Portinari
A encruzilhada
Eduardo Bomfim, no portal Vermelho
Só há sentido na
existência do Estado se existe a comunidade nacional. A sociedade brasileira,
como as demais, é formada pelo seu contínuo histórico, suas permanências e
renovações.
O desenvolvimento das nações não é linear, acontece
por meio de contradições algumas antagônicas, outras secundárias.
Sempre, ao longo do processo de construção
nacional, desenvolve-se uma permanente luta entre forças conservadoras do
status quo versus as grandes maiorias que pelejam pelas grandes transformações.
Essas anseiam pelo desenvolvimento econômico, a
distribuição justa da renda nacional, o investimento maciço em infraestrutura,
a geração de empregos, salários dignos, uma estrutura de saúde pública
eficiente para a sociedade.
Mesmo que todas essas premissas estejam presentes,
elas seriam incompletas se for ausente ou precário o investimento estratégico
em educação. Desde um excelente ensino básico às universidades públicas de
qualidade, que garantam o acesso das maiorias à cultura, ao conhecimento, ao
mercado de trabalho em condições justas na disputa por um lugar ao sol.
Qualquer discurso hoje sobre a sociedade brasileira
baseada nos critérios do mérito, a “meritocracia”, é falso porque, salvo
exceções, só camadas das elites, e alguns setores médios, têm condições de
disputar com êxito um espaço no arco das profissões, acesso a funções bem
remuneradas via concurso público, porque a realidade age como um estreito funil
para as maiorias.
O Brasil avançou na luta contra as desigualdades
sociais, a miséria diminuiu substancialmente, as condições de vida melhoraram
muito, mas a necessidade de grandes saltos continua urgente para que a nação
supere a realidade de um país elitista e socialmente apartado.
O que a grande mídia hegemônica golpista, o
“Mercado” rentista, as elites que detêm 1% da riqueza nacional mais temem é
esse salto estratégico que, pasmem, são, na verdade, reformas no âmbito de País
capitalista para alcançar índices de nação desenvolvida. O que mostra o nível das
forças retrógradas no país.
O Brasil, que não está condenado à eterna condição
de emergente, vive numa encruzilhada: ou avança rumo ao desenvolvimento
soberano, industrializado, com justiça social, ou vê passar a chance de, em
meio à crise global, alcançar novos patamares entre a comunidade das nações.
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