No primeiro dia do ano
Luciano Siqueira
Eis que,
felizmente, tenho o prazer imenso de viver o primeiro dia do ano - essa
sensação entre instigante e agradável, que experimento desde quando ainda muito
pequenino, em 1954, se não me engano, no exato momento da queima de fogos
presenciei minha avó Nenen chorar pelo ano que se ia.
Ali eu
descobria que algo de extraordinário estava acontecendo, de cujo sentido eu
ainda não havia me apropriado.
Pois bem,
réveillon é sempre um instante de glamour e de incontida alegria.
No dia
seguinte, entre a leve ressaca e o primeiro banho de mar, essa coisa boa que é
pisar o chão firme e se sentir vivo e feliz.
Mas algo me
intriga: por que o anúncio de novas descobertas científicas justo nesse
dia?
Jornais,
revistas, canais de TV e portais na internet dão destaque a descobertas
recentes e a novas pesquisas, que se supõe tenham muito a ver com a vida das
pessoas nesse atribulado planeta Terra.
Me intriga e
não me agrada. Por que não deixar o dia inteiramente ao dispor de quem quer
pensar nada, tampouco se ocupar de coisas sérias e simplesmente dedicar-se ao
descontraído ato de viver o primeiro dia da nova série de trezentos e sessenta
e cinco?
Não me agrada
saber, por exemplo, que pesquisadores norte-americanos chegaram à dramática
conclusão de que as pessoas muito apegadas ao presente e ao passado têm menos
chances de ser felizes no novo ano entrante.
Parece que acompanharam
alguns milhares de viventes predispostos a terem sua vida e aspirações mais
íntimas esquadrinhadas por estranhos, os tais pesquisadores.
Se apego ao
presente e ao passado for a valorização da vida vivida, das descobertas, dores,
amores, frustrações, convicções, expectativas e esperanças construídas nos anos
pregressos, estou nessa.
Estou e não
quero sair.
Nada contra
quem começa o ano com aquela lista de "compromissos", juras e
desejos. Tenho comigo também vontades a serem realizadas e sonhos renovados.
Quem não os tem?
Mas trato como
tesouros preciosos o que acumulei ao longo de mais de seis décadas. Na luta e
no amor, sobretudo.
Tanto que, das
muitas brincadeiras que fazemos aqui à beira-mar - com direito ao nosso próprio
espetáculo pirotécnico -, cuido com carinho dos pedidos contidos nas três uvas
verdes depositadas na taça de champanhe, nos exatos segundos da passagem de
ano.
Os pedidos são
secretos. Mas aqui os revelo, sintetizados no desejo único de que a mulher
amada continue sendo o que é - e assim, admirada, desejada e amada. Sempre.
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Linda crônica, levinha
ResponderExcluirUm simples poema.
A casinha da colina
Francis Zenaide
A casa da colina é verdinha
Como o mar, na hora do terral
Acolhedora como a sombra de uma árvore em pleno meio dia
A casinha só terá gente e animais felizes...
Árvores bailando ao sabor do vento
As pessoas que morarem lá terão de obedecer às leis da natureza e por que não a lei da vida
A estupidez não terá vez,
A hipocrisia será vencida
A alegria e o respeito farão festa
O perdão e a compreensão andarão de mãos dadas... E o amor?
Será o sentimento principal que unirá todos os seres que habitarem
A casinha verde da colina
Linda crônica levinha
ResponderExcluirA crônica é de 2016 ou 2916? Quero ir na máquina do tempo! Muita ventura no ano que se inicia para você, Luci e toda família.