Do portal www.pt.org
Presidente da UNE, no entanto, critica ideia de
economista tucano e defende fortalecimento da educação pública
Apesar dos esforços do governo federal em ampliar o
acesso à educação superior nos últimos 12 anos, um dos assessores econômicos do
candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, defende a
privatização das universidades públicas brasileiras.
Em artigo publicado no jornal “Folha de S. Paulo”
em junho deste ano, Samuel Pessôa alega que o ensino universitário é “um bem de
natureza privada”. A ideia vai de encontro às políticas econômicas mantidas
durante os governos do PSDB, tanto no governo federal, quanto nos estaduais.
Durante a gestão do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, por exemplo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) sugeriu o fim das
universidades públicas no Brasil. À época, o então ministro da Educação, Paulo
Renato de Souza, não descartou acatar a ideia da organização internacional.
Em 2009, em entrevista à revista Veja, o
ex-ministro voltou a defender a cobrança de mensalidade aos alunos de
universidades públicas e disse não ter dúvidas em relação ao assunto.
“Esse é um tabu antigo no país. Preservar a
universidade gratuita virou uma questão de honra nacional. Bobagem”, debochou
Paulo Renato, falecido em 2011.
Para a presidente da União Nacional dos Estudantes,
Virgínia Barros, a proposta de cobrar mensalidades em universidades públicas
abre caminho para a privatização e coloca em risco todas as conquistas da
população brasileira na educação.
Virgínia destaca a importância da lei que destina
75% dos royalties do petróleo para a educação, como o caminho para um
fortalecimento ainda maior da educação pública brasileira.
“A proposta é completamente anacrônica e vai na
contramão de todos os avanços conquistados nos últimos anos, como as cotas e a
interiorização da universidade pública brasileira”, explica a presidente da
UNE.
Privatização tucana – A hipótese de privatização da
Universidade de São Paulo (USP) ganhou destaque no noticiário nacional neste
ano. Administrada pelo governo de São Paulo, que tem como governador o tucano
Geraldo Alckmin, a instituição passa por grave crise financeira.
Para tentar solucionar os problemas, a cobrança de
mensalidade dos universitários voltou ao debate. Além disso, Alckmin sugeriu a
privatização do Hospital Universitário da USP como alternativa.
A reitora da Universidade Federal da Paraíba,
Margareth Diniz, também defende as instituições de ensino superior gratuitas e
de qualidade, mantidas com recursos dos governos federal, estadual e municipal.
“Com a universidade pública e de qualidade, não
quer dizer que não possamos fazer parcerias com instituições privadas. Eu acho
que é com a educação que o Brasil vai desenvolver”, explicou a reitora.
Ensino universal – De acordo com o Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no ano 2000 o
Brasil contava com 176 universidades públicas e cerca de 887 mil alunos
matriculados na educação superior.
Doze anos depois, em 2012, o número saltou para 304
universidades públicas e quase 1,9 milhões de alunos matriculados.
A ampliação do acesso ao ensino superior privado
também foi facilitada no Brasil desde o governo do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, do PT, com a criação do Programa Universidade para Todos
(Prouni). Segundo o governo federal, o programa é responsável pela graduação de
14 milhões de jovens no ensino superior privado, com bolsas parciais ou
integrais.
A formação no ensino técnico é outra vertente
impulsionada pelo governo da presidenta Dilma Rousseff. Até o final de 2014, o
Programa Nacional do Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) terá beneficiado 8
milhões de brasileiros no ensino profissional e técnico.
Além disso, Dilma criou o Ciência Sem Fronteiras,
em 2011, com a oferta de 101 mil bolsas até o final deste ano. Na segunda etapa
do programa, a partir de 2015, serão oferecidas mais 100 mil bolsas aos
estudantes.
Propostas – No site oficial de campanha, Aécio Neves
não cita a criação de mais vagas para o ensino superior gratuito, nem mesmo a
construção de novas universidades.
O ex-senador destaca, apenas, o aprimoramento de
ações criadas pelas gestões do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma como
Prouni e Pronatec
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