Marcos Aurélio Ruy, no portal da CTB
A proposta para a educação de um eventual governo Michel Temer não se distingue das outras ações contidas no programa "Ponte para o Futuro" - assim como elas, também traz retrocesso às conquistas da classe trabalhadora.
A proposta para a educação de um eventual governo Michel Temer não se distingue das outras ações contidas no programa "Ponte para o Futuro" - assim como elas, também traz retrocesso às conquistas da classe trabalhadora.
O
projeto prioriza apenas o ensino básico do 1º ao 4º ano (fundamental 1), em
detrimento de todas as outras séries, e prevê a gratuidade somente até o 9º
ano, do fundamental 2. Ou seja, o Estado tenta se eximir da responsabilidade de
levar educação em todos os níveis.
Para
a dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB),
Marilene Betros, essa proposta vai na contramão da história e privilegia o
ensino particular, "tirando os recursos necessários para uma educação
pública bem estruturada e com profissionais bem pagos".
O
que, para ela, significa retrocesso para tempos antigos, quando "somente
os ricos podiam estudar". Com isso, o "Estado brasileiro ofereceria
gratuitamente apenas os anos iniciais suficientes para os nossos filhos
trabalharem. Mas sem adquirir a consciência necessária sobre os seus
direitos", afirma.
Com
essa possível medida, a ponte para o passado, do suposto governo golpista,
acaba com os sonhos dos filhos e filhas das famílias da classe trabalhadora de
ingressar em uma universidade. Hoje, no Brasil existem mais de 7 milhões de
universitários, sendo 2,4 milhões bolsistas do Programa Universidade Para Todos
(ProUni), que corre sério risco com essa proposta.
Já
o ensino médio conta com mais de 9 milhões de estudantes e, segundo o Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira (Inep), quase 90%
em escolas públicas. Além de o país contar com mais de 57 milhões de crianças e
jovens nas escolas, da creche ao ensino médio, maioria absoluta em escolas
públicas.
"Se
com o ensino médio gratuíto boa parte dos alunos e alunas pára de estudar após
concluírem o fundamental, imagine se essa gratuidade acabar", argumenta
Camila Lanes, presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
(Ubes).
Por
isso, Marilene acha muito importante os movimentos de estudantes que ocupam
escolas e assembleias legislativas em vários estados em defesa da educação
pública. "É um direito garantido pela Constituição". Ela assegura
também que os trabalhadores e trabalhadoras da educação, "não abrirão mão
da educação pública em nenhum nível de ensino”.
"Essa
luta é histórica e nos manteremos nas ruas e em salas de aula defendendo o que
é mais importante para o país", acentua. "Com muita abnegação
conseguimos aprovar um Plano Nacional de Educação, que se não é o ideal,
mantém-se importante para empoderar a educação pública e devolver o sonho de
uma vida melhor aos mais pobres".
A
proposta de privatizar o ensino médio e universitário beneficia empresários da
educação e vem tentando conquistar corações e mentes desde a ditadura
civil-militar (1964-1985), sempre com o argumento grosseiro de que os filhos de
ricos ingressam nas universidades públicas.
Camila
afirma que esse projeto aniquila com o ProUni e tira a importância do segundo
maior processo seletivo do mundo, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que
"antes do Lula, servia somente para beneficiar as escolas particulares e
hoje é a porta de entrada dos filhos de trablhadores nas universidades".
Marilene
lembra que todas as nações que investiram em educação pública, conseguiram
avanços civilizatórios importantes. “Uma nação que investe em educação pública
é uma nação voltada para o futuro. As pessoas adquirem mais consciência e com
isso respeitam mais uns aos outros".
Já
Camila diz que o movimento estudantil continuará mobilizando estudantes no
Brasil inteiro para defender a educação. "Estaremos ocupando as escolas
onde for necessário para mostrar à sociedade que queremos estudar, mas queremos
boas escolas, com professores satisfeitos e com estrutura adequada".
“Acabar
com a educação pública em qualquer nível é defender uma política excludente,
onde somente os ricos terão acesso às coisas boas, deixando os trabalhadores e
trabalhadoras com menos oportunidades de ganhar mais, morar bem, ter acesso à
cultura, a livros e a tudo o que as pessoas necessitam para viver bem".
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