Paraíso rentista
Eduardo Bomfim, portal Vermelho
Alguém já disse, não me
lembro do autor, que a direita, a direita mesmo convicta e xenófoba, é e sempre
foi minoritária no Brasil. Que só cresce quando uma conjunção de fatores lhe é
extremamente favorável aos movimentos conspiratórios que é uma característica
dela em nossa História política republicana.
É só ver o exemplo de Carlos
Lacerda, um dos maiores articuladores de golpes do País. Procurou derrubar
Getúlio Vargas diuturnamente, assim como Juscelino, João Goulart, Brizola etc.
Lacerda tinha um eleitorado
cativo, seguidores fiéis, quase fanáticos, mas restrito, nunca conseguiu sequer
lançar-se candidato à presidência da República. Terminou sua carreira política
cassado junto com, ironia do destino, aqueles que ajudou a perseguir
implacavelmente.
Já se disse também que aquele que
não procura conhecer os fatos históricos está condenado a repeti-los,
principalmente hoje em que a apologia da ideia do “presente contínuo”,
propagado através da hegemonia do discurso ideológico da Nova Ordem mundial,
passou a ser uma “verdade” conceitual imposta às nova gerações.
O tremendo retrocesso que atinge
multilateralmente o Brasil vem sendo conduzido através de algumas forças que
podemos afirmar como vanguardas do atraso, ou melhor, vanguardas do Mercado
financeiro global, que procura avançar contra o País como um furacão de
categoria máxima.
A ofensiva do Mercado financeiro
não é recente, vem de décadas. Sempre buscou constituir uma espécie de ditadura
do pensamento único seja na política, na cultura, em um arcabouço ideológico
maciço.
Para que pudesse atingir tamanha
força tem sido decisivo o papel da mídia monopolista nativa, absolutamente
associada ao capital financeiro, porta voz dos seus interesses econômicos e
políticos.
A ofensiva especulativa assoma na
PEC 241 da paralisia nos investimentos públicos. Como disse André Araújo: o que
interessa ao Brasil é o investimento produtivo para gerar novos empregos,
oportunidades, negócios e não aquele puramente financeiro onde o investidor
toma dólar a 1% ao ano em Nova York e aplica aqui a juros reais de 7% ao ano em
títulos da dívida pública.
O ajuste fiscal vai produzir mais
recessão, menos renda, e o paraíso do rentismo especulativo no País. O rumo do
Brasil é outro. É o do desenvolvimento soberano, da justiça social.
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