PCdoB
defende maior unidade para êxito do governo Lula e anuncia 16º Congresso
Em resolução publicada neste domingo
(8), partido elenca principais desafios dos próximos dois anos e destaca
importância da Frente Ampla para a vitória em 2026
Priscila Lobregatte/Vermelho
O Comitê Central do PCdoB emitiu resolução neste domingo (8) na qual destaca que as tarefas das forças políticas comprometidas com o Brasil e a classe trabalhadora, entre elas PCdoB, devem se concentrar em atuar para que o governo Lula, “proporcione conquistas ainda maiores e apresente uma perspectiva de prosperidade ao povo e ao país”. A resolução também anuncia a realização de 16º Congresso do PCdoB, de 16 a 19 de outubro de 2025, em Brasília.
Ao falar
sobre a conjuntura política, o documento diz que “o período que segue, até
2026, continuará sob o contexto de aguda luta política e ideológica, da qual as
eleições municipais de outubro foram um capítulo destacado”.
O Comitê
Central completa dizendo que “as forças que compõem a frente ampla,
determinantes para a derrota da extrema-direita, são chamadas a atuar com maior
unidade e protagonismo para o êxito do governo nesta etapa decisiva, tarefa
fundamental para a reconstrução do país e criação das condições para um Novo
Projeto Nacional de Desenvolvimento”.
A
resolução também comunica a realização de 16º Congresso, de 16 a 19 de outubro
de 2025, em Brasília. “Momento maior de sua democracia interna, seu coletivo
militante, em diálogo com os aliados, com círculos que apoiam os comunistas,
debaterá, elaborará e disseminará ideias acerca das grandes questões da
realidade brasileira, sob o prisma da síntese de seu Programa: fortalecer o Brasil e lutar
pelo socialismo. Questões que se concentram na construção de uma
nova vitória da frente ampla democrática liderada pelo presidente Lula em
2026”.
Leia a íntegra do documento:
Fortalecer a Frente Ampla, repelir a
pressão dos banqueiros, rumo à vitória em 2026
Elevar
a luta ideológica democrática, lutar por mais direitos e por mais
desenvolvimento
Transcorrida
a metade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, com base no
exame multilateral de suas realizações e vitórias, insuficiências e desafios,
em sua grande missão de reconstruir o país, as tarefas das forças políticas
comprometidas com o Brasil e a classe trabalhadora, entre elas o Partido
Comunista do Brasil (PCdoB), se concentram em atuar para que o governo, no
próximo biênio, proporcione conquistas ainda maiores e apresente uma
perspectiva de prosperidade ao povo e ao país.
O período
que segue, até 2026, continuará sob o contexto de aguda luta política e
ideológica, da qual as eleições municipais de outubro foram um capítulo
destacado. As forças que compõem a frente ampla, determinantes para a derrota
da extrema-direita, são chamadas a atuar com maior unidade e protagonismo para
o êxito do governo nesta etapa decisiva, tarefa fundamental para a reconstrução
do país e criação das condições para um Novo Projeto Nacional de
Desenvolvimento.
Lutar
pela paz e por um mundo multipolar
O Brasil é
hoje um polo de resistência à onda reacionária, acompanhada pelas forças
democráticas do mundo. As margens de atuação do Brasil no sistema internacional
se tornaram mais difíceis nesse período. Atravessa-se um cenário mundial
instável, resultante de múltiplas crises do capitalismo e de tensões e guerras
derivadas do programa do imperialismo estadunidense e de aliados para tentar
conter o declínio relativo de sua hegemonia, que se dá frente à emergente
multipolaridade e ascensão da República Popular da China, com novos blocos de
poder, entre eles o Brics. A guerra entre Ucrânia e Rússia, maquinada pelos
Estados Unidos e pela OTAN, as ações bélicas contra o Líbano e a Síria, o
genocídio do povo palestino em Gaza, e, em outro plano, o criminoso bloqueio a
Cuba, estampam o imperialismo como inimigo dos povos e a decadência do
capitalismo. Os comunistas atuam para reforçar os processos que convergem à
multilateralidade, na qual se destaca a liderança da China socialista.
Dessa
realidade conturbada emergiu e avança a força da extrema-direita na Europa e
nas Américas. Esse cenário de ameaças tende a se agravar a partir de janeiro,
com o início do governo extremista de Donald Trump nos Estados Unidos. Todavia,
ganha força a jornada de países, fora do centro capitalista, pelo
desenvolvimento autônomo, bem como articulações, movimentos e blocos, como é
caso do Brics, de sentido anti-imperialista, que aceleram a transição à
multipolaridade. Na América do Sul, se destaca a vitória recente da Frente
Ampla à Presidência do Uruguai.
Eleições
municipais: a vitória da Centro-direita e os desafios da esquerda
A
extrema-direita sofreu rachaduras, Bolsonaro teve a liderança contestada, mas o
Partido Liberal (PL) foi a legenda que obteve maior número de votos, o que
indica base social relevante. Todavia, Bolsonaro está emparedado pela Justiça
por crimes gravíssimos contra a democracia, fato que desgasta a extrema-direita
como um todo e potencializa a sua divisão.
Os
partidos de centro-direita e direita foram os vitoriosos nas eleições
municipais de outubro. São legendas sem coesão nacional, divididas. Deles, o
PSD, o MDB e o União Brasil têm, cada um, três ministérios no governo Lula. PP
e Republicanos têm um cada. A opção de todos, na disputa presidencial em 2026,
é incerta. Dependerá das tendências de vitória das candidaturas
apresentadas.
A
interpretação desse resultado requer considerar que em 2016 e 2020 a
centro-direita e a direita, na esteira da escalada reacionária que perdurou até
2022, conquistaram grande número de prefeituras e cadeiras nas câmaras
municipais. Entraram, portanto, na disputa já de posse de uma base elevada.
Além do que, dezenas de bilhões de reais em emendas do orçamento secreto foram
injetados em suas bases. E a extrema-direita e seus aliados seguiram com força
relevante, mesmo depois da derrota nas eleições presidenciais.
A
esquerda e a FE Brasil
Já a
esquerda e a centro-esquerda em bloco – PT, PCdoB, PV, PSB, PDT, PSOL e REDE –,
alvo de severo ataque político, no período acima assinalado, sofreu acentuada
queda em número de prefeitos e vereadores. Nessas eleições, buscou recuperar
parte do espaço, mas em conjunto houve o recuo de 863 prefeituras para 752.
Este resultado, ainda magro, indica que a recomposição de sua força demandará
um processo e capacidade de responder a insuficiências conhecidas, como os
vínculos com o povo e a disputa nas redes sociais, e a fenômenos novos de
natureza social, econômica e política, entre eles mudanças na organização,
gestão do trabalho e impactos no perfil e subjetividade da classe trabalhadora.
Outro aspecto é que não se deu uma onda eleitoral expressiva favorável ao campo
da esquerda em razão das realizações do governo.
A
Federação Brasil da Esperança (FE Brasil) foi fator importante por reunir PT,
PV e PCdoB, numa aliança eleitoral estável e nacional que permitiu disputar
prefeituras em centenas de cidades e apresentar candidaturas em grande número
de câmaras municipais. As federações mais uma vez demonstram ser importante
inovação para fazer frente às cláusulas antidemocráticas crescentes do sistema
partidário e eleitoral. É necessário fortalecer a FE Brasil e buscar ampliá-la,
empreender esforços para que ela avance no debate político das situações
desafiadoras que se apresentarão para 2026, sendo fator de unidade, direção
avançada e fortalecimento da frente ampla.
O
desempenho do PCdoB
O
desempenho eleitoral do PCdoB deve ser avaliado considerando o resultado
limitado do campo progressista e de esquerda, a alteração do esquema eleitoral
como parte da Federação e as insuficiências do próprio Partido, e os efeitos da
pesada campanha anticomunista, conforme apontado desde o 15º Congresso. No
cômputo geral, o resultado obtido foi insatisfatório, posto que não alcançou o
conjunto dos objetivos a que se propôs. Não há reversão do quadro de perda
eleitoral.
Entretanto,
se obteve êxitos, resultado de uma tática eleitoral acertada e dos primeiros
frutos do movimento pelo revigoramento da legenda comunista, se ressalta a
manutenção das bancadas de Salvador e Porto Alegre, a retomada dos mandatos de
Belo Horizonte e de Belém, em Recife a votação ampliada à Câmara Municipal e a
eleição do Vice-prefeito. Resultou, ainda, em cinco primeiros suplentes em
capitais como Natal, Maceió e Campo Grande, com chance de assumir o mandato.
Sublinha-se o desempenho na capital de São Paulo, pela dimensão política da
cidade. O candidato do PCdoB ficou na segunda suplência, com quase 30 mil
votos. São relevantes também os resultados de Campina Grande (PB) e Criciúma
(SC), cidades nas quais as candidatas comunistas foram eleitas com as maiores
votações.
Além
disso, se avançou em cidades grandes e médias no Sul e Sudeste, com a eleição
de vereadores/vereadoras em Minas Gerais (em 5 das 8 cidades de segundo turno),
em São Paulo (em seis cidades de segundo turno) e no Rio Grande do Sul, no Rio
de Janeiro e Santa Catarina. Há que se destacar no Rio de Janeiro a ampliação
de mais um mandato de deputada federal e mais um de deputada estadual.
Se
constata centralmente que permanece a dificuldade de angariar votos onde o
Partido tem pequena base social, não ocupa espaços institucionais, tem pouca
atuação nas lutas em curso e nos movimentos sociais, e fragilidade nas direções
e na estruturação partidária. O aspecto material, de grande e permanente
limitação dos recursos financeiros, é muito relevante porque não permite
investimento contínuo na expansão do Partido e compromete duramente a
pré-campanha.
Defesa
da democracia e punição a Bolsonaro e aos demais golpistas
A defesa
da democracia e o combate ao golpismo e ao terrorismo da extrema-direita
egressa dos porões da ditadura militar entrou em nova etapa com o relatório da
Polícia Federal, já na Procuradoria Geral da República (PGR), que indiciou Jair
Bolsonaro por ter planejado, atuado e ter pleno domínio de planos e ações
golpista presentes do começo ao fim do seu governo. O inquérito também indica
que Bolsonaro tinha domínio do gravíssimo plano posto em ação para assassinar o
presidente da República, o vice-presidente e o então presidente do TSE. Os
militares são maioria dos 37 indiciados, entre eles sete generais, um almirante
e treze outros oficiais de alta patente.
Diante do
robusto elenco de provas, os mandantes, financiadores e executores da escalada
golpista que tudo fizeram para sepultar as liberdades e o regime democrático
consagrados pela Constituição Cidadã de 1988 devem ser exemplarmente punidos, a
começar por Jair Bolsonaro, pela responsabilidade de presidente da República e
por ter sido líder dos crimes consumados ou arquitetados, assegurado o amplo
direito de defesa.
Defender
direitos, rechaçar pressão da oligarquia financeira
A
oligarquia financeira recrudesce, neste final de ano, o ataque ao governo Lula
por dois flancos: pressão contínua pelo aumento da taxa básica de juros (Selic)
com um percentual de 14% pretendido pelo mercado financeiro para 2025 e por
elevação imediata, precificada, de 0,75% na reunião do Comitê de Política
Monetária (Copom) de dezembro; e por uma captura cada vez maior do Orçamento
Federal como garantia de pagamento de seus fabulosos ganhos com os juros da
dívida pública.
Cada ponto
da Selic, aumenta em R$ 40 bilhões os gastos da União com os títulos da dívida,
segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(DIEESE). Pretendem, portanto, com o aumento da Selic, açambarcar uma fortuna
extra de dezenas de bilhões de reais, à custa tanto de mais sacrifícios ao povo
quanto de travas para o desenvolvimento do país em novas bases tecnológicas.
Essa
oligarquia massificou, pela grande mídia, a mentira de que o país está em crise
econômica e propagandeia o mito de “crise fiscal” no Brasil. Na realidade, a
economia crescerá mais de 3%; o índice de desemprego é o menor desde 2012,
puxando para cima a massa salarial; a arrecadação de impostos bateu recorde em
outubro; as reservas internacionais somam mais de US$ 370 bilhões; e a taxa de
investimento – Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – do país aumentou,
passando de 16,6% no segundo trimestre deste ano para 17,6% no terceiro
trimestre, mas ainda inferior ao patamar de 20% (2010-2014).
Sob essa
atmosfera de chantagens, o governo Lula enviou ao Congresso o
pacote de corte de gastos de R$ 71,9 bilhões que, negativamente, propõe reduzir
investimentos em direitos trabalhistas e sociais, tais como correção do
salário-mínimo, abono salarial, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o
Fundeb. E, positivamente, propõe cortes em salários acima do teto
constitucional no âmbito dos três poderes, na aposentadoria dos militares e em
subsídios, desonerações e benefícios fiscais. O Bolsa Família terá redução de
aporte resultante de filtros de normas de controle que poderão dificultar ou
restringir o acesso dos beneficiários, embora o governo assegure que não serão
prejudicados aqueles que preencherem os critérios dos benefícios.
O mercado
financeiro vocifera, entretanto, que o montante dos cortes é insuficiente.
Querem sangue. Ambicionam congelar o salário-mínimo, quebrar as dotações
obrigatórias à Saúde e à Educação, subtrair os financiamentos à ciência e
tecnologia e desvincular o salário-mínimo das aposentadorias, pensões e
benefícios.
Ao mesmo
tempo, abriram guerra contra duas medidas altamente positivas em relação ao
Imposto de Renda. Se movimentam para inviabilizar a proposta de isenção para
quem ganha até R$ 5 mil, que poderá proporcionar um benefício significativo a
trinta e seis milhões de trabalhadores/as. E refutam também a inédita e correta
proposta de instituição de imposto mínimo de 10% para quem ganha acima de R$ 50
mil mensais.
O governo
pagou R$ 869 bilhões de juros nos últimos 12 meses encerrados em setembro. Para
se ter uma ideia, uma redução de dois pontos percentuais na taxa de juros
economizaria mais de R$ 80 bilhões das despesas financeiras. Por outro lado, o
montante da despesa tributária anual soma R$ 546 bilhões. Uma redução de 10%
desse total proporcionaria economia de R$ 54,6 bilhões.
O PCdoB
rechaça as pressões dos banqueiros e de fundos de investimento, as maquinações que
sabotam o país, elevando a cotação do dólar e desvalorizando o Real, e a
chantagem por juros altos. Essas ações visam, além de extraordinários ganhos
financeiros, obstruir o crescimento do país e conflitar o governo com sua base
social, na tentativa de abrir espaço para a vitória da direita ultra neoliberal
em 2026.
Os
comunistas se posicionam em defesa do desenvolvimento nacional e dos direitos
do povo, em especial pela manutenção da regra atual de aumento real do
salário-mínimo, pela conquista da isenção do Imposto de Renda para quem ganha
até R$ 5 mil e pela taxação dos super ricos.
Avançar
na unidade dos movimentos e na mobilização do povo
A unidade
dos movimentos sociais e a mobilização do povo para a luta política e
ideológica em torno de uma agenda em defesa da democracia, do desenvolvimento
soberano e do progresso social, são variáveis estratégicas na atualidade e
âncora essencial para impulsionar o programa de reconstrução nacional para
derrotar tanto o neoliberalismo quanto a extrema-direita.
Na atual
conjuntura, de um lado o governo enfrenta dificuldades para construir uma base
política estável no Congresso Nacional, e, de outro, a mobilização de massas,
politizada e independente, passa por um período de refluxo.
Permanece,
portanto, o desafio, para as diferentes frentes de massa, de construção de uma
pauta ampla e unificada, capaz de, ao mesmo tempo, ganhar corações e mentes e
recuperar a capacidade de mobilização. A proposta de um plebiscito popular que
defenda a taxação dos mais ricos e o fim da escala 6X1 pode ser um caminho
importante.
Na
atualidade, é premente colocar no topo da agenda o combate às práticas
golpistas que atentam contra o Estado de Direito Democrático, exigindo a sua
punição, e a chantagem de grupos financeiros que buscam perpetuar a sangria do
Orçamento com juros exorbitantes e corte de investimentos nas áreas
sociais.
A
dimensão tático-estratégica de 2026
A questão
central do próximo biênio, que pulsa forte desde já, é o grande e decisivo
confronto de 2026 que, para além de mais uma sucessão presidencial do
calendário constitucional do país trata-se de uma batalha de dimensão
tático-estratégica, posto que decidirá se o país avançará na direção de seu
desenvolvimento soberano, alicerçado na democracia, ou se sofrerá a recidiva do
poder destrutivo e regressivo da extrema-direita e da direita, com ameaça
ditatorial, traição nacional e imposição de penúria aos trabalhadores.
Portanto, uma nova vitória da frente ampla liderada pelo presidente Lula se
constitui no objetivo fundamental do próximo período.
O governo
Lula chega à metade de seu mandato com a realização de grandes esforços que
resultaram em êxitos na missão de reconstruir o país, considerando as
adversidades da correlação de forças e a destruição deixada pelo governo da
extrema-direita. Mesmo acossado o tempo todo, desde a tentativa de golpe logo
após a posse até a ameaça de assassinato do presidente e do vice ainda no
período de transição, além de incisiva atuação da oligarquia financeira para
impor sua nefasta agenda, o governo realizou intenso trabalho pela reconstrução
do Estado nacional e entregou importantes conquistas econômicas e sociais. O
Brasil voltou ao mundo, como pode ser visto na realização da exitosa cúpula do
G20 e na agenda avançada que planeja empreender à frente da presidência dos
Brics e da COP 30. E, com destaque, pela parceria estratégica selada entre
Brasil e China, elevando as relações bilaterais ao patamar de Comunidade de
Futuro Compartilhado.
Mais
frente ampla, mais luta ideológica, mais realizações
Adentra-se,
agora, aos dois e decisivos anos finais com o desafio de superar
insuficiências, romper amarras que persistem, e, com base no alicerce erguido,
acelerar o crescimento econômico, com mais produção, mais postos de trabalho,
melhores salários e mais direitos. Incrementar projetos estratégicos, como a
Nova Indústria Brasil, acelerando a reindustrialização do país em novas base
tecnológicas.
Reconstruídas
importantes políticas sociais e econômicas do governo, é preciso dar passos
adiante. Melhorar a vida das pessoas. Constituir e implementar uma nova geração
de políticas públicas que respondam a anseios emergentes de uma sociedade que
passa por mudanças.
O governo
Lula e as forças progressistas precisam avançar, em nível superior, no front da comunicação
digital e atuar com determinação na luta de ideias, posto que a extrema-direita
segue hegemônica nas redes sociais. É imperativo disseminar, com uma nova
qualidade, as realizações do governo, ideias e valores democráticos e progressistas,
que contribuirão para alargar a base social da frente ampla, inclusive
neutralizando e atraindo contingentes até aqui sob o domínio do bolsonarismo. O
futuro governo de Donald Trump, integrado por Elon Musk, reforçará o papel dos
monopólios da comunicação digital, a serviço da extrema-direita mundial,
especialmente a plataforma X, o que reforça ainda mais a urgente necessidade de
regulamentação das big
tech.
Do balanço
do governo, do resultado das eleições municipais e da acirrada luta de classes,
pode-se apontar como síntese das tarefas políticas: mais frente ampla. Atrair e
firmar vínculos com a centro-direita. E que a esquerda, o setor progressista,
uma vez unificado, tenha protagonismo e atue para que a frente ampla tenha uma
condução política consequente, com apoio e mobilização do povo. Em outro plano,
prosseguir com a diretriz de isolar e derrotar a extrema-direita e outros
setores reacionários a ela associados, objetivo possível pelas condições
favoráveis que emergiram. Impõe-se ainda constituir um núcleo
político-estratégico para que o governo tenha mais nitidez programática e a
frente ampla ganhe mais consistência e eficácia nos enfrentamentos com a
oposição.
Rumo
ao 16º Congresso do PCdoB
Nessas
circunstâncias, o PCdoB anuncia a realização de 16º Congresso, de 16 a 19 de
outubro de 2025, em Brasília. Momento maior de sua democracia interna, seu
coletivo militante, em diálogo com os aliados, com círculos que apoiam os
comunistas, debaterá, elaborará e disseminará ideias acerca das grandes
questões da realidade brasileira, sob o prisma da síntese de seu Programa: fortalecer o Brasil e lutar
pelo socialismo. Questões que se concentram na construção de uma
nova vitória da frente ampla democrática liderada pelo presidente Lula em 2026.
O 16º
Congresso será uma nova etapa do movimento já em curso para revigorar a legenda
comunista em suas múltiplas dimensões, a fim de intervir com mais influência no
curso das lutas do país. A partir de fevereiro próximo, serão realizados
encontros regionais de preparação e mobilização do Congresso.
Tarefas
para próximo período
1-Lutar
pela paz, combater o imperialismo estadunidense, denunciar as guerras por ele
maquinadas, empreender jornadas de solidariedade aos povos alvos de suas
agressões e violências, em especial o povo palestino, vítima de genocídio em
Gaza, e fortalecer o multilateralismo.
2-Fortalecer
a frente ampla, estreitar vínculos com a centro-direita, avançar na unidade da
esquerda e do conjunto das forças progressistas. Suprir a ausência de um núcleo
que se configure num espaço político de consulta, de interação do governo com a
frente ampla. Atuar para que o governo, no próximo biênio, venha proporcionar
conquistas ainda maiores ao povo e ao país.
3-Manter,
fortalecer e buscar ampliar a Federação Brasil da Esperança. E começar
preparar, desde já, o projeto eleitoral do PCdoB para 2026.
4-Sem
anistia. Punição exemplar a Bolsonaro e demais golpistas. Empreender
articulações e ações amplas em defesa da democracia para respaldar o trâmite do
processo na Procuradoria Geral da República e o julgamento que deverá acontecer
no Supremo Tribunal Federal (STF), sem pressões e intimidações. Reforçar o
chamado das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo para a grande mobilização
nacional, no próximo dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos
Humanos, pela punição dos golpistas e em defesa da democracia.
5-Defender
os direitos do povo e dos trabalhadores e rechaçar a pressão da oligarquia
financeira. Em relação ao pacote de corte de gastos, atuar em conjunto com
outras forças progressistas e democráticas pela construção de mediações que
assegurem direitos e conquistas, imponha freios e revezes à oligarquia
financeira e para que o governo não sofra as derrotas que a extrema-direita e a
direita, juntamente com o mercado financeiro, tramam para lhe impor.
6-Regulamentar
as chamadas big tech e
intensificar a luta ideológica, o que exige elaboração de ideias sobre os elos
chaves da luta política em curso à luz do Programa Socialista. Nesse sentido, valorizar
e fortalecer o programa de trabalho da Fundação Maurício Grabois. Se empenhar
por centros de criação de conteúdos e produtos que em tempo real respondam a
demandas da “guerra digital”. Buscar articulações e ações unitárias do campo
progressista na esfera da luta ideológica, notadamente nas redes, bem como
prospectar a criação de uma plataforma digital que unifique e potencialize as
forças democráticas e progressistas para enfrentar a guerra cultural da extrema-direita.
7-Na linha
de enfrentamento à extrema-direita, destaca-se desnudar seu vínculo com a
oligarquia financeira e seu programa neoliberal de ataque aos direitos do povo
e à soberania do país. Também desmascarar a pregação que empreende contra o
“sistema”, vez que faz parte dele, e a falácia da defesa da liberdade, posto
que pretende implantar regimes autoritários ou ditatoriais. E que também são
“patriotas”, quando, na verdade, são entreguistas e serviçais do imperialismo.
8-Elevar a
mobilização do povo e dos trabalhadores, avançar na unidade dos movimentos em
torno da defesa da democracia e punição aos golpistas. Jornadas pela manutenção
da regra atual de aumento real do salário-mínimo. Lutar pela redução da jornada
de trabalho, pelo fim da escala 6×1, pela aprovação da isenção do Imposto de
Renda para quem ganha até R$ 5 mil e pela taxação dos super ricos, por mais e
melhores empregos, mais recursos à saúde, educação, moradia, transporte
público. Combate ao crime, luta pela paz e segurança ao povo. Defesa dos
direitos das mulheres. Fortalecer políticas de igualdade de gênero,
antirracistas e contra a LGBTfobia e a “PEC do Estupro”. Reforçar os
movimentos, o vínculo com os trabalhadores, criando bases sólidas, com
atenç&atild e;o especial aos territórios e às periferias. Atuar pelo êxito
dos congressos da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da Central dos
Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Incentivar e fortalecer a
participação dos movimentos da COP30.
9-Realizar
com êxito a etapa de preparação e mobilização do 16º Congresso do PCdoB, que
começa em fevereiro com os encontros regionais e se desdobra nas comemorações
dos 103 anos de fundação do Partido, em março, mês no qual se realizará mais
uma edição da campanha de filiação ao Partido, em especial de jovens. Empenho
para garantir a participação de quadros e lideranças no curso do nível III da
Escola Nacional de Formação de João Amazonas que se realizará de 21 a 25 de
janeiro.
Comitê
Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Brasília,
8 de dezembro de 2024
Leia:
O mundo cabe numa organização de base https://lucianosiqueira.blogspot.com/2023/05/minha-opiniao_18.html
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