Assédio não tem graça
Cida Pedrosa*
Carnaval
é sinônimo de alegria, irreverência, criatividade. Também é momento e espaço de
manifestações culturais tão caras ao nosso povo como o frevo, o maracatu e os
caboclinhos. Infelizmente, nessa festa de pierrôs, colombinas, Mateus e
Catirinas quase sempre aparecem personagens indesejáveis. Fantasiados ou
não, eles podem ser identificados pelas suas atitudes equivocadas e machistas.
Não entendem que mulher fala sério quando diz “Não!”, que roubo de beijo também
é crime e que assédio não é brincadeira e não tem graça nem durante o reinado
de Momo.
De
olho nessa situação, estamos lançando, na semana pré-carnavalesca, a terceira
edição do Pequeno manual de como não ser um babaca no Carnaval, uma parceria
entre a Secretaria da Mulher e o Gabinete de Imprensa da Prefeitura do Recife.
Usando a mesma linguagem leve e divertida que transformou as edições anteriores
em sucesso de público e mídia com repercussão nacional, o manual mostra a
conduta de uma dessas personagens desagradáveis da folia, o Zé Mamão. Ele não
entende os limites entre flerte e assédio e acaba causando transtornos por onde
passa. Essa publicação será distribuída em todos os polos
descentralizados do Carnaval recifense.
Para
esvaziar o “Bloco do Zé Mamão”, pretendemos estimular as mulheres a denunciar
qualquer tipo de agressão sofrida. Essa ação começa no desfile do bloco
carnavalesco político Nem com Uma Flor, criado para ser um espaço de prevenção
à violência contra as mulheres. Vamos divulgar material informativo com
os serviços que estarão funcionando durante o Carnaval para apoiar mulheres
vítimas de qualquer tipo de violência, seja física, psicológica, moral ou
patrimonial. Mais uma vez, elas poderão contar com a Central da Mulher para
fazer denúncias ou, simplesmente, pedir orientação.
A
unidade será instalada na Rua do Observatório, no Bairro do Recife, e vai
funcionar das 16h às 22h com uma equipe multidisciplinar do Centro de
Referência Clarice Lispector, composta por advogadas, assistentes sociais e
psicólogas. Este ano, a equipe vai contar com o apoio da recém criada Brigada
Maria da Penha. Quem preferir denunciar por telefone poderá discar para o
serviço gratuito Liga, Mulher (0800 281.0107).
Todas
essas iniciativas fazem parte de um política que vem se intensificando nesses
últimos dois anos de combate ao assédio, com ações coordenadas e apoio a
iniciativas de movimentos sociais que defendem os direitos das mulheres.
Entendemos que é preciso aproveitar esses grandes eventos – quando ficamos mais
vulneráveis - para esclarecer as pessoas sobre temas como igualdade de gênero e
respeito à diversidade. Pierrôs, arlequins, papangus: abram alas que ela vai
passar como quiser e gostar!
* Secretária da Mulher do Recife
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