10 abril 2012

Rosas vermelhas para os motoristas de ambulância
Jussara Leite

Depois de uma noite mal dormida, hoje amanheci triste, com medo e ansiedade, meus companheiros dos últimos dias.  Não aceitei a visita da tristeza.  Chorei. Reclamei do choro.  Chorei de novo.  E logo estava nos braços da serenidade.  Na solidão de quatro paredes, tomei um banho de cabeça e lavei a alma. Lembrei dos ensinamentos e respirei.  Vesti azul pra sair.   Fui ao encontro de um pedaço de mim, num lugar de onde vou sentir saudade e de onde saio inteira, depois de um lindo capítulo da minha história.  Bonito isso, um dos pequenos mistérios da vida.  A gente aprende tanta coisa, comprova diferentes modos e formas pra fazer e acontecer, experimenta diversas realidades, ama e desama (até entender sobre o amor), prova do bem e do mal, convive com diferenças, descobre coisas e apegos descartáveis, mas ainda sofre.  Hoje foi mais um desses dias pra aceitar a minha fragilidade, entrando em contato com ela e, depois de muita conversa, deixando-a partir.  Já é quase um novo dia – que não foi tão difícil comparando com a vulnerabilidade dos motoristas de ambulância no trânsito caótico das cidades.  Para eles, rosas vermelhas e o meu respeito.  Para os que sofrem por não serem capazes de amar, rosas brancas.  Para mim, há pouco chegaram flores do campo, multicoloridas, anunciando e me lembrando sobre as muitas possibilidades para amanhã.  Ainda não sei quem é o remetente, o cartão dizia apenas: assim como elas, você também é bela, e o céu é o seu limite!

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