Temas ausentes na disputa municipal
Luciano Siqueira
As urnas deste segundo turno mal se fecharam e já nos deparamos com comentários de toda ordem, a título de análise, na grande mídia e em inúmeros sites e blogs.
Uma queixa predomina: a ausência de
debate em torno de problemas estruturais de nossas cidades.
Seja a emergente questão ambiental,
sejam alternativas de desenvolvimento econômico no território da cidade e tantos
outros temas correlatos.
Em muitos casos o rebaixamento do
debate se deu essencialmente por opção tática eleitoral capitaneada por
candidatos que pontificavam à frente nas pesquisas.
Ou mesmo por incompetência dos seus oponentes.
Esse dado de realidade parece sinalizar
para a fragilidade da discussão de temas estruturais no âmbito mesmo dos
partidos políticos.
Das mais de 30 agremiações credenciadas
no TSE, pouquíssimas são aquelas que podemos classificar como
"programáticas".
A maioria se constitui como legenda legalmente apta a acolher candidaturas, quase que independentemente do pensamento político
dos pretendentes.
A minoria que se pauta por programas
e, portanto, atenta a questões de fundo da sociedade brasileira, provavelmente
esteja atrasada em suas análises em relação ao tempo presente e na busca de
alternativas para um futuro mediato e no horizonte estratégico.
Essa limitação é crucial no que diz
respeito aos partidos situados à esquerda. É preciso atualizar a compreensão da
realidade presente no mundo e no Brasil e, assim, lastrear atualizações em suas
concepções programáticas.
Esse lastro, ainda que nem sempre
visível pelo grande público, faz-se indispensável para a retomada do trabalho político de base, que arrefeceu muito nos últimos tempos
em partidos como o PT e o PCdoB, por exemplo.
Será um equívoco terrível supor que a
comunicação digital, feita com certo grau de competência técnica, pode dar
conta por si mesma da abordagem política da população.
Que a amplia e lhe dá ressonância, é verdade.
Porém jamais suprirá o distanciamento da militância organizada em relação ao
cotidiano da vida do povo.
Esta é uma questão decisiva no tempo
presente para as forças políticas empenhadas na transformação da sociedade
brasileira. Comporta aspectos vários, tanto de natureza teórica e política
estrutural, como avaliações conjunturais precisas e com competente consequência
tática imediata.
Leia sobre o
trabalho político pela base https://lucianosiqueira.blogspot.com/search?q=O+mundo+cabe+numa+organiza%C3%A7%C3%A3o+de+base
Perfeito.
ResponderExcluirNão tenho dúvidas. Sinto falta das ruas e das salas de conversas fora do período eleitoral. Prevalece o imediatismo, os jogos de interesses. Falta profundidade que somente o debate cotidiano pode produzir.
ResponderExcluirObrigado pelas provocações e pelos alertas, Luciano.
Concordo em numero gênero e grau!
ResponderExcluirAs eleições de 2024, sim, deram um aviso importante a partidos muito institucionalizados como PT e PCdoB. O povo não deseja mais defender uma vida de dedicação exclusiva a trabalho nos moldes como o conhecemos.
ResponderExcluirSugiro que repensem essa estrutura de trabalho defendida há anos e busquem atualizá-la a época atual para que possam defender os direitos trabalhistas SEM impedir que a população possa viver a vida em seus demais aspectos.Fiquem atentos ⚠️
O trabalho nos moldes de hoje soa como sinônimo de escravidão para a maioria da população. É preciso mudar e para ontem!
ResponderExcluirMuito bom! Bastante esclarecedor!
ResponderExcluirVerdade camarada.
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