O impeachment será derrotado nas ruas
Editorial do portal Vermelho
Na reunião golpista ocorrida na quinta-feira (10), com lideranças e os
seis governadores do PSDB, o cardeal tucano Fernando Henrique Cardoso fez uma
declaração de inusitada sinceridade que exprime bem o significado da ação da
direita contra a presidenta Dilma Rousseff. Insistindo na tecla, contestada por
grande número de juristas, da existência de alegadas “razões jurídicas” para o
impeachment, FHC reconheceu: “é preciso se formar o clima político. Se esse
clima político não se formar não há nada que derrube um presidente, que foi
eleito”.
Sim, claro! Não é possível derrubar uma presidenta que venceu a eleição
com 54 milhões de votos sem isso que ele chamou de “clima político”. E criá-lo
é a essência do golpe em andamento.
Não será uma tarefa fácil para a direita. O Brasil mudou, muito.
Modernizou-se politicamente, e deixou para trás o país conservador que engolia
as alegações antidemocráticas e antipopulares da direita.
O quadro que se desenha, nesta conjuntura, opõe os setores modernos e
avançados da sociedade brasileira – juristas democráticos, movimentos sociais,
sindicatos, partidos avançados, juventude, mulheres, negros, a população
mobilizada que exige o avanço da democracia e dos direitos sociais – contra os
fatores do atraso nacional representados pelos setores golpistas da classe
dominante, pelos especuladores rentistas e por aqueles que rezam submissos pela
cartilha do imperialismo.
Os especuladores e os espertalhões de sempre da direita são enfrentados
por entidades de grande expressão, reunidas na Frente Brasil Popular – entre
elas a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, a Central Única dos
Trabalhadores, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, a União Nacional
dos Estudantes, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, a
Marcha Mundial das Mulheres, e muitas outras que falam ao sentimento e à ação
do povo.
O povo e a pátria estão em linha de oposição e confronto com a direita
neoliberal que sonha em rasgar a Constituição e tomar de assalto a presidência
da República. A resistência democrática ocorre simultaneamente nas esferas
institucional e nas ruas. Seus pilares estão no Congresso Nacional e nos
poderes Judiciário e Executivo, destacando-se a ação do governador do Maranhão,
o comunista Flávio Dino, e a própria presidenta Dilma Rousseff, que tem papel
central no enfrentamento do golpe e na defesa da legalidade. E no povo
organizado que se manifesta em defesa da legalidade e contra o
impeachment.
Há uma lógica perversa na insensatez golpista. A direita foi derrotada
em todas as eleições presidenciais desde 2002, e vê um horizonte de
dificuldades para o futuro. Procura assim levar a disputa ao “tapetão”,
evitando o risco de disputas eleitorais; quer retomar o governo para impor suas
“reformas” que significam o desmonte daquilo que, a duras penas, foi construído
desde 2003.
Os brasileiros não podem correr este risco. Ao contrário, a democracia
brasileira precisa consolidar os avanços conseguidos e criar maiores e mais
eficientes controles contra a ganância rentista da especulação financeira e os
privilégios da direita. A defesa do Brasil e da legalidade une, numa só voz, os
setores avançados, democratas e patriotas, que defendem o avanço nas mudanças
que o país. E não aceitam voltar para trás!
As ruas terão papel decisivo para derrotar a direita. O protagonismo dos
brasileiros e suas entidades representativas é fundamental. É nas ruas que o
impeachment será derrotado. Dilma Rousseff teve, no ano passado, uma vitória
expressiva mas apertada, e a direita não aceitou ter sido ultrapassada nas
urnas.
A derrota do impeachment será também expressiva – e precisa vir
acompanhada da decisão de fortalecer o avanço político, econômico e social para
beneficiar o conjunto dos brasileiros. É o que está em jogo hoje, em Brasília e
em cada uma das ruas e praças de nosso país.
A direita não passará! Tem razão a presidenta da UNE, Carina Vitral,
quando proclama: é essencial que os movimentos não abaixem as bandeiras do dia
a dia em função da posição contrária ao impeachment. “Quando a crise passar,
nós temos certeza que serão as forças dessas bandeiras que podem desencadear
mais avanços sociais e dar mais fôlego para novos direitos.”
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O que me preocupa com este chamado às ruas pelo impeachment da Dilma é o que deixará depois.
ResponderExcluirNunca tivemos na história política um governo tão transparente. É verdade que estão saindo da cartola muitos coelhos "sabidinhos", mas é melhor que eles sejam descobertos agora, do que permaneçam dentro de seus buracos, apenas aparecendo para ludibriar o povo Brasileiro.
Tirar Dilma do poder, pra mim, não é solução. É preciso, mais uma vez bato nesta tecla, que o eleitor tenha conhecimento do passado político de cada um. Como podemos pedir "socorro" se ainda temos eleitores que votam em Collor, Sarney, Maluf, Malufinho, Genoíno,Dirceu, Cunha, Amaral e até o tal de Tiririca ?
Políticos já claramente e abertamente colocados pela Justiça, como corruptos e corruptores, salvo o palhaço aí. Mas como modificar TUDO isso? Colocando Dilma pra descer a rampa? E quem sobe por ela ? Temer? Só em pensar me "tremo" toda!! Principalmente agora com uma "carência" infantil chegando quase ao, " não é a mamãe! "
Ainda acredito no voto certo. Voto certo é caminho longo....caminho livre para um trabalho bacana... para um Brasil melhor.
Chame pra ir às ruas para uma reforma política, mas não me chame pra tirar Dilma do poder. Não. Não quero ver os patrimônios públicos depredados e nem mesmo lojistas fechando suas portas.... Não faço mais isto. Nem por R$0,20 centavos!
Um abraço