23 novembro 2013

Mundo em transição

Movimentos
Eduardo Bomfim, no Vermelho

 
O esfacelamento da antiga União Soviética criou as condições objetivas de nova expansão capitalista a nível mundial, que avançou sobre novos territórios, ao tempo em que os Estados Unidos consagravam-se como a grande potência imperial global incontestável, além da entronização do neoliberalismo como doutrina e dogma no centro das decisões econômicas internacionais.

E sob tal espectro dessa hegemonia financeira, militar, midiática instaurou-se formalmente tanto quanto institucionalmente a chamada Governança Mundial cujo motivo foi a caducidade do conceito até então prevalente da soberania nacional, a autodeterminação dos povos, produzindo uma nova era de intensos, variados conflitos regionais de alta, média intensidades, resultantes da ação imperial e as consequentes resistências dos povos.

Em função dessa monopolização financeira e dos interesses estadunidenses formatou-se uma agenda social global cuja pauta em sua gênese é auto justificável como aspiração básica das sociedades, dos indivíduos, mas que tem sido revertida ideologicamente ao utilitarismo, à padronização do Mercado, às estratégias da política externa dos Estados Unidos.

De tal forma que em nome dessa agenda, por exemplo, agridem-se os Direitos Humanos, destrói-se a democracia, apequena-se o exercício essencial da política, avilta-se a soberania das nações, mata-se, tortura-se barbaramente, violenta-se o meio ambiente, a identidade cultural dos Países, impõem-se a moda, os costumes globais, a fragmentação do sentimento em comum de nação, lucra-se com a fome endêmica que grassa em muitas regiões como em África, numa espécie de avesso da realidade tal como um jogo de espelhos distorcidos.

Mas a China, associada à ascensão dos Brics, que resistiu em 1989 à tentativa de destruição do que eles denominam “socialismo combinado com economia de mercado”, da sua soberania, alavancou paradoxalmente, via crescimento econômico contínuo por décadas com variações relativamente pequenas, o surgimento de uma nova era geopolítica multilateral, em um momento histórico pleno de embates contra a hegemonia imperial, a Nova Ordem mundial, na luta pela autodeterminação das nações.

Enfim nesses tempos de ocaso do neoliberalismo a História, assim como a Terra, também se move, E pur si muove, como disse Galileu Galilei.

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