09 fevereiro 2018

Realinhamento de forças


Juan Carlos Bonilla
Quem é você, para onde vamos? 
Luciano Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do Renato

Já em pleno carnaval, pois há dias em muitas cidades do país saem blocos de rua, as articulações políticas ganham um quê de fantasia, ainda que presas à realidade...

No que se refere aos blocos em formação para a disputa nos estados, os versos de Chico Buarque caem muito bem:
“- Quem é você, diga logo...
- Que eu quero saber o seu jogo...
- Que eu quero morrer no seu bloco...
- Que eu quero me arder no seu fogo.”

Aqui mesmo na mauriceia, enquanto o prefeito do Recife, Geraldo Julio e o governador Paulo Câmara, ambos do PSB, declaram que a oposição a Temer põe num mesmo lado socialistas e petistas, e líderes do PT admitem a hipótese de uma aliança de ambos no próximo pleito (embora sofrendo resistências internas), o senador Armando Monteiro, PTB, ex-ministro de Dilma, incomodado com esse movimento e hoje aliado da base governista no plano local, denuncia o PSB como co-responsável pelo impeachment de Dilma...

Ou seja: há constrangimentos e cobranças mútuas, sob o ângulo e o interesse de cada um, em razão de posições discrepantes recém-adotadas. O realinhamento de forças, fenômeno comum e recorrente na cena política, nem sempre é bem assimilado.

Mas é tão natural quanto o parto aos nove meses de gestação! Mais ainda na complexa e instável situação brasileira.

Errado seria engessar opiniões e atitudes, como se fosse possível paralisá-las no tempo, em contraste com a realidade concreta, que dialeticamente impõe o repouso como relativo e o movimento como absoluto.

Se tudo está em permanente movimento e pode se dissolver no ar... como não considerar o redesenho de forças diante de uma nova situação criada?

O que atrapalha é a visão esquemática e mecanicista de alguns, colados no sectarismo e na intolerância, que teimam em desconhecer a realidade como ela é. Para estes, o relógio deveria marcar sempre e invariavelmente meio dia e meia noite. Qualquer alteração nos ponteiros perturba.

O PCdoB está infenso a esse tipo primário de incompreensão. Sobretudo do início dos anos sessenta do século passado em diante, vem acumulando amadurecimento teórico e tático que o permite combinar, na prática, firmeza e determinação na busca de objetivos lastreados estrategicamente com o máximo de amplitude e flexibilidade tática.

Daí comparecer às mais diversas coalizões no campo democrático e popular, buscando sempre a unidade possível em torno de proposições ao alcance do conjunto, sem entretanto borrar seus propósitos estratégicos e a sua independência de classe.
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