Trocar Felipão por Dunga
Macksandro Souza
Em blogs e colunas especula-se sobre o enfraquecimento
político do ministro Joaquim Levy. Isolado, sem credibilidade e incapaz de
aprovar as medidas propostas no ajuste fiscal, o titular da pasta da Fazenda
estaria sendo fritado por colegas e sua troca seria mera questão de tempo.
Segundo as mesmas fontes, uma gama variada de
ministros, dirigentes partidários e mesmo o ex-presidente Lula já teriam
sugerido à Dilma substituir Levy por Henrique Meirelles, homem capaz de
reiniciar negociações com o congresso e bem visto pelo mercado. Para aceitar o
cargo, o ex-presidente do BC teria exigido o controle absoluto sobre a área
econômica.
Importa notar que dessas conjecturas estão ausentes
questões substantivas sobre os rumos da nossa economia. O debate centrado em
nomes e em características individuais dá como único e pertinente o caminho
traçado pelo ajuste fiscal, que necessitaria tão somente de um ministro com
peso político para implantá-lo.
A agenda conservadora preconiza que a adoção de
políticas fiscal e monetária contracionistas são necessárias e suficientes para
recuperar a economia e trazer a inflação para patamares menores. Nada mais
falso.
Pró-cíclico, o ajuste fiscal obedece a uma lógica
atroz: o governo corta recursos do orçamento; os cortes diminuem o produto; a
diminuição do produto leva à redução da receita tributária; a redução da
receita tributária leva à elevação da relação dívida pública/PIB; a elevação da
dívida exige novos ajustes fiscais...
Assim, o ajuste mostra-se inócuo no combate à inflação
de custos, servindo tão somente para agravar a recessão econômica e em
decorrência disso, o desemprego.
A economia é como o futebol. Não basta trocar Felipão
por Dunga, Levy por Meirelles. Para além de nomes, importa encontrarmos vias
para destravar o investimento público e reconsiderar a atual política de juros
altos, encontrando formas menos danosas para controlar a inflação – medidas que
contribuiriam para que o país retomasse o caminho do crescimento econômico.
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