Helena Cruvinel, Brasil 247
Não importa sobre o que conversaram Michel Temer e o
procurador-geral Rodrigo Janot nesta segunda-feira. Ou melhor, não importa o
que dirão ter conversado. Vai ver que foi também sobre orçamento do Ministério
Público, assunto do TSE que levou Gilmar Mendes ao Jaburu em pleno
sábado. Acabou-se o tempo das aparências. Para quê, depois dos grampos
amigos de Sergio Machado? Encontros à parte, claro está que o governo
interino de Temer, prisioneiro do gravador, já deve estar esconjurando o
risco de ser chamado de provisório num certo futuro.
Depois da queda do segundo ministro em 17 dias, sobem as apostas
em Brasília sobre quem será a bola da vez. Palpites não faltam. Faça o seu que
eu tenho o meu. Os defensores da ordem sem progresso já reclamam de
vazamentos seletivos para atingir apenas ministros de Temer. Mas quem vaza
(quem é mesmo?) pode apenas escolher a ordem. Machado gravou a sua turma,
a do PMDB, logo a de Temer. Não deve ter ficado nos já revelados
Renan, Jucá, Sarney e o ministro caído da Transparência, Fabio Silveira.
Tem gravação com Temer? Esta é a outra pergunta que assusta uns e
excita outros. Tenha ou não tenha, o gravador ameaça a votação de agosto
no Senado, para condenar Dilma e efetivar Temer como presidente. Primeiro
porque alguns senadores já questionam o voto pelo impeachment depois das
confissões de que ele foi inventado para conter a Lava Jato e “estancar a
sangria” de caciques. Se sobrarem cinco é muito, disse Machado, que sabe das
coisas. Depois, porque Renan Calheiros vai se tornando cada vez
mais uma incógnita. Reiterou em nota ontem que não indicará ninguém para o
governo. Não negou nem admitiu ter indicado Silveira mas escreveu que estará
fora, para preservar a independência do poder que representa. Opa! Isso é grave
para o Planalto. Dilma ouviu esta conversa antes e deu no que deu.
O resto, o governo vai cavando. Uma briga aqui, outra ali, medidas
impopulares a caminho da Câmara, e tome rejeição interna e externa. Afinal,
quando é mesmo que os institutos de pesquisa vão aferir a aprovação ao Governo.
Está demorando um pouco. Alô, Ibope e Datafolha, precisando de pesquisadores?
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