22 março 2018

Para onde vamos?


Dois lances de uma crise que se arrasta
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10

O País segue atolado na gama de contradições estruturais que, dentre outras variáveis, se traduz no entrechoque permanente entre os chamados três poderes da República e nas manobras sucessivas de um governo ilegítimo, pernicioso e rejeitado pela população.

Após o fracasso momentâneo da pretendida reforma previdenciária — um dos itens prioritários de sua agenda regressiva —, Temer lançou-se à aventura da intervenção militar sobre a segurança do Rio de Janeiro.

A intervenção completa um mês sem plano e sem recursos. A ponto do general Villas Bôas, comandante do Exército, se dizer “preocupado pela incerteza de que vamos realmente atingir todos os objetivos”.

Preocupação procedente, tamanha complexidade dos fatores multicausais que alimentam a violência criminal urbana, tratados pelo recém-criado Ministério da Segurança com a superficialidade e a ligeireza típicas da pirotecnia política.

Já o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, questiona “de onde virão os R$ 3 bilhões para suprir a demanda do interventor? Temos o Orçamento da União 100% comprometido com despesas obrigatórias, e ninguém tem coragem de enfrentar esse tema.”

Concomitantemente, o crescimento de conflitos armados no mês, com óbitos, cresce assustadoramente.

Na verdade, a espalhafatosa intervenção tem a clara intenção de amenizar a desaprovação do governo pela maioria da sociedade e, de quebra, alimentar a pretensão (agora vinda a público) do próprio Temer se candidatar em outubro.

Outro lance — a resistência da ministra Carmem Lúcia, presidente do STF, em pautar as prisões após condenação em segunda instância —, revela as dificuldades da corte suprema de resguardo da Constituição exercer o seu papel. Por pressão de seus pares, segundo se notícia hoje, a ministra enfim cede e admite uma reunião destinada a examinar o tema.

Permeando o imbróglio, a iminência de prisão do ex-presidente Lula, já condenado em segunda instância.

Ocorre que nessa condição, obviamente, não está apenas o ex-presidente, mas milhares de outros brasileiros e brasileiras, que segundo opinam muitos constitucionalistas de renome, estariam sem o resguardo da Carta de 1988.

Entrementes, a nação perplexa se vê envolta num oceano de instabilidade, no qual não se pode prever nada com uma consistência mínima no sentido da superação da crise.

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