01 janeiro 2016

Para descontrair

No primeiro dia do ano

Luciano Siqueira
Eis que, felizmente, tenho o prazer imenso de viver o primeiro dia do ano - essa sensação entre instigante e agradável, que experimento desde quando ainda muito pequenino, em 1954, se não me engano, no exato momento da queima de fogos presenciei minha avó Nenen chorar pelo ano que se ia.
Ali eu descobria que algo de extraordinário estava acontecendo, de cujo sentido eu ainda não havia me apropriado.
Pois bem, réveillon é sempre um instante de glamour e de incontida alegria.
No dia seguinte, entre a leve ressaca e o primeiro banho de mar, essa coisa boa que é pisar o chão firme e se sentir vivo e feliz.
Mas algo me intriga: por que o anúncio de novas descobertas científicas justo nesse dia? 
Jornais, revistas, canais de TV e portais na internet dão destaque a descobertas recentes e a novas pesquisas, que se supõe tenham muito a ver com a vida das pessoas nesse atribulado planeta Terra.
Me intriga e não me agrada. Por que não deixar o dia inteiramente ao dispor de quem quer pensar nada, tampouco se ocupar de coisas sérias e simplesmente dedicar-se ao descontraído ato de viver o primeiro dia da nova série de trezentos e sessenta e cinco?
Não me agrada saber, por exemplo, que pesquisadores norte-americanos chegaram à dramática conclusão de que as pessoas muito apegadas ao presente e ao passado têm menos chances de ser felizes no novo ano entrante. 
Parece que acompanharam alguns milhares de viventes predispostos a terem sua vida e aspirações mais íntimas esquadrinhadas por estranhos, os tais pesquisadores. 
Se apego ao presente e ao passado for a valorização da vida vivida, das descobertas, dores, amores, frustrações, convicções, expectativas e esperanças construídas nos anos pregressos, estou nessa. 
Estou e não quero sair. 
Nada contra quem começa o ano com aquela lista de "compromissos", juras e desejos. Tenho comigo também vontades a serem realizadas e sonhos renovados. Quem não os tem?
Mas trato como tesouros preciosos o que acumulei ao longo de mais de seis décadas. Na luta e no amor, sobretudo. 
Tanto que, das muitas brincadeiras que fazemos aqui à beira-mar - com direito ao nosso próprio espetáculo pirotécnico -, cuido com carinho dos pedidos contidos nas três uvas verdes depositadas na taça de champanhe, nos exatos segundos da passagem de ano. 
Os pedidos são secretos. Mas aqui os revelo, sintetizados no desejo único de que a mulher amada continue sendo o que é - e assim, admirada, desejada e amada. Sempre.

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2 comentários:

francis disse...

Linda crônica, levinha
Um simples poema.
A casinha da colina
Francis Zenaide

A casa da colina é verdinha
Como o mar, na hora do terral
Acolhedora como a sombra de uma árvore em pleno meio dia

A casinha só terá gente e animais felizes...
Árvores bailando ao sabor do vento
As pessoas que morarem lá terão de obedecer às leis da natureza e por que não a lei da vida
A estupidez não terá vez,
A hipocrisia será vencida
A alegria e o respeito farão festa
O perdão e a compreensão andarão de mãos dadas... E o amor?
Será o sentimento principal que unirá todos os seres que habitarem
A casinha verde da colina




francis disse...

Linda crônica levinha
A crônica é de 2016 ou 2916? Quero ir na máquina do tempo! Muita ventura no ano que se inicia para você, Luci e toda família.