Protótipo criado pela Embrapa detecta doença que afeta pomares de laranja
A
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveu o protótipo
de um equipamento capaz de diagnosticar de forma rápida uma doença comum em
plantações de laranja, conhecida como HLB ou greening, a mais
destrutiva nos pomares brasileiros. A grande vantagem da técnica é identificar
as plantas doentes antes que os sintomas apareçam. O HLB é uma doença sem cura
causada por bactéria, com potencial de acabar com toda a plantação. Quanto
antes o diagnóstico for feito, melhor.
O
aparelho chamado Photon-Citrus é compacto e tem baixo custo de análise. Já
passou pelas fases de pesquisa e estudos em laboratório, e os resultados animam
os cerca de 30 pesquisadores envolvidos no projeto.
“Nós
temos estudos em laboratório que mostram as taxas de acerto em torno de 90% em
relação às três classes de folhas: sadias, sintomáticas e assintomáticas”,
conta a pesquisadora da Embrapa Anielle Ranulfi, doutoranda em Física Aplicada
na Universidade de São Paulo (USP). Ela está em Brasília apresentando o projeto
no Pavilhão do Parque da Cidade, durante a 12ª edição da Semana Nacional de
Ciência e Tecnologia, que vai até domingo.
Atualmente
o diagnóstico da doença é feito por meio de inspeção visual, a olho nu, porque
a outra opção é um exame de DNA que tem custo inviável para os produtores. “Uma
equipe treinada pela própria fazenda caminha pelo pomar e busca os sintomas da
doença nas plantas. Uma vez detectada a doença, o pé é erradicado para evitar
que a bactéria seja transmitida para plantas sadias”, explica a pesquisadora.
Segundo
ela, o principal problema dessa técnica é que quando a planta apresenta
sintomas, a doença já está em uma fase avançada. “A acurácia do método de inspeção
visual é baixa, de 50% em relação às plantas sintomáticas. E a fase
assintomática é muito longa, então por um longo período as plantas ficam no
campo sem que o produtor saiba que ela está doente e transmitindo a bactéria
para plantas sadias.”
A
transmissão da doença é feita por um inseto, que após se alimentar na planta
doente, pode conduzir a bactéria até uma planta sadia.
O
aparelho usa uma técnica chamada espectroscopia de fluorescência. “O aparelho
tem um LED que ao incidir sobre a folha excita alguns compostos, e esses
compostos respondem também emitindo luz. Essa luz é captada e separada nos seus
diferentes comprimentos de ondas no equipamento e como resposta final a gente
tem o espectro de fluorescência.”
A
técnica foi desenvolvida partindo do fato de que plantas sadias tem uma
composição química diferente da de plantas doentes. “A gente consegue fazer
esse diagnóstico por meio das diferenças no perfil espectral obtido”, explica a
cientista.
Segundo
Anielle, o aparelho pode aumentar o controle da doença nos pomares. “Como a
medição é simples e rápida, permite que os produtores testem todo o pomar, e
eles podem até construir mapas de infestação da doença, por exemplo, para
tratar as regiões com maior infestação de forma diferente, evitando o uso exagerado
de agrotóxicos.”
O
protótipo está em fase final de testes na Embrapa, prevista para encerrar em
2016, e o pedido de patente pela invenção já foi feito.
“A
Embrapa não pode produzir ou comercializar, então a nossa intenção é transferir
essa tecnologia para uma empresa que esteja disposta a produzir o equipamento”,
conta Anielle. “A técnica agora está sendo estudada para outras culturas
também”, contou.
Fonte: Agência Brasil
Leia mais sobre temas
da atualidade: http://migre.me/kMGFD
Nenhum comentário:
Postar um comentário