Modernização chinesa em debate

Reunião em São Paulo consolida parceria editorial entre FMG e cidade chinesa
O “Simpósio sobre a Teoria e Prática da Modernização Chinesa” contou com a participação do Departamento de Comunicação do Comitê do Partido Comunista da China – Chongqing e da Academia de Marxismo da Academia da China de Ciências Sociais, além da Fundação Maurício Grabois (FMG).
Fundação Maurício Grabois www.grabois.org.br

A cidade de São Paulo recebeu na manhã desta sexta-feira (08/11) o “Simpósio sobre a Teoria e Prática da Modernização Chinesa”. O evento foi coorganizado pela Fundação Maurício Grabois (FMG) em parceria com entidades chinesas.

Com a presença de representantes do Departamento de Comunicação do Comitê do Partido Comunista da China – Chongqing e da Academia de Marxismo da Academia da China de Ciências Sociais (CASS), o Simpósio aprofundou a estrategia de desenvolvimento da China nesse início de século XXI. Com a presença de cerca de 30 representantes da China e da FMG, foi muito lembrado no evento a comemoração dos 50 anos de estabelecimento das relações diplomáticas entre Brasil e China. 

Em sua intervenção na abertura do Simpósio, o presidente da FMG, Walter Sorrentino, situou a conjuntura em que o evento se realiza. “Vivemos em um ambiente geopolítico marcado por turbulências e transformações que remodelam o mundo, com tensões e guerras. Mas, também, abrem-se novas oportunidades e desafios”, afirmou Sorrentino.

A reunião também marcou a parceria editorial entre a Fundação do PCdoB e o grupo editorial da cidade de Chongqing.

“Em Chongqing, criamos uma importante academia para discutir a modernização chinesa. Gostaríamos de convidar a FMG para uma visita e para compartilhar conosco essa experiência”, disse o representante chinês, Guan Hong, Diretor Adjunto do Departamento de Publicidade Municipal de Chongqing.

Na ocasião, o coordenador do Observatório Internacional da Fundação Maurício Grabois, Ricardo Alemão Abreu, fez uma intervenção em que mencionou o documento O Brasil, a América do Sul e a proposta chinesa da Iniciativa Cinturão e Rota, distribuído aos participantes. Esse documento apresenta a posição da FMG em defesa da participação do Brasil na Iniciativa Cinturão e Rota.

 

“O Seminário foi muito interessante, com intervenções densas, mesmo sendo breves, sobre  o processo recente de modernização da China e as perspectivas para o Centenário da Fundação da República Popular da China em 2049. Brasil e China são parceiros estratégicos e estão entre os líderes dos países do Sul Global”, concluiu Alemão.

Além de Alemão, também houve uma apresentação realizada por Yu Haiqing, diretora adjunta da Academia de Marxismo da Academia Chinesa de Ciências Sociais.

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Confira abaixo a íntegra da intervenção do presidente da Fundação Maurício Grabois, Walter Sorrentino

Exmo. Sr. Guan Hong, sub diretor do Departamento de Publicidade de Chongqing.

Exmas. Sra. Yu Haiqing, vice-presidenta da Academia de Marxismo da CASS.

Exmo. Srs. e Sras. membros da delegação chinesa do Município de Chongqing e da Academia de Marxismo da CASS. 

Caros companheiros e companheiras da direção da FMG aqui presentes,

É uma honra e alegria coorganizar com as autoridades de Chongqing e com a presença da CASS esta singela iniciativa, que representa um passo muito importante e ansiado para a Fundação Maurício Grabois. Ele coincide, também, com a feliz iniciativa do Sr. Guang Hong em promover a publicação em espanhol e inglês da Série “Seis perspectivas da modernização chinesa”, importante para entender os desafios que temos pela frente pelo desenvolvimento soberano no Sul Global. 

Estamos em um momento de singular significado para as relações entre nossas nações e governos, nossos povos e nossos partidos comunistas.

Em primeiro, completamos 50 anos de frutíferas relações diplomáticas entre Brasil e China. Há 30 anos elas alcançaram o nível de Parceria Estratégica e, com a criação da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN) em 2004, nossos países se uniram em 2006 no BRIC e o nível das relações bilaterais Brasil-China foram alçadas ao grau de Parceria Estratégica Global em 2012.

Em segundo lugar, vivemos em um ambiente geopolítico marcado por turbulências e transformações que remodelam o mundo, com tensões e guerras. Mas, também, abrem-se novas oportunidades e desafios. 

Nesse contexto ocorre a recente reunião do BRICS Plus, base principal de um ordenamento mundial multipolar em prol de projetos autônomos de desenvolvimento soberano. É, sem dúvidas, um esteio poderoso para a construção de um futuro melhor e compartilhado da Humanidade.

O BRICS Plus e seu Novo Banco do Desenvolvimento (NDB), sob a condução da ex-presidenta brasileira Dilma Rousseff, e a Iniciativa do Cinturão e Rota (ICR), representam chance ímpar para alcançar novos patamares de desenvolvimento de nossos países e romper com a tradicional divisão de trabalho do mundo entre centro e periferia, bem como com o hegemonismo imperialista. 

Em terceiro, mas não menos importante, temos grandes expectativas com a visita do presidente Xi Jinping ao país, neste mês de novembro, e seu encontro com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

É nessa moldura que a FMG situa o projeto estratégico do PCdoB por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento soberano, via brasileira ao socialismo.

Consideramos absolutamente central promover um novo patamar de desenvolvimento no país, com a reindustrialização em novas bases tecnológicas. Aí reside o componente crucial para reduzir a dependência da condição de exportador de commodities, avançar na produção de maior valor agregado e elevar o nível de vida material e espiritual dos brasileiros e brasileiras e a própria soberania nacional.

Com apoio do NDB, no âmbito do BRICS Plus, e com a ICR, consideramos que se impõe aprofundar parcerias e sinergias, para além dos investimentos em infraestrutura, sustentabilidade e diversificação monetária nas relações comerciais, tendo por foco a industrialização e a cooperação em pesquisa e transferência de tecnologia em setores destacados, como sejam as energias renováveis, transportes e aviação civil, a tecnologia da informação e comunicação.

Senhoras e Senhores,

A Grabois tem uma missão. Criada em 1995 pelo PCdoB e elevada ao patamar de Fundação, em 2005, nos termos da legislação partidária brasileira, é um espaço de pensamento marxista e progressista para congregar vastas forças políticas, sociais e intelectuais em prol de um novo ciclo de desenvolvimento soberano, um novo período civilizacional da nação brasileira. Em nossa opinião, só sob orientação socialista se pode realizar o pleno potencial do Brasil.

Nesse escopo, a Grabois abriga a Revista Princípios, de elevado ranking acadêmico e científico no país, a Escola Nacional João Amazonas, o Centro de Documentação e Memória, uma variada atividade editorial e, na blogosfera, o Portal Grabois e suas mídias sociais. Organiza Cursos, Seminários e Painéis de Debate, com ampla participação de forças progressistas e a esquerda política e social do país. 

É todo um arsenal voltado a formar e disputar a opinião política avançada na sociedade e a forjar quadros e militantes da Revolução Brasileira.

Na gestão 2024-2026 estão instituídos 8 Grupos de Pesquisas convergentes com tal missão estratégica, compostos por mais de 120 pesquisadores em temas de fronteira para o projeto nacional e o desenvolvimento teórico do marxismo.

A Grabois estabelece convênios e parcerias no país com as homólogas dos partidos da esquerda e progressistas, bem como as entidades congêneres internacionais, com partidos irmãos e suas instituições de pesquisa. Igualmente, com instituições federais que lhe facultem canais para atividades de ensino e pesquisa no país.

O Marxismo do Século 21, para nós, é mais que uma consigna, é uma exigência. À velha e surrada cantilena neoliberal – “There’s no Alternative” – o presente demonstra que o amadurecimento da teoria do socialismo é uma realidade, evidenciada pelos êxitos da China e o Socialismo com peculiaridades chinesas.

Assim, uma nova bandeira da esperança emerge no mundo e vai se afirmando. É esse o nosso destino: a luta contra o neoliberalismo e sua profunda crise, pelo socialismo, por um mundo melhor. 

Por essas razões estimamos muito o trabalho da CASS e sua Academia de Marxismo. Somos gratos pela oportunidade propiciada por iniciativa do governo de Chongqing.

No contexto das antigas e elevadas relações do mais alto nível de respeito recíproco entre o PC da China e o PC do Brasil, desejamos que este nosso Simpósio inaugure uma relação profícua e duradoura entre nossas instituições, a Grabois e a CASS, em convergência de esforços em benefício recíproco.

Sem dúvida, isso elevará ainda mais os laços estratégicos e de confiança entre nossos países, nossos povos e nossos partidos. 

Muito obrigado.

Leia mais sobre a missão da Fundação Maurício Grabois https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/07/fundacao-grabois-missao.html