Moro está
mais para aprendiz de Mussolini do que para herdeiro da Mãos Limpas, operação
que se valeu de dispositivos fascistas para promover o justiçamento
Jeferson
Miola, na Carta Maior
Alguns personagens soturnos, celebrizados
na arena pública brasileira pelos holofotes da mídia, precisam ser decifrados.
O cínico e ousado juiz Sérgio Moro é um deles.
Quem leu o ensaio “Considerações sobre a Operação Mani Polite”,
que Moro publicou em 2004 com base em estudos sobre a operação Mãos Limpas na
Itália dos anos 1990, pensa que naquele experimento está a fonte definitiva de
inspiração do justiceiro. Ali ele descreve os procedimentos arbitrários
empregados na Lava Jato: prisão prévia ao julgamento; delação obtida através da
extorsão psicológica e moral de investigados presos por meses sem julgamento;
inversão do ônus da prova; arbítrio jurídico-policial; ideologização das
investigações, e uso da mídia para banalizar o autoritarismo jurídico-policial.
A inspiração de Moro, todavia, tem
ancestralidade anterior, na Itália dos anos 1925-1945 de Benito Mussolini, Il
Duce, líder do Partido Nacional Fascista e principal aliado europeu
do nazista Adolf Hitler na 2ª Guerra Mundial.
Moro evidencia que está mais para
aprendiz de Mussolini do que para herdeiro da Mãos Limpas, operação que,
inclusive, se valeu de dispositivos [fascistas] de exceção para poder promover
o justiçamento, mais do que para o combate à corrupção.
No movimento de massas, as palavras de
ordem dão sentido às coisas, indicam a direção do combate, traduzem a
consciência coletiva sobre os acontecimentos. São, enfim, expressões que
canalizam politicamente o sentimento das enormes massas organizadas e
mobilizadas.
Dentre as palavras de ordem que
embalam as multidões na rua, duas delas são as que melhor definem o significado
dos acontecimentos e que melhor indicam as exigências históricas deste período:
[1] Não
vai ter golpe; Vai ter luta!; e [2] Fascistas!, golpistas!; Não passarão!.
Há uma consciência democrática
radicalizada no país, uma disposição irredutível de resistência e luta que
deriva da certeza de que este é um tempo de avanço perigoso de idéias e valores
fascistas. Estas palavras de ordem reverberam a consciência democrática
crescente, de que: [1] impeachmentsem crime é golpe, e o
golpe será derrotado pela luta incansável do povo na rua; e [2]
quem promove o golpe são fascistas, e eles serão derrotados – não
passarão!.
As reiteradas agressões do condomínio jurídico-midiático-policial a Dilma, Lula e ao PT ultrapassam qualquer parâmetro aceitável no mundo civilizado. A 27ª fase da Lava-Jato, batizada por Moro e parceiros de Carbono14, é escatológica na evidenciação dos abusos e absurdos que estão sendo cometidos na investigação que deveria ser da corrupção na Petrobrás, porque assim ele estabelece uma conexão entre isso e o chamado “mensalão”, para construir uma narrativa destrutiva do período de governo do PT.
As reiteradas agressões do condomínio jurídico-midiático-policial a Dilma, Lula e ao PT ultrapassam qualquer parâmetro aceitável no mundo civilizado. A 27ª fase da Lava-Jato, batizada por Moro e parceiros de Carbono14, é escatológica na evidenciação dos abusos e absurdos que estão sendo cometidos na investigação que deveria ser da corrupção na Petrobrás, porque assim ele estabelece uma conexão entre isso e o chamado “mensalão”, para construir uma narrativa destrutiva do período de governo do PT.
Com a 27ª fase, Moro agiu para
eclipsar no noticiário as comoventes manifestações do 31 de março contra o
golpe mas, sobretudo, para esconder a descoberta da mentira dele ao STF sobre gravações ilegais de
advogados,
prática só vista em Estados de exceção, de terror.
Há uma disputa fundamental na
sociedade brasileira: por um lado, o obscurantismo medieval, inquisitorial; por
outro, os valores iluministas das garantias legais e constitucionais, do Estado
Democrático de Direito.
A instrumentalização e a
partidarização do Estado nas áreas Jurídicas e Policiais é um passo em direção
ao abismo. Pior ainda quando a construção da subjetividade, feita de maneira a
naturalizar abusos, é processada por monopólios midiáticos como a Rede Globo e
outros grupos de mídia.
O mal está sendo banalizado na
sociedade brasileira. Um exemplo dessa maldade banalizada é a atitude de uma
pediatra que abandonou o acompanhamento médico de um bebê por ele “ter cometido
o crime” de nascer do útero de uma jovem militante petista – isso num país cuja
Constituição considera crime a discriminação por preferência política ou
ideológica.
O juiz Moro, com sua ousadia descarada, é um vetor
do mal. Ele tripudia da legalidade, pisoteia a Constituição e mente
descaradamente para o STF. É um cínico que perdeu a noção do limite. Um
psicopata que se considera onisciente e onipotente.
Na justificativa da 27ª fase da
Lava-Jato, este juiz adepto do costume do uso de camisas pretas – muito
apreciado pelos extremistas italianos fascios –, condiz com o fascista definido pelo
filósofo e pensador italiano Norberto Bobbio:
“Ele
acusa, insulta, agride como se fosse puro e honesto.
Mas o fascista é apenas um criminoso, um sociopata que persegue carreira política. No poder, não hesita em torturar, estuprar, roubar sua carteira, sua liberdade e seus direitos.
Mais que corrupção, o fascista pratica a maldade”.
Mas o fascista é apenas um criminoso, um sociopata que persegue carreira política. No poder, não hesita em torturar, estuprar, roubar sua carteira, sua liberdade e seus direitos.
Mais que corrupção, o fascista pratica a maldade”.
Moro justificou a investigação como
faria um Ser onisciente
e onipresente; um Ser total: ele investiga [policial],
ele acusa [promotor], ele julga [juiz], ele condena [tribunal] e, para
arrematar, ele também narra e comunica ao público [mídia]!
A monstruosidade fascista ganha forma
no Brasil; os rostos dos monstros são conhecidos. Moro perdeu totalmente a
legitimidade, a isenção e a autoridade para continuar exercendo funções na
magistratura; ele tem de ser freado na sua ousadia descarada.
O Conselho Nacional de Justiça, para o
bem da democracia no Brasil, e antes que seja tarde, deveria se posicionar e
decidir com prioridade acerca das inúmeras representações protocoladas contra o
juiz Moro.
A consciência democrática, esta
gigantesca avalanche democrática e popular de resistência que toma o Brasil,
vai derrotar o fascismo e o golpismo; vai tornar realidade a palavra de ordem: Fascistas!,
golpistas!; Não passarão!.
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