10 janeiro 2025

Comércio Brasil + China

O efeito China no aumento das importações brasileiras
China sozinha foi responsável por 42% do aumento do coeficiente de penetração de importações de bens da indústria de transformação no Brasil entre 2010 e 2023
AEPET  

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial - IEDI vem analisando as relações comerciais entre o Brasil e a China dos últimos anos e seus efeitos para a nossa indústria. Duas Cartas IEDI já foram divulgadas sobre este tema, com foco na complexidade de nossa estrutura econômica e de nossas exportações: Carta n. 1292 “O comércio Brasil-China e nossa perda de complexidade econômica” e Carta n. 1294 “A complexidade das exportações brasileiras e a concorrência da China”.

Adicionalmente, também abordamos os efeitos dos subsídios chineses sobre os fluxos internacionais de comércio no período entre 2009 e 2022, a partir da análise feita por pesquisadores do FMI no estudo “Trade Implications of China’s Subsidies”, de autoria de Lorenzo Rotunno e Michele Ruta, na Carta IEDI n. 1295 “O comércio mundial e os subsídios chineses”.

Na presente edição, damos ênfase ao aumento da penetração de importações no mercado brasileiro de produtos industriais, destacando a contribuição da China. Além disso, também retomamos a discussão sobre os padrões de comércio entre Brasil e China, mas agora sob a perspectiva da intensidade tecnológica dos setores industriais, complementando a análise da Carta n. 1292.

Em síntese, o comércio internacional do Brasil com a China segue um padrão “centro-periferia”, onde o Brasil exporta predominantemente produtos básicos com baixo grau de processamento industrial e importa produtos manufaturados de maior intensidade tecnológica, exacerbando a trajetória de retrocesso industrial do país.

Ou seja, a China aprofunda nossa dependência das exportações de commodities. Vale lembrar o estudo da UNCTAD, discutido na Carta IEDI n. 1101, que argumenta que a experiência internacional indica que os países em desenvolvimento dependentes de commodities permanecem presos por longos períodos em uma situação de baixo crescimento do PIB e fraco desenvolvimento socioeconômico, instabilidade macroeconômica, alta exposição a choques e à volatilidade dos preços internacionais das commodities, entre outros problemas.

Nas últimas décadas, a China vem ganhando market share na pauta de importações do Brasil em ritmo acelerado. Entre 2000 e 2023, a participação da China nas importações brasileiras de bens da indústria de transformação aumentou dez vezes, de 2,5% para 25%. O crescimento foi ainda mais expressivo em alguns setores mais tecnológicos, como equipamentos de informática, produtos eletrônicos e material elétrico, bem como em setores de baixa tecnologia, como têxteis, vestuário e confecções.

Leia também: Novas parcerias dos BRICS impulsionam multilateralismo https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/01/brics-ampliado.html

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