É o maior buruçu na área adversária, meus amigos!
A expressão
era repetida costumeiramente por um narrador de futebol da rádio Poty, de
Natal, na minha infância.
Eu, que
torcia pelo América, me angustiava com a possibilidade de mais um gol do
arquirrival ABC.
Lembro
dele agora, com o "buruçu" que é o noticiário diário acerca da ação
conjunta da Procuradoria Geral da República com a força tarefa da Operação Lava
Jato e uma ponta invariavelmente ligada ao ministro do STF, Gilmar Mendes e aos
editores dos principais grupos de mídia.
O
pedido de prisão, ontem, do ex-presidente José Sarney, dos senadores Renan
Calheiros e Romero Jucá e do deputado Eduardo Cunha, por supostas manobras destinadas
a impedir investigações (conforme conversas gravadas pelo ex-senador delator
Sérgio Machado), pode ser o que parece, porém também pode não ser o que parece.
Ou
seja, nesse caso, o que reluz talvez não seja ouro...
Manobra
diversionista?
Pressão
sobre o Senado para que acelere o processo do impeachment da presidenta Dilma?
Gilmar
Mendes, como sempre exercendo a sua condição de ministro-militante, logo se
pronunciou contra o atual vazamento do pedido de prisão: “Processos
ocultos, que vêm como ocultos, e que vocês já sabem, divulgam no Jornal
Nacional antes de chegar ao meu gabinete. Isso tem ocorrido e precisa ter
cuidado, porque é abuso de autoridade”.
Oxente! Se o próprio Gilmar é useiro e vezeiro em comentar
informações vazadas, inclusive antecipando opinião própria sobre matérias a
serem examinadas pelo STF, por que agora se mostra tão indignado?
O fato
é que a politização em toda linha das instituições da República, melhor
dizendo, daquelas que em tese não deveriam assumir conotação político-partidária
— a Procuradoria Geral da República e o STF, por exemplo — já não permitem uma
avaliação precisa dos fatos jurídicos gerados.
A
Constituição não permite a prisão de senadores, salvo se em flagrante delito.
Não foi o caso de Delcídio Amaral, que assim mesmo foi preso com todo
estardalhaço midiático que se fazia necessário pela sua condição, então, de
líder do PT no Senado.
Não se
trata agora de romper com a Constituição novamente. Mas cabe a pergunta: por
que o tratamento diferenciado?
Todas
as hipóteses são possíveis, mas há uma linha nítida de convergência: vale tudo,
desde que sirva à confirmação do afastamento definitivo da presidenta Dilma
pelo Senado.
Aguardemos
os próximos lances.
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