03 maio 2013

Três aspectos do 1º. De Maio

Primeiro de Maio em tempo de conquistas
Luciano Siqueira

Publicado no Vermelho www.vermelho.org.br

Desde que a data tornou-se o Dia a Internacional do Trabalhador por proposição da Internacional Socialista, em 1889, o 1º. de Maio registra mundo afora um misto de protesto e celebração. Protesto contra a exploração capitalista em suas diversas dimensões, que aqui e ali se fazem mais agudas, ao sabor da correlação de forças entre os detentores do capital e os que possuem a força de trabalho; celebração pelas enormes conquistas alcançadas desde então.

O 1º. de Maio no Brasil de hoje é a tradução dessa longa e interminável trajetória de lutas, em três aspectos.

1) Desde que assumiu a presidência da República um operário oriundo do chão da fábrica e dos piquetes de greve, Luis Inácio Lula da Silva, e promoveu avanços reais, apesar das ambiguidades intrínsecas a um governo de coalizão e de disputa interna, o movimento sindical foi chamado a lutar em patamar superior, mais exigente. Se não caberia tratar o governante como inimigo de classe, como antes, também se impunha manter a autonomia e a independência do movimento em relação ao governo. A adesão pura e simples significaria arriar bandeiras inarredáveis. O combate frontal a qualquer custo resvalaria para o sectarismo estéril. Ponto para o sindicalismo classista – hoje concentrado principalmente na CTB (Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) – capaz de enxergar a nação e a classe, à margem do corporativismo e do pragmatismo imediatista.

2) As forças que perderam para Lula em 2002 e foram novamente derrotadas em 2006, e em 2010 por Dilma jamais aceitaram as conquistas históricas e recentes da classe trabalhadora. Em sua cantilena neoliberal, afirmavam peremptoriamente que a sobrevivência dos direitos consignados na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) incidia sobre os custo da produção de tal modo que impedia o crescimento econômico. Desde Lula se provou o contrário: em 2003, a taxa média de desemprego era de 12,3%; em 2012, despencou para 5,5%, cada ano revelando enorme ascensão de postos de trabalho ocupados com carteira assinada. Coincidentemente as centrais sindicais comemoram neste 1º. de Maio o 70º. aniversário da CLT, enquanto a grande mídia conservadora dedica grandes espaços a combatê-la.

3) As conquistas obtidas nos últimos dez anos no Brasil põem na ordem do dia a luta pelo desenvolvimento com distribuição de renda, sustentabilidade ambiental e valorização do trabalho em nível superior. Romper definitivamente com as amarras macroeconômicas remanescentes do neoliberalismo e destravar o progresso econômico e social requer a participação crescente dos trabalhadores na cena política. Para defender seus interesses específicos e imediatos e, sobretudo, para disputar a hegemonia na tessitura de um novo projeto nacional de desenvolvimento.

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