12 dezembro 2007

Bom dia, Guilherme de Almeida


Nós

Fico – deixas-me velho. Moça e bela
partes. Estes gerânios encarnados
que na janela vivem debruçados
vão morrer debruçados na janela.

E o piano, o teu cenário tagarela
a lâmpada, o divã, os cortinados:
- “Que é feito dela?” – indagarão – coitados!
E os amigos dirão: “Que é feito dela?”

Parte! E, se olhando atrás, da extrema curva
da estrada, vires, esbatida e turva
tremer a alvura dos cabelos meus

irás pensando, pelo teu caminho,
que essa pobre cabeça de velhinho
é um lenço branco que te diz adeus!

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