Um eleitorado à prova de denúncias e manchetes barulhentas
Sérgio Augusto Silveira*
sergioaugusto_s@yahoo.com.br
Para os mais experientes na avaliação do quadro político-eleitoral, antes das urnas, está acontecendo um fato inédito no atual processo no Recife. E qual é esse fato inédito?
É o de que as acusações com base em fontes oficiais contra um candidato não têm o poder de modificar, diante da opinião pública, a preferência do eleitorado. Aquela carga acusatória usada pelos adversários ideológicos do candidato da Frente do Recife, João da Costa, teve resultado pífio até agora.
Vejam os percentuais de preferências mostradoS pela pesquisa mais recente do Instituto Método, realizada logo após a publicação das denúncias de uso da máquina, denúncias feitas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. O candidato petista – alvo das denúncias e seguidos ataques dos adversários históricos e de um candidato que se diz de esquerda – manteve-se à frente nas preferências do eleitorado, reafirmando pelo menos seis pontos percentuais à frente de todos os outros, somados.
Leve-se em conta, também, o descaso do eleitorado recifense – notadamente das camadas mais pobres e periféricas – diante das espetaculosas manchetes de jornais, como se fossem prévias sentenças de condenação. Tudo isso acompanhado de uma bateria de contra-propaganda no rádio, televisão e através de impressos apócrifos.
Até agora, faltando cinco dias para as eleições, o que nos primeiros momentos perturbou a campanha do acusado rapidamente foi superado pela estratégia mais indicada nestas situações: a intensificação das palavras de ordem e da mobilização da campanha nas ruas. A enorme concentração e comício no Pátio do Carmo – centro do Recife – no final da semana passada foi uma fortíssima resposta do candidato acusado.
Não vejam estas palavras como elogio ao acusado, ao seu padrinho político, sua ideologia ou à sua militância. Trata-se de reconhecer fatos que estão aí na nossa frente. A batalha do Recife está sendo ganha pelas esquerdas. Daqui até o domingo das eleições, dia cinco de outubro, as coisas continuarão nesse rumo? Os adversários e seus aliados no poder ainda terão fôlego para impedir a vitória de João da Costa já no primeiro turno? Estamos atravessando a semana mais longa do ano eleitoral de 2008.
* Jornalista
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