de 1946 – marcando a ruptura do sionismo frente as normas internacionais. Esse caminho passou a ser trilhado, numa marcha batida, com apoio dos Estados Unidos e da (hoje finada) União Soviética, sequenciada pela declaração unilateral da criação do Estado de Israel em 14 de maio de 1 948, contrariando a decisão das Nações Unidas sobre a fundação de dois estados (um palestino e outro israelense) na região. Como já dito e repetido, Israel pratica – com método e sem muita pressa – a teoria do Lebensraum (Espaço Vital) que Adolf Hitler tentou implementar, açodadamente e sem sucesso, na Europa, entre 1939 e 1945, e que custou a vida de milhões de judeus, comunistas, democratas e quem quer que tentasse resistir ao Nazismo. O extermínio de um povo considerado “raça inferior”, em simultâneo com a expropriação de seus bens materiais, segue a todo vapor na Palestina.

Leia sobre a saga palestina https://lucianosiqueira.blogspot.com/2023/12/a-saga-palestina-7.html

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