“A Era da Indisciplina”
Luciano Siqueira
instagram.com/lucianosiqueira65
No transcurso do século XX, alguns autores pretenderam analisar a
peculiaridade dos últimos 100 anos e cunharam “A era das revoluções” (Eric
Hobsbawm), “A era da incerteza” (John Kenneth Galbraith) e que tais.
Pois eu me antecipo e batizo este atribulado século XXI como “A
era da indisciplina”.
Indisciplina nos grupos do WhatsApp, esclareço.
Quando surgiu esse aplicativo, cá nas rodas da militância política
fomos tomados de uma certa euforia: manteríamos nossos contatos ativos, em
reunião inclusive, tão somente teclando no smartphone. À distância.
Um dirigente do PCdoB chegou a dizer que se Lênin tivesse
conhecido o WhatsApp teria feito muito mais do que fez. Inclusive inspirando o
bom funcionamento de organizações de base aos milhares.
Ledo engano.
Nos muitos grupos de WhatsApp dos quais sou instado a participar,
alguns de modo irrecusável, não conheço um sequer em que role uma conversa
minimamente disciplinada.
Se começa uma discussão preparatória de uma reunião e se faz um
apelo atencioso para que, pelo menos momentaneamente, as postagens se limitem
ao tema em debate, acontece o contrário.
Vira uma espécie de quadro de avisos virtual, em que cada um fixa
o que bem entende.
Não há gênio que consiga se concentrar no tema supostamente em
discussão.
Já me disseram que em grandes empresas grupos de WhatsApp são
constituídos sob regras rígidas. Se alguém posta algo que não está em pauta
corre o risco de perder o emprego.
Acredito, pois a ânsia do lucro máximo confere um valor superior
ao tempo de trabalho e à energia de cada um.
Mas diante da indisciplina política generalizada, abro mão da
persistência que me anima há mais de sete décadas.
Nesse caso, desisto.
Opto pela lista de transmissão, pois aqui a conversa, se fluir, é
cara a cara; sem o risco de misturar caldo de feijão com doce de goiaba.
É o modo de sobreviver nessa lamentável Era da indisciplina... no
WhatsApp.
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