ONU: Cidades devem se preparar para mudança climática e rápida urbanização
Até 2050, cerca de 70% da população mundial viverá em espaços urbanos; segundo relatório, 2 bilhões desses moradores podem enfrentar aumento adicional de temperatura de pelo menos 0,5°C até 2040; evento no Cairo reúne 37 mil participantes de mais de 182 países para debater soluções.
ONU News
Começou nesta segunda-feira no Cairo, Egito, a 12ª edição do Fórum Urbano Mundial, FUM12. O evento ocorre a cada dois anos e é promovido pelo Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos, ONU-Habitat.
O objetivo é debater como tornar as cidades mais resilientes ao clima, garantir moradia adequada para todos, construir comunidades fortes e lidar com a crescente urbanização.
Crise global de moradia
Atualmente, cerca de metade da população mundial vive em cidades, e espera-se que esse número aumente para 70% até 2050.
Ao discursar na abertura do evento, a diretora executiva da ONU-Habitat, Anacláudia Rossbach, afirmou que as “pessoas e instituições estão preocupadas com o futuro do planeta e entendem o papel crítico que as cidades desempenham em defini-lo”.
Ela ressaltou que “transformar assentamentos informais e favelas, e lidar com a falta de moradia é essencial”. Um dos principais focos do evento é a busca de soluções para superar a crise global de moradia que afeta quase 3 bilhões de pessoas.
"Gentrificação verde"
Nesta terça-feira, o ONU-Habitat lançou o Relatório Mundial das Cidades, com foco nos desafios colocados pelas alterações climáticas e pela rápida urbanização.
O levantamento indica que que mais de 2 bilhões de habitantes das cidades podem enfrentar um aumento adicional de temperatura de pelo menos 0,5°C até 2040.
Os centros urbanos precisam de cerca de US$ 4,5 a US$ 5,4 trilhões anualmente para desenvolver e manter sistemas resilientes às alterações climáticas, no entanto, o financiamento atual é de apenas US$ 831 bilhões.
O relatório também revela que algumas intervenções climáticas pioraram as condições das comunidades vulneráveis.
Casos da chamada "gentrificação verde", em que iniciativas como a criação de parques deslocam famílias de baixa renda ou aumentam os valores das propriedades, destacam a necessidade de soluções climáticas mais equitativas.
“Tudo começa em casa”
Anacláudia Rossbach observou que o FUM12 ocorre após a aprovação por consenso do Pacto para o Futuro, um compromisso dos Estados-membros da ONU de fazer mais para enfrentar os desafios como as mudanças climáticas, aumento de conflitos e regulação da inteligência artificial.
Ela disse que o Pacto também reconhece “a importância de uma nova agenda sobre habitação e cidades, a relevância dos governos locais e regionais e os desafios e oportunidades relacionados à digitalização e tecnologia”, para criar cidades inteligentes.
O tema do Fórum é “tudo começa em casa”, enfatizando que as soluções devem se iniciar onde as pessoas vivem, trabalham e constroem suas vidas.
Em uma mensagem de vídeo exibida na abertura do evento, o secretário-geral da ONU, António Guterres, reforçou esse sentimento ao dizer que “o progresso real começa no nível local. No terreno. Nas comunidades e nas vidas das pessoas.”
Guterres enfatizou que as cidades são “motores poderosos de desenvolvimento social e econômico e catalisadores de soluções sustentáveis”.
Desafios urbanos
O rápido movimento de populações para centros urbanos está tendo um grande impacto nas comunidades, economias, bem como nas mudanças climáticas e políticas. Grande parte do crescimento ocorrerá na África, onde a população deverá quase dobrar nos próximos 30 anos.
Este ano marca a primeira vez que o FMU é realizado em uma megacidade. Com mais de 20 milhões de habitantes, o Cairo é considerado uma das maiores áreas urbanas do planeta.
Estarão presentes no Fórum cerca de 37 mil participantes de mais de 182 países.
Leia sobre enfrentamento das mudanças climáticas na China https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/05/china-solucao-tormenta-climatica.html
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