31 outubro 2013

A complexidade das alianças

Pleito nacional, palanques estaduais
Luciano Siqueira

Publicado no portal Vermelho www.vermelho.org.br


Em recente entrevista, o presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão, admitiu que a presidenta Dilma, se candidata à reeleição, poderá frequentar quatro palanques distintos no Rio de Janeiro, liderados por postulantes ao governo do estado filiados a partidos que integram a coalizão nacional governista.

À primeira vista, a hipótese pode parecer estranha. Mas não é. Não na realidade de um país como o nosso, imenso, marcado por múltiplas diversidades regionais e operante de um sistema eleitoral e partidário que comporta assimetrias entre alianças nacionais e locais. Os mais de trinta partidos legalmente estabelecidos, em sua quase totalidade, refletem a miríade econômica, social, cultural e política que formam o somatório de regiões e localidades, sendo eles próprios uma espécie de mosaicos de interesses e projetos políticos locais.

Além disso, a legislação eleitoral não impõe a verticalização das alianças. Partidos que se coligam em torno de uma candidatura presidencial podem perfeitamente marchar separados e em coligações locais opostas, em função de candidaturas a governador.

Essa feição furta-cor da política brasileira reforça a assertiva de que “o Brasil não é para principiantes”. A política, muito menos. E reclama uma leitura a um só tempo acurada e flexível de cada situação concreta.

Inclusive e principalmente a um partido como PCdoB, que tem rumo e lado, move-se inspirado numa linha estratégica e tática definida e mira a transformação social para além do horizonte eleitoral imediato.

O caso do Rio de Janeiro certamente não será único. Em vários estados, candidatos a presidente poderão subir em mais de um palanque, sem que isso lhe afete a coerência ou nitidez programática.

De outra parte, arranjos locais diversos poderão ser celebrados em decorrência de apoios múltiplos à candidatura a governador.

Nesse emaranhado, perde-se que se deixa abater pelo esquematismo conflitante com a realidade concreta – sob risco de isolamento ou em prejuízo dos seus interesses próprios.  A eleição de bancadas de deputados federais, por exemplo, emerge como objetivo destacado de cada agremiação partidária, tendo em vista a possibilidade de influenciar o curso dos acontecimentos no Congresso Nacional e – importa sublinhar – a contagem do tempo de TV e rádio nos embates futuros, a partir mesmo da disputa de prefeituras em 2016.

O PCdoB se situa nesse cenário com a segurança que lhe conferem a fidelidade à sua  linha política geral e a infinita capacidade de abordar habilmente os problemas táticos que o pleito coloque em cada estado. Sem prejuízo da luta central em favor da continuidade do ciclo de transformações ora em curso no País, do qual os comunistas são partícipes ativos e influentes há mais de uma década.

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