30 outubro 2013

2014: Programas & pactos

2014, qual programa?
Luciano Siqueira

Publicado no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)
 
Eleições no Brasil, apesar de todas as conhecidas e terríveis distorções da legislação e dos expedientes escusos que ela acoberta, torna-se a cada episódio mais complexas e exigentes. Sobretudo porque o eleitorado evolui, mostra-se mais criterioso. As pessoas se perguntam cada vez mais sobre as razões para votar neste ou naquele candidato, especialmente os que disputam postos no Executivo, e não apenas se movem por favores pessoais imediatos.

Assim, ainda que em patamar inferior a democracias mais amadurecidas, em que os partidos ocupam o centro da cena, mais do que os indivíduos, programas de governo ganham status. Para as forças que governam e para as que se situam na oposição.

Não é sem razão que a recém-celebrada aliança PSB-Rede Sustentabilidade se esforça por tornar a fusão momentânea, por razões eminentemente pragmáticas, em acordo minimamente programático. Faz bem – e a tarefa não é simples, pois há evidente discrepância entre o discurso e a prática desenvolvimentista do PSB, que até recentemente compartilhava com o PT e aliados o governo central, e ainda se coloca como parte da base governista; e as posições nitidamente conservadoras de Marina Silva e seus seguidores. Questões cruciais para o desenvolvimento do País inevitavelmente haverão de compor o programa dessa aliança, relativas à política macroeconômica, à compatibilização da preservação ambiental com o desenvolvimento das forças produtivas e que tais. O produto ainda está por vir à tona.

Do mesmo modo estão enredados os tucanos, constrangidos a formular propostas que possam atrair apoios e simpatias ao seu aguado pré-candidato Aécio Neves, que oscila entre a defesa do legado neoliberal da era FHC e ideias que nada têm a ver com o ideário partidário, tipo reestatização da Petrobrás (sic). Além disso, abertamente contra os fundamentos do crescimento da economia com inclusão social, não arreda o pé do tripé monetário, cambial e fiscal regressivo.

Já as forças perfiladas em torno da presidenta Dilma, que comemoram uma década de conquistas significativas na afirmação da soberania nacional, na prática democrática e na inclusão de levas e levas de brasileiros ao mercado de trabalho e ao consumo (40 milhões em dez anos!), têm também a tarefa de atualizar seu programa. Aí, mais do que uma lista de intenções gerais, próprias de quem está fora do poder, urge, por exemplo, urdir soluções técnica e politicamente viáveis para assegurar as condições de elevação da relação dos investimentos em infra-estrutura e na produção para a desejada meta de 25%, sem a qual continuaremos marcando passo com taxas de crescimento aquém das necessidades.

Vale dizer, numa abordagem otimista, que no embate de 2014 as principais forças litigantes terão que apresentar programas em torno dos quais se constituam pactos políticos e sociais – progressistas ou conservadores - para o próximo quadriênio e o futuro mediato. Obra de engenharia política que implica convicção, discernimento, vontade política e muita habilidade. Além de competência para sensibilizar os que decidem a parada – os eleitores.

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