Carta da Quarta-feira de cinzas
Virgínia Barros, em seu blog Entre loucos e livres
Declaro solenemente que a partir deste momento me julgo suspeita e impedida de sentenciar sobre assuntos diversos. Não falarei mais sobre o Rio Capibaribe visto da Ponte Maurício de Nassau, pois não sou mais imparcial diante do melhor lugar da cidade para admirar e conversar sobre aquelas águas. Não cantarei mais Alceu Valença sem que minha memória me remeta a lembranças tão cheias de segredos e entregas. Não visitarei o Alto da Sé e olharei a paisagem da cidade sem um ar qualquer de despedida.
Faço saber que o Rio Capibaribe, as canções de Alceu Valença e o Alto da Sé não têm o mesmo sentido depois da ingrata Quarta-feira de cinzas deste ano de dois mil e onze, que me tomou de assalto mais do que as cores vibrantes do Carnaval. Me exponho, então, neste instante, como a moça que passa a conhecer todas as coisas do mundo novamente. Não sei nem falar mais sobre mim - descalça, tento medir meus limites, mas já não consigo definir as fronteiras.
“Ah, tudo invades tu, ah tudo invades.”
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