Riscos e oportunidades da agenda do Senado para Dilma
Luis Nassif, no GGN
O presidente do Senado Renan Calheiros apresentou a primeira agenda
clara de discussões. Fica claro que a trégua política oferecida pela mídia
estava amarrada à aceitação dessa agenda
Finalmente, tem-se um norte para começar a se discutir. Poderá ser a
saída ou o fim de Dilma Rousseff. Se ela decifrar o pacote, souber incorporar
as propostas de racionalização, mas preservar pontos centrais de cidadania,
vence. Caso contrário, poderá ser interpretado como adesão integral a uma
bandeira política e econômica que não é sua.
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A agenda de Renan tem três eixos centrais, a proteção social, o
equilíbrio fiscal e o ambiente de negócios.
No campo da Proteção Social, tem 4 propostas.
Duas delas entram no campo tabu do financiamento da saúde. Propõe uma
nova legislação, inclusive proibindo a concessão de medidas liminares para
tratamentos experimentais não homologados pelo SUS; e uma discussão para
avaliar a possibilidade de cobrança diferenciada de procedimentos do SUS por
faixa de renda, levando em conta o Imposto de Renda.
Seria profundamente desejável que, antes de qualquer gesto em direção a
essas medidas, Dilma ouvisse os soldados da saúde pública, José Gomes Temporão,
Alexandre Padilha e outros, para analisar os desdobramentos sobre um dos pontos
centrais da Constituição de 1988: a universalização da saúde.
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Há uma proposta genérica de melhoria dos marcos jurídicos da educação. E
uma outra - interessante - compatibilizando as renúncias fiscais, no orçamento
público, com critérios de redução de desigualdades regionais e geração de
emprego e renda.
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No tema "equilíbrio fiscal", são 13 medidas.
A primeira visa reformar a Lei de Licitações. Propõe também a
implantação da Autoridade Fiscal Independente, de uma Lei de Responsabilidade
das Estatais, visando maior transparência e profissionalização dos órgãos
públicos; e a regulamentação do Conselho de Gestão Fiscal, previsto na Lei de
Responsabilidade Fiscal.
Outra proposta é a de uma emenda constitucional impedindo o governo
federal de criar programas que gerem despesas a Estados, municípios e o
Distrito Federal, sem a indicação das respectivas fontes de financiamento.
Há propostas de reforma gradual do PIS/Cofins, reforma do ICMS, a proposta
de repatriação de recursos brasileiros no exterior não declarados ao Fiscos, e
aumento do imposto sobre heranças de 2% a 4% para 25%, média mundial.
Há outras propostas mais temerárias, como a maior desvinculação da
receita orçamentária, inclusive com um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta)
para zerar o jogo, e "permitir melhor a gestão fiscal futura".
Qualquer flexibilização tem que garantir recursos mínimos para as áreas
sociais. E preservar os Ministério sociais. Sua estrutura é pequena, similar a
de uma secretaria. Mas o status de Ministério é essencial para conferir
dimensão política na definição de políticas públicas transversais.
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Finalmente, propõe ampliar a idade mínima para aposentadoria e o
reajuste planejado dos servidores dos Três Poderes, para se ter uma
"previsibilidade de médio e longo prazo dessas despesas". As duas
últimas propostas seguem a lógica brasiliense.
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No tema "ambiente de negócios” são 9 propostas, algumas genéricas -
como dar mais segurança jurídica aos contratos e aperfeiçoar o marco
regulatório. Outras, mais específicas, como a criação de um mecanismo de
"Avaliação de Impacto Regulatório" para monitorar as decisões das
agências reguladoras.
Passa pelo tema da segurança jurídica dos trabalhadores terceirizados e
envereda por outros bastante delicados: a implementação do marco jurídico do
setor da mineração; revisão das terras costeiras "como forma de incentivar
novos investimentos produtivos"; revisão da regulamentação das terras
indígenas para "compatibiliza-las com as atividades produtivas" e
simplificação do licenciamento ambiental para obras do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC).
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Há que se cuidar para não promover um desmonte de avanços sociais
relevantes, especialmente nesses tempos bicudos do pior conservadorismo.
Leia
mais sobre temas da atualidade: http://migre.me/kMGFD
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