Luciano Siqueira
Publicado no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)
Eleições no Brasil, apesar de todas as conhecidas e
terríveis distorções da legislação e dos expedientes escusos que ela acoberta, torna-se
a cada episódio mais complexas e exigentes. Sobretudo porque o eleitorado evolui,
mostra-se mais criterioso. As pessoas se perguntam cada vez mais sobre as
razões para votar neste ou naquele candidato, especialmente os que disputam
postos no Executivo, e não apenas se movem por favores pessoais imediatos.
Assim, ainda que em patamar inferior a democracias mais
amadurecidas, em que os partidos ocupam o centro da cena, mais do que os
indivíduos, programas de governo ganham status. Para as forças que governam e
para as que se situam na oposição.
Não é sem razão que a recém-celebrada aliança PSB-Rede
Sustentabilidade se esforça por tornar a fusão momentânea, por razões
eminentemente pragmáticas, em acordo minimamente programático. Faz bem – e a
tarefa não é simples, pois há evidente discrepância entre o discurso e a
prática desenvolvimentista do PSB, que até recentemente compartilhava com o PT
e aliados o governo central, e ainda se coloca como parte da base governista; e
as posições nitidamente conservadoras de Marina Silva e seus seguidores. Questões
cruciais para o desenvolvimento do País inevitavelmente haverão de compor o programa
dessa aliança, relativas à política macroeconômica, à compatibilização da
preservação ambiental com o desenvolvimento das forças produtivas e que tais. O
produto ainda está por vir à tona.
Do mesmo modo estão enredados os tucanos, constrangidos a formular propostas que possam atrair apoios e simpatias ao seu aguado pré-candidato Aécio Neves, que oscila entre a defesa do legado neoliberal da era FHC e ideias que nada têm a ver com o ideário partidário, tipo reestatização da Petrobrás (sic). Além disso, abertamente contra os fundamentos do crescimento da economia com inclusão social, não arreda o pé do tripé monetário, cambial e fiscal regressivo.
Já as forças perfiladas em torno da presidenta Dilma, que comemoram
uma década de conquistas significativas na afirmação da soberania nacional, na
prática democrática e na inclusão de levas e levas de brasileiros ao mercado de
trabalho e ao consumo (40 milhões em dez anos!), têm também a tarefa de
atualizar seu programa. Aí, mais do que uma lista de intenções gerais, próprias
de quem está fora do poder, urge, por exemplo, urdir soluções técnica e
politicamente viáveis para assegurar as condições de elevação da relação dos
investimentos em infra-estrutura e na produção para a desejada meta de 25%, sem
a qual continuaremos marcando passo com taxas de crescimento aquém das
necessidades.
Vale dizer, numa abordagem otimista, que no embate de 2014
as principais forças litigantes terão que apresentar programas em torno dos
quais se constituam pactos políticos e sociais – progressistas ou conservadores
- para o próximo quadriênio e o futuro mediato. Obra de engenharia política que
implica convicção, discernimento, vontade política e muita habilidade. Além de
competência para sensibilizar os que decidem a parada – os eleitores.
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