O bom e o mau exercício da
hegemonia
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
Eis um fenômeno recorrente em
nossa história política: o defeituoso exercício da hegemonia termina por
provocar, em médio prazo, a perda da hegemonia conquistada.
Às vezes porque parece ser mesmo
uma questão de DNA de determinada corrente política, que a incapacita a
analisar conquistas alcançadas considerando devidamente a multiplicidade de
fatores que proporcionaram a vitória.
Inclusive a contribuição dos
aliados, de maior ou menor porte.
Daí a soberba e o apetite
egocêntrico incontrolável.
Pois na luta política, à
semelhança de pelejas esportivas acirradas, uma força poderosa às vezes
fracassa por um detalhe — que no decorrer da contenda torna-se
surpreendentemente decisivo — que escapa ao olhar prepotente.
Assim, no exercício do poder
conquistado interesses partidistas se exacerbam, pondo-se legítimas pretensões
de forças aliadas como algo absolutamente desprezível.
Isto apesar da História de nossa
terra (e alhures) ser rica em exemplos de fracassos de quem se supõe tão forte
e acima da opinião, da vontade política e da energia de aliados.
É aí que se distingue o bom
exercício da hegemonia do nefasto desvio "hegemonista".
No primeiro caso, fortalece-se a
corrente hegemônica tanto mais quanto exerce a amplitude, a pluralidade, o
respeito às diferenças e a justa consideração da gama de interesses
convergentes.
No segundo caso — o hegemonismo
inconsequente —, quem chegou ao topo julga erroneamente que tudo pode e que
através do próprio poder conquistado não será difícil perpetuar-se no pódio.
O atual momento pré-eleitoral,
onde a concertação de alianças ocupa crescentemente as atenções na cena
política, particularmente no âmbito dos estados, mostra-se rico em situações em
que facilmente se identificam posturas corretas — amplas, flexíveis, mutuamente
generosas — e posturas estreitas, mesquinhas e excessivamente voltadas para o
próprio umbigo.
As urnas certamente premiarão
condutas corretas e consequentes e castigarão a inconsequência hegemonista.
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Debater, esclarecer, resistir https://bit.ly/2q4Y907
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