COMO AS ONDAS DO MAR
Luciano Siqueira, no Vermelho, Blog do Renato e Blog de Jamildo/portal ne10
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Ainda repercute a greve geral da
última sexta-feira. A paralisação propriamente dita e as passeatas.
Tirante as distintas narrativas a
critério de governistas ou oposicionistas, uma pergunta me chega com
frequência: - E agora, a oposição cresce?
De pronto, não se pode
desconhecer o fato real e incontornável de que quase quarenta milhões de
pessoas não compareceram ao trabalho, conforme o jornal francês Le Monde.
E não cabe minimizar a dimensão
do movimento arguindo que o sistema de transportes parou. Ora, há alguma greve
geral bem sucedida mundo afora sem a paralisação dos transportes?
Quanto aos desdobramentos, há que
se ver - tanto no plano imediato, a influência real sobre o comportamento de
deputados federais e senadores na votação das duas reformas; e no plano
mediato, a contribuição dos movimentos sociais para a ampliação e o
fortalecimento da oposição ao governo Temer.
Temer e o grupo palaciano
acusaram o golpe: cuidam da exoneração de ocupantes de cargos no governo
indicados por deputados da base governista, para impedir que as dissensões
aumentem.
Quanto à fortificação da
oposição, depende da correta exploração de elementos novos revelados no dia 28:
a amplitude do movimento, para muito além das centrais sindicais, incluindo
variados segmentos da sociedade civil, a Igreja Católica e parte das igrejas
evangélicas; e a própria unidade das centrais sindicais, manifestada nas comemorações do Primeiro de Maio, segunda-feira, sobretudo em torno da
resistência às duas reformas.
Movimentos políticos com dimensão
de massas crescem como as ondas do mar, paulatinamente.
Enfim, a greve geral - pela sua
dimensão e contornos sociais e políticos - pode ter trazido à cena política um
fato novo. Veremos.
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