Na cadeia

General Braga Netto é preso pela PF por tentativa de golpe de Estado
Operação cumpre mandados por obstrução à Justiça; ex-ministro de Bolsonaro é apontado como arquiteto da trama golpista para impedir a posse de Lula em 2022
Barbara Luz/Vermelho  

A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã deste sábado (14) o general da reserva Walter Souza Braga Netto, acusado de envolvimento na tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. Braga Netto foi detido em sua casa, em Copacabana, no Rio de Janeiro, e será entregue ao Comando Militar do Leste, ficando sob custódia do Exército.

Braga Netto, que foi ministro da Casa Civil e da Defesa durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e candidato a vice-presidente na chapa derrotada em 2022, é apontado como peça central na trama golpista. De acordo com as investigações, ele financiou diretamente as ações ilícitas, chegando a entregar dinheiro em uma sacola de vinho para os organizadores do golpe.

As investigações revelaram que Braga Netto não apenas deu respaldo logístico e credibilidade ao plano do golpe, como também atuou como mentor da operação, sob comando direto de Bolsonaro. Relatórios da PF destacam que ele coordenou reuniões estratégicas para planejar ações clandestinas e mobilizar militares de elite com o objetivo de manter Bolsonaro no poder. 

Delação e gabinete golpista

As informações coletadas pela Polícia Federal incluem depoimentos de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que revelaram detalhes da operação. Segundo a PF, havia um “gabinete de crise” coordenado por Braga Netto e Augusto Heleno, preparado para agir em caso de sucesso do golpe.

Além de Braga Netto, Jair Bolsonaro e Mauro Cid também foram indiciados, em novembro, pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Ao todo, 37 pessoas, entre ex-ministros, militares da ativa e da reserva, foram indiciadas no inquérito.

A operação deste sábado incluiu mandados de prisão preventiva, busca e apreensão e medidas cautelares expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo é evitar que os acusados continuem interferindo na produção de provas durante o processo penal.

A prisão de Braga Netto representa um marco nas investigações, reforçando o papel central que ele desempenhou na tentativa de ruptura democrática.

Leia: perdoar crime continuado também é crime https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/12/enio-lins-opina.html