Por Luciano Siqueira -Vice-prefeito do Recife
A análise não deve ser tomada necessariamente como uma crítica, pois parte de uma constatação praticamente unânime – que o autor dessas linhas não pode fugir de comentar, em respeito ao compromisso assumido perante os leitores desde que aceitou opinar neste espaço, semanalmente.
O primeiro escalão do futuro governo Eduardo Campos é evidentemente ocupado, em tudo o que há de essencial, por integrantes do PSB, o partido do governador, e por quadros a ele diretamente ligados. A nova secretaria das Cidades, a ser conduzida pelo ex-ministro Humberto Costa, do PT, não chega a ser considerada parte da espinha dorsal do governo, ainda que tenha certa importância. O mesmo deve ser dito dos demais cargos para os quais foram escolhidos quadros de outros partidos.
Certo ou errado? Depende. Nenhum governante é obrigado a compartilhar de maneira mais ou menos equânime as responsabilidades que o povo lhe conferiu através do voto com as forças que participaram da campanha. Importa, sim, em última instância, que os compromissos assumidos perante a população sejam satisfatoriamente cumpridos, que a administração produza resultados consistentes.
O primeiro governo Lula, que agora finda, por exemplo, quase monoliticamente petista, alcançou êxito no aspecto administrativo.
Nesse sentido, o secretariado anunciado por Eduardo exibe qualidades técnicas e experiência acumulada que, aliadas à inegável capacidade realizadora do governador, estimulam expectativas positivas.
O outro ponto de vista é o da política propriamente dita. Todos os partidos que marcharam juntos no primeiro e no segundo turno do último pleito - do PTB ao PCdoB, passando pelo PR e pelo PT, entre outros -, apóiam o governo independentemente do tamanho da participação de cada um no primeiro escalão. Entretanto, quando demandas complexas e contraditórias, inerentes à administração ou oriundas da sociedade, interferirem de maneira crítica no curso dos acontecimentos, dando margem a estocadas da oposição, essas forças serão chamadas a se apresentarem unidas e coesas. Unidade e coesão, nesses casos, costumam refletir amplitude e pluralidade; e escasseiam quando os governos têm composição estreita. Vide, novamente, o exemplo do primeiro mandato de Lula.
Isto posto, a opção feita por Eduardo Campos, concentrando excessivamente os postos de mando nas mãos de uma única corrente partidária, pode não vir a comprometer o desempenho administrativo do governo, porém politicamente se constituirá num fator de risco em momentos difíceis.
Luciano Siqueira,
ResponderExcluirA SÍNTESE: "Isto posto, a opção feita por Eduardo Campos, concentrando excessivamente os postos de mando nas mãos de uma única corrente partidária, pode não vir a comprometer o desempenho administrativo do governo, porém politicamente se constituirá num fator de risco em momentos difíceis."
Quintessência da sua parcimônia e capacidade política de análise, este post.
Sem as suas avaliações, fico eu quebrando cabeça para comprerender um secretariado quase inteiramente vinculado a "figura do governador", eleito no entanto com o apoio, quero dizer votos de outras forças políticas importantíssimas. Nosotros.
Vamos ter paciência e não considerar a composição feita, enquanto fator personalista. O risco político é grande, posto que momentos difíceis virão. As forças políticas tradicionais do estado de Pernambuco estão vivas.
Um grande abraço para vc, Lucy, todos.
Selenia Granja
Lula Arraes:concordo em parte com você e ao mesmo tempo entendo as dificuldades do governador eleito.No entanto,gostaria que você prestasse atenção ao próprio secretariado da Prefeitura do Recife-você é o vice-prefeito-onde as forças que apoiaram João Paulo estão ausentes,inclusive grande parte de outras correntes do PT.O secretariado é práticamente desconhecido e me parece,posso estar cometendo uma injustiça,composto de pessoas próximas ao prefeito;escolha e confiança pessoal dele.
ResponderExcluirUm abraço
Lula