“Você está entretido e saciado”, entoa o narrador, “você parece produtivo, mas não é excelente”.

A voz fala dos “algoritmos que fazem você odiar a si mesmo e à sua própria civilização”.

Neste ponto do curta, a tela mostra uma figura animada apontando uma arma diretamente para o espectador.

“A mídia contemporânea proclama que ter qualquer ideal é fascista”, continua a voz. “Todo aquele que tem convicções é fascista.”

Seria isso um convite para adotar o rótulo de fascista? Este movimento parecia ansiar por uma concepção específica da cultura ocidental: um mundo nietzschiano em que os mais aptos sobrevivem, onde a ruptura e o caos dão origem à grandeza.

No dia seguinte, passei pela “Embaixada Praxis”, uma cobertura gigantesca na Broadway.

As prateleiras estavam realmente cheias de exemplares de Nietzsche, biografias de Napoleão e um volume intitulado O Manual do Ditador. Esperei um pouco, mas Dryden Brown nunca apareceu.

Saí me perguntando o que exatamente tinha testemunhado na noite anterior: seria um visão do futuro, no qual países como os Estados Unidos e o Reino Unido seriam envolvidos por uma teia de sociedades corporativas, um mundo no qual alguém poderia escolher se tornar cidadão de um pequeno Estado cibernético?

Ou estariam Dryden Brown e seus amigos apenas "trollando" — um grupo de empreendedores de tecnologia se passando por revolucionários de extrema direita para rir do establishment e se divertir?

Poderia Dryden Brown um dia se tornar um rei-CEO, governante de uma franquia de império de direita radical com postos avançados espalhados por todo o Mediterrâneo?

Eu duvido. Mas já existem medidas para promover mais portos livres e cidades autônomas.

E se a democracia estiver em apuros, o movimento do Estado em rede parece estar pronto para entrar em cena.

Leia sobre a influência mundial das big techs https://lucianosiqueira.blogspot.com/2023/04/o-peso-das-gigantes-tecnologicas.html