Rosas vermelhas para os motoristas de ambulância
Jussara LeiteDepois de uma noite mal dormida, hoje amanheci triste, com medo e ansiedade, meus companheiros dos últimos dias. Não aceitei a visita da tristeza. Chorei. Reclamei do choro. Chorei de novo. E logo estava nos braços da serenidade. Na solidão de quatro paredes, tomei um banho de cabeça e lavei a alma. Lembrei dos ensinamentos e respirei. Vesti azul pra sair. Fui ao encontro de um pedaço de mim, num lugar de onde vou sentir saudade e de onde saio inteira, depois de um lindo capítulo da minha história. Bonito isso, um dos pequenos mistérios da vida. A gente aprende tanta coisa, comprova diferentes modos e formas pra fazer e acontecer, experimenta diversas realidades, ama e desama (até entender sobre o amor), prova do bem e do mal, convive com diferenças, descobre coisas e apegos descartáveis, mas ainda sofre. Hoje foi mais um desses dias pra aceitar a minha fragilidade, entrando em contato com ela e, depois de muita conversa, deixando-a partir. Já é quase um novo dia – que não foi tão difícil comparando com a vulnerabilidade dos motoristas de ambulância no trânsito caótico das cidades. Para eles, rosas vermelhas e o meu respeito. Para os que sofrem por não serem capazes de amar, rosas brancas. Para mim, há pouco chegaram flores do campo, multicoloridas, anunciando e me lembrando sobre as muitas possibilidades para amanhã. Ainda não sei quem é o remetente, o cartão dizia apenas: assim como elas, você também é bela, e o céu é o seu limite!
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