Luciano Siqueira
Publicado no Blog da revista
Algomais e no Jornal da Besta Fubana
A ciência
brasileira à procura de solução para nossos problemas cotidianos. Exemplo
emblemático: pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz desenvolvem um meio de inocularem
o mosquito transmissor da dengue – o Aedes Aegypti – com a bactéria Wolbachia, que ao entrar no
corpo do inseto bloqueia a reprodução do vírus da dengue. Semelhante
experiência é feita por cientistas na Austrália, China, Indonésia e Vietnã.
Funciona assim: quando o
mosquito inoculado suga o sangue de alguém com dengue, o vírus entra no corpo
do inseto, mas não consegue se reproduzir e morre.
Qual o alcance disso em
cidades como as nossas, que tiveram historicamente a ocupação do território
feita de modo desordenado e em que a infraestrutura sempre esteve longe de
responder às demandas decorrentes do rápido crescimento populacional? Ainda é
cedo para se obter a resposta. A expectativa é de que a técnica comece a
mostrar sua eficácia em localidades para que, posteriormente, se teste a sua
eficácia em larga escala.
Tomara. Pois assim
estaremos enfrentando com êxito um grave problema de saúde pública que afeta
milhões de brasileiros.
Mais ainda, porque teremos
a confirmação dos benefícios da pesquisa científica orientada para a solução
dos nossos problemas. Isto vale para os desafios da área da saúde, vale também
para as mais sofisticadas esferas da ciência e da tecnologia, como a tecnologia
da informação, a química fina e nanotecnologia.
Certa vez, em visita ao Centro de Ciências Exatas e da
Natureza da Universidade federal de Pernambuco, ouvi o relato de cientistas
pernambucanos que saíram frustrados de uma audiência com um então ministro da
era FHC que, instado a alargar os programas de apoio à pesquisa em nossas
Universidades, simplesmente recomendou que se fizesse um inventário dos
pesquisadores brasileiros interessados que ele os enviaria a Harvard e outras
Universidades estrangeiras. Para solucionar nossas necessidades, o governo
compra os produtos da pesquisa realizada nos EUA e na Europa, afirmara o
ministro.
Ainda bem hoje não há, no Brasil, ambiente para tamanho
equívoco. Na busca de um caminho próprio para o desenvolvimento nacional,
gradativamente o governo federal destina mais recursos à pesquisa científica,
na compreensão correta de que este é um fator decisivo para a superação dos
entraves ao desenvolvimento e para a afirmação de nossa soberania.
Por isso devemos saudar essa pesquisa desenvolvida no âmbito
da Fiocruz como extremamente positiva, exemplar de uma linha de investigação
consentânea com as demandas nacionais. Leia mais sobre ciência,
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