Num mundo tendente à multipolaridade, o aumento da cooperação econômica China-Rússia — sobretudo em petróleo e gás — tem peso na contraposição mútua aos EUA.
A construção coletiva das idéias é uma das mais fascinantes experiências humanas. Pressupõe um diálogo sincero, permanente, em cima dos fatos. Neste espaço, diariamente, compartilhamos com você nossa compreensão sobre as coisas da luta e da vida. Participe. Opine. [Artigos assinados expressam a opinião dos seus autores].
31 março 2018
30 março 2018
O quê?
JB: ‘Planalto diz que investigação é "tentativa de destruir reputação" de Temer. [Com todo respeito, ele ainda tem “reputação” preservada?]
Quem sabe?
Na hipótese de uma terceira denúncia contra Temer, a essa altura do momento pré-eleitoral elevai da teria maioria na Câmara para defendê-lo?
Discriminação racial
“A guerra às drogas afeta diretamente a vida de
mulheres negras”
Pesquisadora e autora do livro 'O que
é encarceramento em massa?' explica a relação entre as altas taxas de
encarceramento e o racismo no Brasil
CartaCapital
Não é possível falar sobre o sistema
carcerário brasileiro sem discutir racismo e feminismo negro, explica a
pesquisadora Juliana Borges, autora de "O que é Encarceramento em Massa?",
lançado no começo de março. "Houve um aumento exponencial da prisão de mulheres, e de mulheres negras,
depois da promulgação da lei de drogas", explica.
Entre 2006 e 2014, a população feminina
nos presídios aumentou em 567,4% incluindo o Brasil no ranking dos países que
mais encarceram no mundo, ficando no 5º lugar. 67% destas mulheres são negras.
"Minha militância sempre passou
pelo debate da violência policial", afirma a pesquisadora, nascida numa
família de mulheres fortes do Jardim São Luís, zona sul de São
Paulo, região com altos índices de mortes de jovens. Juliana teve dois amigos
de infância assassinados, presenciou abordagens policiais violentas e ela mesma
foi vítima de uma, aos 14 anos. "Fui revistada por um policial masculino
que não se importou com o fato de eu ser uma jovem."
Durante a graduação, participou de
encontros de juventude negra e então iniciou a militância feminista ."Meu
foco sempre foi mais a discussão da segurança pública e do encarceramento e
comecei a ver que não tinha como discutir isso sem falar de política de drogas
no nosso país", explica a autora.
O livro é o segundo da coleção “Feminismos Plurais”, organizada por Djamila Ribeiro e publicado pelo Grupo Editorial
Letramento.
Confira abaixo a entrevista que Juliana
Borges concedeu a CartaCapital.
CartaCapital: Na sua pesquisa você faz uma relação entre encarceramento
e racismo. Como essas questões se relacionam?
Juliana Borges: Historicamente, ao se pensar como o sistema de justiça
se organiza, vemos que sempre houve
seletividade penal racial. No País,
historicamente, quando as leis criminais são aprovadas, sempre há uma
diferenciação no tratamento para o encarceramento, para a punição de pessoas
negras, sejam elas libertas ou escravizadas. As políticas e o estabelecimento
do que deve ser criminalizado ou não acaba tendo um recorte racial.
Por exemplo, a lei da vadiagem determinava
que pessoas que estavam na rua sem fazer nada eram potenciais criminosas, que
elas precisavam ser encarceradas, punidas, presas. Quem são essas pessoas, no
pós abolição, sem emprego, num País que começa a importar mão de obra de fora
ao invés de utilizar esses trabalhadores recém libertos? Eram os homens negros.
Há um processo de encarceramento de negros já nesse período no Brasil, passando
também pela criminalização da capoeira, dos terreiros.
Gosto muito das perguntas que a Angela Davis faz,
que nos colocam a pensar: “O que é crime?” “Quem é o criminoso?” “Quem define o
que é crime ou criminosos?”.
Se pensarmos a branquitude como uma
parcela que detém, não simplesmente etnicamente, mas o poder, podemos falar que
são os 1% mais brancos e ricos e que detém os meios de produção e sempre estão
presentes na atuação hegemônica nas instituições brasileiras. São eles
que determinam o que é crime e quem é o criminoso. E de acordo com esse perfil
que se estabelece, os criminosos são sempre jovens, homens, negros, potenciais
criminosos.
No livro, eu tento mostrar que isso está
presente em toda história do Brasil, até chegarmos na contemporaneidade, com a nova lei de drogas, aprovada
em 2006.
Por um lado, é uma lei que tem um
avanço significativo, porque descriminaliza o usuário, mas por outro lado
transforma tráfico em crime hediondo. E quando fica nas mãos do policial a
definição de quem é o usuário e quem é o traficante, tais instituições têm
demarcado como criminoso o jovem, homem negro, que vai ser visto como
traficante e não usuário. Então, de fato, até temos uma redução do
encarceramento, mas de quem? De pessoas brancas. E um forte encarceramento da
população negra.
CC: Como as mulheres foram afetadas pela promulgação da lei de
drogas?
JB: Houve um aumento exponencial da prisão de mulheres, e de
mulheres negras. 68% da população prisional feminina é composta de mulheres
negras. De 2006 a 2014, houve um aumento de 567% no contingente de mulheres
encarceradas. O de homens aumentou em 220%. E 62% das mulheres estão
presas por tráfico de drogas, ao passo que os homens são cerca de 27%. Essa
política que declara guerra às drogas tem impactos diretos em mulheres negras.
Costuma se dizer que o Brasil é multicultural, mas quando olhamos a população
encarcerada, a população com maiores vulnerabilidades, ela é muito pouco
multicultural e multiétnica.
CC: Em relação à população carcerária masculina o que
mudou pós lei de drogas?
JB: Houve um aprofundamento do aprisionamento masculino. E
um aumento da construção de presídios no
Brasil. Quatro em cada dez presídios foram construídos após a aprovação da lei
de drogas de 2006. E hoje os presídios estão em situações paupérrimas. 40% da
população prisional são presos provisórios e a
taxa de superencarceramento é em torno de 38%.
Se conseguíssemos garantir minimamente
uma menor taxa de aprisionamento provisório conseguiríamos resolver a questão
da superlotação porque temos um sistema de justiça criminal que vê na prisão a
única saída para resolução de conflitos. Junto a isso há um fortalecimento das
facções do crime organizado. Superlotar presídios significa fortalecer
facções. Temos um estado que alimenta o que eles dizem combater.
Eles dizem combater as facções, mas
quando prendem as pessoas que são réus primários, presas por crimes leves, e
elas entram num ambiente que é totalmente agressivo, pela lei da sobrevivência,
pelas condições em que se se estabelecem as relações nos presídios, são
estabelecidas relações de resistência e sobrevivência. Prende-se pessoas que
poderiam responder em liberdade, que poderiam continuar construindo nas suas
comunidades e assim passam a se relacionar com as facções, então é um círculo
vicioso.
CC: Poderia falar um pouco sobre a relação entre aumento
do encarceramento feminino e a entrada das mulheres nas facções criminosas?
JB: Elas nunca estão em situações de mando nas facções, é
uma dinâmica que se estabelece por conta de uma necessidade de sobrevivência.
No caso dos homens encarcerados, mantém-se uma certa rede de apoio, as mulheres
continuam indo aos presídios, levando alimentação.
No caso das mulheres não, elas são
chefes de família, elas que garantem o sustento. Então quem vai garantir a
sobrevivência delas nos presídios, muitas vezes são as facções, nas quais essas
mulheres não assumem papeis de comando.
Estão trabalhando sempre na ponta do
varejo, como pequenas comerciantes. E muitas vezes as condições de trabalho que
o tráfico oferece são melhores do que as convencionais, pois ela pode estar ali
perto dos filhos, em casa. Temos que desromantizar essa ideia de mulher que é
presa porque está apaixonada pelo companheiro, muitas delas acabam entrando
para esse mercado das drogas porque precisam garantir o sustento das famílias
CC: Qual é o impacto do aumento do aprisionamento feminino
na estrutura familiar das mulheres?
JB: Desastroso. Há um caso de uma mulher que foi presa no
Rio de Janeiro transportando 20 quilos de cocaína. Estava grávida de cinco
meses e já tinha uma filha de 4, 5 anos. Foi presa no Rio de Janeiro e era de
São Paulo. O drama já começa aí. Ela relatou que tinha feito o transporte
porque precisava comprar o enxoval do bebê.
A primeira questão era como garantir
quem ia ficar com a filha e como a menina ia visitar a mãe no presídio. Nesses
casos, quando não é encontrado nenhum parente que possa ficar com as crianças,
elas são levadas para adoção, casas de acolhimento.
Há uma desestruturação total das
relações familiares. O principal impacto é a perda de direitos da manutenção da
vida daquelas pessoas, por isso que o habeas corpus coletivo, que foi aceito
pelo STF foi tão importante. Para garantir o que já estava em lei, que mulheres
em situação de prisão provisória grávidas ou com filhos até 12 anos, ou filhos
deficientes possam cumprir pena em prisão domiciliar.
CC:
Qual é o perfil do perfil do delito cometido por essas mulheres?
JB: Em 2014, uma pesquisa do Rio de Janeiro fez um levantamento
sobre o perfil das apreensões e foi demonstrado que a média era de 20 gramas de
droga por cada apreensão, ou seja, uma quantidade muito pequena. Além disso, a
maioria não foi presa em situação violenta, não estavam praticando o tráfico de
forma violenta, não tentaram impedir a prisão.
Quando vemos os processos das mulheres
vemos que não tem motivo para estarem presas. Elas não são grandes comandantes
da cadeia do tráfico, mas mesmo assim tão presas, porque temos sistema de
justiça criminal que é absolutamente punitivo.
As detenções femininas ainda são
acompanhadas de uma carga moralista. Elas ouvem dos juízes:"Mas você
estava traficando e é mãe? Que exemplo que você quer dar para seu filho?”. Mas
quais são as condições que sociedade oferece para essa mulher dar bom exemplo
para seus filhos? E também podemos discutir o que é bom exemplo.
CC: Qual sua opinião sobre as audiências de custódia, elas
estão melhorando o quadro do aprisionamento no Brasil?
JB: As audiências de custódia são um dispositivo
importante, ferramentas importantes, mas já tem grupos de estudiosos analisando
seus resultados. Observa-se que continua sendo muito difícil, mesmo nas
audiências,
que um juiz garanta que a pessoa responda em liberdade. A prisão
ainda tem sido a primeira saída que juízes vêm para a resolução de conflitos.
Nessas audiências também há indícios de
seletividade racial, porque quando o réu é negro é mais difícil que ele consiga
responder em liberdade. A subjetividade racial ainda tem peso muito grande nas
decisões.
CC: Quais são maiores desafios hoje, o que deve ser feito
para mudar esse cenário?
JB: Desencarceramento, legalização das drogas e
desmilitarização. Desencarcerar significa pensar e repensar os presos
provisórios num primeiro momento. Significa colocar em prática o habeas corpus
que foi concedido no caso das mulheres, que já tem demonstrado dificuldades
para sua execução, pois vários juízes têm se mostrado resistentes para garantir
a liberdade das mulheres mesmo com a decisão do STF.
Para legalizar as drogas não basta
descriminalizar o usuário. Quando falamos em guerra às drogas, não estamos
falando meramente na liberdade individual de ser usuário de drogas, a gente
está falando que essa narrativa tem servido para encarcerar uma parcela da
população, com uma política de segregação e discriminação racial.
E a desmilitarização é necessária
pois temos uma polícia que continua agindo de forma totalmente hierarquizada,
com visão de que ela precisa eleger um inimigo para atuar no território. E o
inimigo interno a ser combatido é a população negra.
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29 março 2018
Equívoco recorrente
Que partidos?
Luciano Siqueira
Não precisa estar entre os observadores mais argutos da cena política, no Brasil e mundo afora, basta um traço de sensibilidade para identificar, como subproduto da crise global e tupiniquim, a recorrência da negação da forma partido como instrumento de luta.
Agora, entre nós, na esteira da crise de representatividade que atinge a quase totalidade das agremiações presentes na cena política.
E também sob a pressão midiática ininterrupta, que dissemina a falsa ideia de que um dos pilares da crise é a existência dos partidos — sobretudo porque ocupam espaços de poder mediante alianças eleitoralmente vitoriosas.
Como se isso fosse uma novidade ou não acontecesse também nas chamadas "democracias consolidadas", como ficou mais do que evidente na montagem do atual governo de Angela Merkel, na Alemanha.
Ou, para citar outro exemplo marcante, com Aléxis Tsípras na Grécia, de esquerda, condicionado à aliança com a extrema direita para compor o governo parlamentarista.
Aqui são inconfessáveis os interesses em dissipar os partidos políticos, sobretudo porque um deles, de centro-esquerda, o PT, chegou ao governo central e durante doze anos promoveu a ascensão social dos mais pobres, em nível sem precedentes, e retomou a senda da afirmação da soberania nacional no concerto mundial.
Também porque há um fenômeno "fora da curva": o PCdoB completa 96 anos de existência e atividade ininterrupta, como partido programático e de ideologia definida, num país em que historicamente partidos políticos sempre foram efêmeros, conjunturais e pouco apegados a princípios e a programas.
Assim, há até quem cunhe a expressão "era dos partidos-movimentos", numa tentativa de proclamar como "novidade" o que é antigo e apenas ressurge — à direita e à esquerda — em meio à crise de perspectiva que reina no mundo ocidental e no Brasil.
Na prática, uma espécie de opção pelo espontaneismo e pelo imediatismo conjuntural, sob a influência de êxitos eleitorais de (falsos) partidos-movimentos, como na França de Emmanuel Macron.
Como não se tentar reproduzir a falácia no Brasil dos nossos dias?
Daí o mimetismo de várias siglas, que deixaram de se chamar “partido” e adotaram palavras várias, para expressar uma atitude, ainda que desprovida de conteúdo.
Até o velho PMDB retornou à denominação original e retroagiu a MDB; e, mais recentemente, fala-se no advento de um tal Movimento 23 e de uma pré-candidatura à presidência da República — respeitável por todos os títulos —, situada à esquerda, como expressão do tal "partido-movimento".
Na verdade, não há como fugir à construção de soluções programáticas — traduzidas taticamente de modo claro e consequente — num país em que a atual multifacetada crise conjuntural reflete falência estrutural e reclama solução de fundo, na direção da soberania, da preservação de direitos e de renovação democrática.
Na ordem do dia, isto sim, está a superação de dificuldades por partidos realmente comprometidos com o povo e a nação e a reafirmação deste que, em 25 de março último, completou seus 96 anos de lutas.
Luciano Siqueira
Não precisa estar entre os observadores mais argutos da cena política, no Brasil e mundo afora, basta um traço de sensibilidade para identificar, como subproduto da crise global e tupiniquim, a recorrência da negação da forma partido como instrumento de luta.
Agora, entre nós, na esteira da crise de representatividade que atinge a quase totalidade das agremiações presentes na cena política.
E também sob a pressão midiática ininterrupta, que dissemina a falsa ideia de que um dos pilares da crise é a existência dos partidos — sobretudo porque ocupam espaços de poder mediante alianças eleitoralmente vitoriosas.
Como se isso fosse uma novidade ou não acontecesse também nas chamadas "democracias consolidadas", como ficou mais do que evidente na montagem do atual governo de Angela Merkel, na Alemanha.
Ou, para citar outro exemplo marcante, com Aléxis Tsípras na Grécia, de esquerda, condicionado à aliança com a extrema direita para compor o governo parlamentarista.
Aqui são inconfessáveis os interesses em dissipar os partidos políticos, sobretudo porque um deles, de centro-esquerda, o PT, chegou ao governo central e durante doze anos promoveu a ascensão social dos mais pobres, em nível sem precedentes, e retomou a senda da afirmação da soberania nacional no concerto mundial.
Também porque há um fenômeno "fora da curva": o PCdoB completa 96 anos de existência e atividade ininterrupta, como partido programático e de ideologia definida, num país em que historicamente partidos políticos sempre foram efêmeros, conjunturais e pouco apegados a princípios e a programas.
Assim, há até quem cunhe a expressão "era dos partidos-movimentos", numa tentativa de proclamar como "novidade" o que é antigo e apenas ressurge — à direita e à esquerda — em meio à crise de perspectiva que reina no mundo ocidental e no Brasil.
Na prática, uma espécie de opção pelo espontaneismo e pelo imediatismo conjuntural, sob a influência de êxitos eleitorais de (falsos) partidos-movimentos, como na França de Emmanuel Macron.
Como não se tentar reproduzir a falácia no Brasil dos nossos dias?
Daí o mimetismo de várias siglas, que deixaram de se chamar “partido” e adotaram palavras várias, para expressar uma atitude, ainda que desprovida de conteúdo.
Até o velho PMDB retornou à denominação original e retroagiu a MDB; e, mais recentemente, fala-se no advento de um tal Movimento 23 e de uma pré-candidatura à presidência da República — respeitável por todos os títulos —, situada à esquerda, como expressão do tal "partido-movimento".
Na verdade, não há como fugir à construção de soluções programáticas — traduzidas taticamente de modo claro e consequente — num país em que a atual multifacetada crise conjuntural reflete falência estrutural e reclama solução de fundo, na direção da soberania, da preservação de direitos e de renovação democrática.
Na ordem do dia, isto sim, está a superação de dificuldades por partidos realmente comprometidos com o povo e a nação e a reafirmação deste que, em 25 de março último, completou seus 96 anos de lutas.
Nem tanto assim...
A economia no país: “Houston, we have a
problem!”
Walter Sorrentino, no Blog do Sorrentino
As análises
sobre o PIB do 3º trimestre na grande mídia não são análises, apenas afirmações
apologéticas. Pura disputa de narrativas sem amparo na realidade. Mais
honesto, sobre o PIB, seria utilizar a célebre oração que imortalizou o drama
do retorno da Apollo 13 em 1970, em sua viagem à Lua, abortada por uma explosão
do tanque de oxigênio.
O
Globo mancheteou: “PIB indica recuperação consistente”. O gráfico principal
apresentado sustentou que o consumo das famílias se manteve inalterado (1,2%) –
logo ele que é considerado o “motor da retomada” – e o investimento, depois de
15 trimestres consecutivos, cresceu 1,6%. O governo usurpador com cabeça de
planilha, inibiu fortemente e de modo pró-cíclico as despesas públicas – a PEC
do teto os congelou por 20 anos – quando se sabe que as compras do Governo têm
um peso de, em média, 20% no PIB.
É o
primeiro problema. Até para o IBGE, dono das estatísticas sobre o assunto,
expansão do PIB brasileiro é modesta e classificada como estabilidade. O jornal
espanhol El país, que não é estúpido, crava: “PIB de 0,1% no terceiro trimestre
mostra economia em recuperação fraca”. E mostra o gráfico-síntese fundamental:
em 2017, crescimento do PIB trimestral no 1º trimestre de 1,3%, caindo no 2º para
0,7 e, no 3º, com crescimento de 0,1%. Tudo somado, 0,6% no ano.
Zeina
Latif foi mais ousada com um cálculo rápido: nesse ritmo e as projeções do
“mercado” para o futuro, o Brasil só vai atingir o mesmo PIB (corrigido) de
2013 – quando a economia ainda estava em crescimento – se o PIB se elevar em 3%
ao ano por 5 anos… consecutivos.
O
segundo, é que não combinaram as manchetes com a opinião pública. Renato
Meirelles, ex-Data Popular e hoje do Instituto Locomotiva, afirma: “no País,
84% não sabem hoje quem poderia tirá-los da crise”; e acrescenta: dos 16%
restantes, a maioria cita o Papa Francisco. E 92% acham todos os políticos
corruptos!
Mas
o mais insuspeito veio do IBOPE. Por incrível que pareça o Estadão teve que
noticiar: “o otimismo dos brasileiros em relação ao desempenho da economia teve
uma queda significativa e chegou em novembro ao patamar mais baixo dos últimos
oito anos, segundo série histórica de pesquisas Ibope”. Apenas 21% preveem mais
prosperidade no próximo ano – metade do porcentual obtido no levantamento
anterior, feito no final de 2016.
Para
o IBOPE, 76% dos brasileiros apostam que 2018 será de maior dificuldade
econômica ou permanecerá igual. Quanto à situação geral do país, 56% consideram
que 2018 será pior ou igual a este ano: só 12% conseguiram guardar dinheiro em
2017 e 96% consideram que Temer é corrupto e não está levando o país no rumo
certo.
É
dura e teimosa a realidade. Pensando bem, os panegíricos sobre a recuperação da
economia podem se parecer com a célebre “visita da saúde” em doentes terminais,
uma certa lenda urbana que, como diz o poeta, “se non è vero, è bene trovato”.
Leia mais sobre temas da atualidade: http://migre.me/ kMGFD e acesse o canal ‘Luciano
Siqueira opina’, no
YouTube http://goo.gl/6sWRPX
Diálogo pelo WhatsApp
Em linha direta com você. Sempre. Veja no canal no YouTube 'Luciano Siqueira opina"
Provocação antidemocrática
Atentados buscam clima para tumultuar as
eleições
Walter
Sorrentino, no Blog do Sorrentino
Os acontecimentos em curso têm lógica, motivação e,
não me perguntem como, comando de execução.
Tiros na caravana de Lula, ex-presidente a quem se
deve assegurar a proteção do Estado; tiros que mataram Marielle Franco no Rio,
em aberta provocação à democracia e às Forças Armadas; e as pressões
ameaçadoras sobre a família do Ministro Edson Fachin do STF, são “marcadores”
que indicam um tumor em expansão, fartamente irrigado, certamente maligno.
O tumor fascista que atenta contra a democracia,
instila o ódio e a intolerância. Facínoras covardes apertam os gatilhos, como
os do antigo Comando de Caça aos Comunistas, ou manipulam os cordéis. E as
instituições, ou melhor, aqueles que devem zelar pelas instituições e pelo
Estado democrático de direito?
As respostas que se apresentaram por parte dos
setores governantes deixam qualquer um pasmo. O governo Temer omisso em suas
obrigações, o Congresso paralisado, o Judiciário perdido em disputas ao sabor
de interesses políticos indevidos. E a Segurança Pública? Tomei conhecimento de
uma declaração de integrante da PM que fazia a manutenção da ordem no evento
com Lula em São Leopoldo (RS): “Vocês estão aqui hoje e amanhã já se vão. Os
manifestantes (pedras e ovos) ficarão aqui e eu terei que conviver com eles o
resto do tempo. Fazer o quê?” Aí reside a mais completa desordem institucional.
A maior demonstração do transformismo que é – como
tenho afirmado reiteradamente – tais forças se apresentarem como “centristas”
no espectro político foram declarações de Alckmin e Dória incendiando a
pradaria. Foi digno dos mais indignos atestados de recusa do pacto democrático
que a nação requer. O desdém deles e outros são adubos para o caos. Saudades de
Mario Covas ou de Claudio Lembo, que tinham de fato a convicção democrática.
O mais importante é que esse curso das coisas
integra um quadro mais largo e fundo, que é tumultuar as eleições, cevar
medidas excepcionais contra sua realização. Como sempre dissemos, eleições
livres não estão asseguradas! Portanto, as respostas precisam ser largas e
fundas, ir muito além da polarização entre esquerda e fascistas.
A hora é grave, poucas vezes se assiste a esse
estado de coisas na vida de nações grandes e complexas que vivem em ambiente
democrático. Os democratas não podem assistir a isso distraidamente. Eleições
livres será o antídoto mais imediato, não só em defesa da ordem constitucional
como também fator de mobilização política do povo brasileiro em torno de
esperanças de um novo futuro.
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Execração
‘Estadão’: Auxiliares admitem que desdobramentos das prisões desta quinta-feira podem inviabilizar projeto de reeleição de Temer. [O buraco é mais embaixo, ora! O povo o rejeita.]
Pega mal...
PF prende amigos de Temer. Tomara que eles provem que não fizeram nada errado — pois não ficaria bem a um presidente (mesmo ilegítimo) andar com más companhias... Ou não?
Poesia sempre
Manuela Pinheiro
Abraço
Vinicius de Moraes
De repente deu vontade de um abraço...
Uma vontade de entrelaço,
de proximidade, de amizade... sei lá...
Talvez um aconchego que enfatize a vida
e amenize as dores...
Que fale sobre os amores,
que seja teimoso e,
ao mesmo tempo, forte.
Deu vontade de poder rever,
saudade de um abraço.
Um abraço que eternize o tempo
e preencha todo espaço
mas que faça lembrar do carinho,
que surge devagarzinho
da magia da união dos corpos,
das auras... sei lá...
Lembrar do calor das mãos,
acariciando as costas,
a dizer: "estou aqui."
Lembrar do trançar
dos braços envolventes
e seguros afirmando:
"estou com você"...
Lembrar da transfusão de forças
com a suavidade do momento...
sei lá... abraço... abraço... abraço...
abraço... abraço... abraço...
abraço... abraço... abraço...
O que importa é a magia deste abraço!
A fusão de energia que harmoniza,
integra tudo, e que se traduz
no cosmo, no tempo e no espaço.
Só sei que agora
deu vontade desse abraço
Que afaste toda e qualquer angústia.
Que desperte a lágrima da alegria,
e acalme o coração
Que traduza a amizade,
o amor e a emoção...
E, para um abraço assim,
só pude pensar em você...
nessa sua energia,
nessa sua sensibilidade,
que sabe entender o porquê...
dessa vontade desse abraço...
Leia mais sobre poesia e
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Caminho ilusório
Economia sem direitos sofre de anemia congênita
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
A economia vai bem — assegura a
cantilena oficial.
Vai bem pra quem? — pergunta o cidadão
comum.
Para o Mercado, sem dúvida. Os
articulistas que o representam alardeiam a contenção inflacionária e a leve
alteração positiva no PIB e pouco se importam com o investimento público
raquítico e a atividade industrial tímida.
Vale que o rentismo registra lucros
sempre crescentes.
Nesse cenário, um dado revela a
precariedade da “melhora” da economia: a ligeira recuperação do mercado de
trabalho é puxada pelo emprego informal, sem carteira assinada — com reflexo
direto sobre a dimensão e a qualidade do consumo.
Relações de trabalho precárias não
inspiram segurança às famílias, que se inibem de voltar a consumir.
A reforma trabalhista recém-efetuada
faz seus estragos.
Assim, em 2017, foram criadas 1,8
milhão de postos de trabalho informais; enquanto 685 mil vagas foram perdidas.
Demais, registra-se que a renda média
dos sem carteira e de pequenos empreendedores, corresponde a apenas metade da renda
dos empregados formais (descontada a inflação), que são os que têm acesso ao
crédito.
Nesse diapasão, até mesmo as
excessivamente otimistas previsões de crescimento tendem a ser redimensionadas.
Na verdade, o que está em causa é o
tipo de crescimento econômico que interessa — o que se submete ao processo
global de financeirização; ou o que incorpora ao setor produtivo os milhões de
brasileiros submetidos à exclusão.
Rumos diametralmente opostos, no centro
do debate eleitoral que tende a tomar corpo.
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28 março 2018
Caminho possível
Para Manuela, unidade da esquerda levará à vitória
nas urnas
Em entrevista
à rádio Sputnik Brasil, a pré-candidata do PCdoB à Presidência da República,
deputada estadual Manuela D’Ávila (RS), afirmou que “a esquerda brasileira
tem todas as condições de sair vitoriosa do pleito deste ano e conquistar a
Presidência da República pela quinta vez”.
Para a pré-candidata, as
forças progressistas estão unidas e, por isso, reúnem todas as condições de
chegar ao segundo turno. “Com relação à disputa em si, eu acredito que a
esquerda brasileira tem plenas chances de chegar ao segundo turno e sair
vitoriosa das eleições. Por que? Porque o projeto que é representado por este
setor ultraliberal nunca foi vitorioso nas urnas”, enfatiza Manuela,
referindo-se às quatro derrotas consecutivas nas urnas do projeto da direita,
que somente chegou ao poder por meio do golpe, implantando um projeto que não
foi o escolhido pela urnas.
Manuela enfatiza que o governo golpista de Michel Temer não submeteu ao crivo popular a proposta da reforma trabalhista e nem vai conseguir submeter.
“É impossível que o povo faça a opção por esse projeto atrasado e antipopular. Disso surge a possibilidade de nós vencermos a eleição pela quinta vez consecutiva”, salientou Manuela.
A pré-candidata comunista disse ainda que o PCdoB realizou o seu congresso nacional e que o partido debateu as bases para a construção de um Projeto Nacional de Desenvolvimento. “Sobretudo ajustes que se dão no novo momento do ciclo político que se abre com o golpe sofrido pela presidenta Dilma [Rousseff] e pelo Brasil no ano de 2016”, explicou.
A deputada frisou que, diferentemente de outros partidos, o PCdoB não fez esse debate em torno de “nomes e sim, de um programa”.
“Basta dizer que, desde 1945, nosso partido não tinha uma candidatura presidencial. Então, há 20 anos, quando me filiei ao PCdoB, não achava que seria justamente eu essa pessoa que iria romper essa tradição de sete décadas do partido fora do grande pleito nacional. Então, primeiro fizemos um debate programático e depois, a militância do nosso partido decidiu, de forma consensual, em congresso realizado em novembro em Brasília, que o meu nome era o mais adequado a levar em frente esse volume de ideias contido no Projeto Nacional de Desenvolvimento do PCdoB”, contou a pré-candidata.
Aposta na unidade
Manuela lembrou que o partido sempre buscou construir a unidade da esquerda e das forças progressistas “porque a eleição no Brasil se dá pela unidade programática dos partidos e pela viabilidade dos nomes escolhidos”.
E acrescenta: “Nós sempre apostamos em saídas mais unitárias. Nós, este ano, realizamos algo inédito que é a nossa unidade programática a partir das fundações partidárias. Ou seja, estabelecemos um programa comum entre PSOL, PCdoB, PDT e PT. Isso é algo novo”. Manuela se refere ao manifesto lançado pelas fundações do PCdoB, PT, PDT, PSOL, e também com a contribuição da fundação do PSB, intitulado “Unidade para Reconstruir o Brasil”.
“Nós estamos construindo com estes movimentos que estão se aproximando da nossa candidatura. Estamos conversando com movimentos que têm relações com coletivos de mulheres, com estruturas como a Frente Favela Brasil, com intelectuais e agentes da cultura que estão se organizando em torno da nossa candidatura e das ideias que ela representa”, apontou.
Manuela D’Ávila também opinou sobre os candidatos à Presidência da República que tentam se apresentar como opções de centro, mas que têm projetos conservadores e representam a direita, como o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) e o ministro da Fazenda Henrique Meirelles (atualmente no PSD), prestes a deixar o cargo para disputar a eleição, além do próprio presidente Michel Temer (PMDB).
Sobre as pretensões de Temer nas eleições deste ano, Manuela afirma que seria bom que ele concorresse “porque não é muito afeito a eleições”.
“No último pleito que disputou para deputado federal ele não se elegeu, e se tornou presidente da República sem voto porque ele é um golpe programático e realizou um impeachment [de Dilma Rousseff] sem crime de responsabilidade. Então, eu adoraria vê-lo apostar num debate democrático como é o debate eleitoral porque ele tem demonstrado ser alguém sem compromisso com a democracia. Com relação a Alckmin, Meirelles e Bolsonaro, tratam-se de candidatos da base de Temer que representam algo já construído, um projeto ultraliberal de reformas e destruição do Estado brasileiro, esse programa entreguista não vinculado ao desenvolvimento nacional, não comprometido com o povo brasileiro e que torna a economia nacional submetida aos interesses dos bancos”, destacou a pré-candidata comunista.
Manuela enfatiza que o governo golpista de Michel Temer não submeteu ao crivo popular a proposta da reforma trabalhista e nem vai conseguir submeter.
“É impossível que o povo faça a opção por esse projeto atrasado e antipopular. Disso surge a possibilidade de nós vencermos a eleição pela quinta vez consecutiva”, salientou Manuela.
A pré-candidata comunista disse ainda que o PCdoB realizou o seu congresso nacional e que o partido debateu as bases para a construção de um Projeto Nacional de Desenvolvimento. “Sobretudo ajustes que se dão no novo momento do ciclo político que se abre com o golpe sofrido pela presidenta Dilma [Rousseff] e pelo Brasil no ano de 2016”, explicou.
A deputada frisou que, diferentemente de outros partidos, o PCdoB não fez esse debate em torno de “nomes e sim, de um programa”.
“Basta dizer que, desde 1945, nosso partido não tinha uma candidatura presidencial. Então, há 20 anos, quando me filiei ao PCdoB, não achava que seria justamente eu essa pessoa que iria romper essa tradição de sete décadas do partido fora do grande pleito nacional. Então, primeiro fizemos um debate programático e depois, a militância do nosso partido decidiu, de forma consensual, em congresso realizado em novembro em Brasília, que o meu nome era o mais adequado a levar em frente esse volume de ideias contido no Projeto Nacional de Desenvolvimento do PCdoB”, contou a pré-candidata.
Aposta na unidade
Manuela lembrou que o partido sempre buscou construir a unidade da esquerda e das forças progressistas “porque a eleição no Brasil se dá pela unidade programática dos partidos e pela viabilidade dos nomes escolhidos”.
E acrescenta: “Nós sempre apostamos em saídas mais unitárias. Nós, este ano, realizamos algo inédito que é a nossa unidade programática a partir das fundações partidárias. Ou seja, estabelecemos um programa comum entre PSOL, PCdoB, PDT e PT. Isso é algo novo”. Manuela se refere ao manifesto lançado pelas fundações do PCdoB, PT, PDT, PSOL, e também com a contribuição da fundação do PSB, intitulado “Unidade para Reconstruir o Brasil”.
“Nós estamos construindo com estes movimentos que estão se aproximando da nossa candidatura. Estamos conversando com movimentos que têm relações com coletivos de mulheres, com estruturas como a Frente Favela Brasil, com intelectuais e agentes da cultura que estão se organizando em torno da nossa candidatura e das ideias que ela representa”, apontou.
Manuela D’Ávila também opinou sobre os candidatos à Presidência da República que tentam se apresentar como opções de centro, mas que têm projetos conservadores e representam a direita, como o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) e o ministro da Fazenda Henrique Meirelles (atualmente no PSD), prestes a deixar o cargo para disputar a eleição, além do próprio presidente Michel Temer (PMDB).
Sobre as pretensões de Temer nas eleições deste ano, Manuela afirma que seria bom que ele concorresse “porque não é muito afeito a eleições”.
“No último pleito que disputou para deputado federal ele não se elegeu, e se tornou presidente da República sem voto porque ele é um golpe programático e realizou um impeachment [de Dilma Rousseff] sem crime de responsabilidade. Então, eu adoraria vê-lo apostar num debate democrático como é o debate eleitoral porque ele tem demonstrado ser alguém sem compromisso com a democracia. Com relação a Alckmin, Meirelles e Bolsonaro, tratam-se de candidatos da base de Temer que representam algo já construído, um projeto ultraliberal de reformas e destruição do Estado brasileiro, esse programa entreguista não vinculado ao desenvolvimento nacional, não comprometido com o povo brasileiro e que torna a economia nacional submetida aos interesses dos bancos”, destacou a pré-candidata comunista.
Do Portal Vermelho, com informações do Sputnik Brasil
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kMGFD e acesse o canal ‘Luciano Siqueira
opina’, no YouTube http://goo.gl/6sWRPX
27 março 2018
Trevas
A intolerância conspira contra a ciência, a arte e a vida. Na política, a intolerância é irmã gêmea do fascismo.
26 março 2018
Quem disse?
Manchete de jornal: “Temer consolida a própria candidatura”. [Aonde? Com quem? Falta combinar com o povo, que o rejeita.]
Manuela defende unidade
Candidata
à Presidência pelo PCdoB, Manuela D’Ávila diz que esquerda pode se
unir
KÁTIA GUIMARÃES katia.guimaraes@jb.com.b, Jornal do Brasil
Até agora, única pré-candidata mulher à
presidência da República, Manuela D’Ávila foi deputada federal pelo PCdoB por
dois mandatos e hoje ocupa uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio Grande
do Sul. Aos 36 anos, ela ficou fora das eleições de 2014 porque sua filha Laura
havia acabado de nascer. Agora, traz Laura a seu lado sempre que pode nas
agendas de campanha. Militante feminista, Manu, como é chamada, acredita que as
propostas da esquerda vão se impor ao discurso do ódio. “No processo
eleitoral vamos mostrar que o Jair Bolsonaro não tem nenhuma proposta para o
povo brasileiro”, diz Manu.
O que representa a comoção com o
assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes ?
Ela era a personificação da luta das
mulheres, negras, lésbicas, das favelas. E a dimensão disso gera um impacto
popular. Se isso aconteceu com ela, o que não acontece com a mulher negra que
vive na favela e que não tem visibilidade? A morte dela também desnudou a
violência que as pessoas sofrem na periferia do Brasil, que é um dos temas que
o país precisa enfrentar, mas que quando se fala em violência jamais debate.
Marielle acabou encarnando tudo isso. O grito da população que milita e vê mais
um dos defensores de direitos humanos no Brasil. Ser morto é um grito de ‘é
isso que nós vivemos no nosso cotidiano’. O impacto foi tão grande porque a
Marielle se dedicava à vida, à luta coletiva, então a morte dela é uma morte
coletiva. E o ataque é a um conjunto de pautas que ela defendia.
A morte de Marielle deixou uma lição
sobre a violência e o discurso de ódio?
Mostrou o quão é vital e necessária é a
nossa luta unitária pela democracia e pelos direitos humanos. Veja como foi a
proliferação de mentiras e a possibilidade que tivemos de descobrir esses
atores mentirosos importantes da sociedade brasileira, como foi o caso da juíza
(Marília Neves Vieira). Essa pessoa disseminou ódio e violência. Além de
comemorar a morte da Marielle, ela sugeria que o Jean Willys merecia passar por
um corredor polonês para ser executado e que a bala seria muito fina e não
seria suficiente para matá-lo com prazer. A morte da Marielle tem que servir
para gente perceber que a luta contra o fascismo é o que nos une. Em certo
sentido isso matou a Marielle, mas são esses monstros que a morte da Marielle
libertou.
Apoiadores do deputado Jair Bolsonaro
fizeram protestos violentos durante a caravana do ex-presidente Lula pelo
Sul...
É um pouco a demonstração de quem são
essas pessoas, porque tentar impedir o Lula de se reunir com quem quer vê-lo e
ouvi-lo é a cara do que essa gente representa e do pouco compromisso com a
democracia no Brasil. ‘Se não reza a minha cartilha, essa pessoa não pode
falar’. A democracia para eles é conjuntural, nunca foi uma premissa, mas pelo
menos, eles disfarçavam. Se dá para aplicar nossa cartilha com democracia tudo
bem, se não dá, dane-se a democracia, por isso o impeachment e, por isso, o
esforço deles de tentar impedir o Lula de concorrer.
O apoio à candidatura de Bolsonaro, que
tem pautas extremamente controversas, é expressivo?
Eu ouvi que ‘o Brasil se divide entre
os que tem esperança e os que tem pânico e pavor diante da realidade’. A gente
precisa em primeiro lugar entender que existem razões para as pessoas sentirem
medo e insegurança com uma realidade de desemprego e violência. Isso motiva as
pessoas a buscar alternativas desesperadas. Foi assim no fascismo. Para mim, o
Bolsonaro é aquele que, sem proposta nenhuma, tenta transformar esse medo em
ódio, o ódio no diferente, no adversário potencial. A minha esperança é
que, no processo eleitoral, a gente mostre que ele não tem nenhuma proposta
para o povo brasileiro.
Os partidos de oposição estão lançando
cada um o seu candidato, não seria a hora de um único nome?
O golpe abre um novo ciclo político e,
por isso, a esquerda apresenta candidaturas distintas. Mas nós avançamos. Claro
que temos diferenças, mas não se pode permitir que isso fale mais alto do que
os nossos pontos em comum. Nós construímos um programa em comum e isso foi a
primeira vez que conseguimos. O manifesto foi o primeiro passo, porque antes
nós não conseguimos sequer fazer isso. Nosso esforço deve ser no primeiro
turno, se conseguirmos ter uma relação respeitosa na vida real. Não dá
para ser bem-educado na frente e ficar pela internet um desconstruindo o
outro...
Então a ideia é fazer uma aliança no
segundo turno?
É o mínimo que eu espero, que a gente
esteja lá. Não perdemos as últimas quatro eleições para a Presidência. É o nosso
programa que venceu as eleições. Eles tiveram que dar um golpe para implementar
o programa deles derrotado nas urnas. É bom que a gente sempre lembre disso. O
povo não vota em um projeto que retira direitos trabalhistas, um projeto que
congela os gastos públicos por 20 anos. Como é que as mulheres vão votar em um
projeto que congela gastos públicos, se elas não têm creche para deixar os
filhos e voltar para o mercado de trabalho? Eu acho que a gente tem que
enfrentar e garantir que um de nós esteja lá e, como disse o Lula, se tivermos
dois que maravilha.
O presidente Temer está apostando na
pauta da segurança alçada pela intervenção no Rio para reverter o cenário
desfavorável a ele e cogitando a reeleição...
Reeleição não, porque de voto ele não
gosta. O forte dele é a luta antidemocrática e não a luta democrática. Seria
interessante a gente poder vê-lo disputar uma eleição, porque nem deputado
federal ele se elegeu na última vez que concorreu. Ele era suplente.
A gestão do governador do Maranhão,
Flávio Dino, que é do PCdoB, tem sido bem avaliada. É uma vitrine para se
espelhar?
Ele é a grande prova de que existem
saídas para a crise que passam por investir mais em política sociais e não
menos. O Flávio aumentou o salário dos professores e tem hoje o segundo melhor
Estado para investir no Brasil. E se a gente olha de onde ele saiu e para onde
ele foi, aí a gente vê que é mais fantástico. Ele é uma vitrine para o nosso
campo político e ainda mais para o PCdoB.
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