dies irae
Márcia Maia
no cortejo os mortos são a maioria
se não riem é que já não lhes é dado
mas ririam como riem pelas ruas
entre fotos e bandeiras desfraldadas
os que antes como eles se escondiam
dentre os muros em janelas bem fechadas
e que por acaso ou sorte ainda vivem
sem que tenham nem por isso os esquecido
junto a esses há também os que nasceram
no período em que o horror agonizava
e a justiça se quedava adormecida
mas de um dia atrás do outro faz-se a vida
e ao algoz colheu a morte — inda que tarde
: que se cante em cada rua a liberdade
[Ilustração: John William Waterhouse]
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Leia: Nada é necessariamente definitivo https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/03/minha-opiniao.html
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