No portal Vermelho
“Evidentemente, é golpe”, afirmou o governador do
Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), em entrevista ao portal UOL, sobre o processo de
pedido de impeachment em andamento no Congresso. Na entrevista publicada
nesta quarta-feira (6), Flávio Dino, que foi juiz federal no estado, reafirmou
“seguramente” se trata de um golpe, pois “há tentativa de impeachment sem causa
constitucional legítima”.
Ele foi didático ao fazer tal afirmação: “Tem sido dito que impeachment
é constitucional porque está na Constituição. Imaginemos o seguinte: a
Constituição trata de pena de morte em caso de crimes de guerra. Se alguém
fosse vítima de pena de morte, diriam que isso é constitucional porque está na
Constituição? Não, a Constituição diz que só pode haver pena de morte em caso
de crime de guerra. Não bastar estar na Constituição para que haja aplicação
constitucional. Afere-se a constitucionalidade em relação da norma a um
determinado fato”.
Dino salientou que, além de representar uma violação constitucional, a
aprovação do impeachment seria “um desastre”, porque criaria uma insegurança
jurídica de precedente grave, abrindo “espaço para múltiplas tentativas de
vingança e sabotagem no futuro”.
“O impeachment seria a antessala do caos”, enfatizou o governador.
“Seria desastroso ao país. Ainda mais porque seria um governo que por sua vez
também enfrentaria processo de impeachment. Michel Temer teria sobre si a mesma
acusação de ter assinado decretos de crédito sem autorização legal. Parece-me
que teríamos situação muito pior do que a que temos hoje. Quando os agentes
econômicos notarem isso, passarão a atuar pela estabilidade política”,
defendeu.
Flávio Dino apontou que nesse processo existem vários agentes, não
preocupados com o país, mas com os interesses alheios.
“Há vários interessados, mas vejo duas situações fundamentais. Um dos
insatisfeitos com o resultado eleitoral de 2014. E não me refiro apenas aos
políticos, mas também a uma parcela da sociedade que não concordou com
resultado. Não concordar com ele é legítimo. Já a aferição sobre se a decisão
popular de 2014 foi certa ou errada só poderá ocorrer em 2018. A Constituição
prevê eleições diretas, secretas e periódicas. Não é porque a pessoa não
concorda que pode haver um novo julgamento a qualquer hora”, pontuou.
Dino também acredita que dar um golpe contra o mandato legítimo é um
oportunismo daqueles que “imaginam que derrubar a presidenta seja caminho para
parar a Lava Jato”.
“Visam se proteger exatamente atacando a presidenta, sobre a qual não
pesa qualquer acusação. Não há conta na Suíça, não há envolvimento com propina.
É como se fosse uma cortina de fumaça. O segundo seguimento é dos que têm medo
da Lava Jato”, disse.
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