20 maio 2013

Ciência brasileira

Pesquisa com endereço certo
Luciano Siqueira

Publicado no Blog da revista Algomais e no Jornal da Besta Fubana

A ciência brasileira à procura de solução para nossos problemas cotidianos. Exemplo emblemático: pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz desenvolvem um meio de inocularem o mosquito transmissor da dengue – o Aedes Aegypti – com a bactéria Wolbachia, que ao entrar no corpo do inseto bloqueia a reprodução do vírus da dengue. Semelhante experiência é feita por cientistas na Austrália, China, Indonésia e Vietnã.

Funciona assim: quando o mosquito inoculado suga o sangue de alguém com dengue, o vírus entra no corpo do inseto, mas não consegue se reproduzir e morre.

Qual o alcance disso em cidades como as nossas, que tiveram historicamente a ocupação do território feita de modo desordenado e em que a infraestrutura sempre esteve longe de responder às demandas decorrentes do rápido crescimento populacional? Ainda é cedo para se obter a resposta. A expectativa é de que a técnica comece a mostrar sua eficácia em localidades para que, posteriormente, se teste a sua eficácia em larga escala.

Tomara. Pois assim estaremos enfrentando com êxito um grave problema de saúde pública que afeta milhões de brasileiros.

Mais ainda, porque teremos a confirmação dos benefícios da pesquisa científica orientada para a solução dos nossos problemas. Isto vale para os desafios da área da saúde, vale também para as mais sofisticadas esferas da ciência e da tecnologia, como a tecnologia da informação, a química fina e nanotecnologia.

Certa vez, em visita ao Centro de Ciências Exatas e da Natureza da Universidade federal de Pernambuco, ouvi o relato de cientistas pernambucanos que saíram frustrados de uma audiência com um então ministro da era FHC que, instado a alargar os programas de apoio à pesquisa em nossas Universidades, simplesmente recomendou que se fizesse um inventário dos pesquisadores brasileiros interessados que ele os enviaria a Harvard e outras Universidades estrangeiras. Para solucionar nossas necessidades, o governo compra os produtos da pesquisa realizada nos EUA e na Europa, afirmara o ministro.

Ainda bem hoje não há, no Brasil, ambiente para tamanho equívoco. Na busca de um caminho próprio para o desenvolvimento nacional, gradativamente o governo federal destina mais recursos à pesquisa científica, na compreensão correta de que este é um fator decisivo para a superação dos entraves ao desenvolvimento e para a afirmação de nossa soberania.

Por isso devemos saudar essa pesquisa desenvolvida no âmbito da Fiocruz como extremamente positiva, exemplar de uma linha de investigação consentânea com as demandas nacionais. Leia mais sobre ciência, arte, humor, política, economia  e cultura clicando aqui http://migre.me/dUHJr

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