10 julho 2018

Instigante aprendizado


O repórter mirim e a descoberta do mundo
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

Se esse amigo de vocês tivesse mais de uma vida provavelmente uma delas dedicaria à educação. Instigado por relembranças do Movimento de Cultura Popular (na gestão do prefeito Miguel Arraes) e de outras experiências, desde adolescência; e pelos desafios do Brasil dos nossos dias.

Frequentemente fatos aparentemente fortuitos me desencadeiam o entusiasmo em relação a essa experiência humana fascinante que é o processo de aprendizagem.

Não apenas a aprendizagem formal, em sala de aula por assim dizer, mas sobretudo na vida cotidiana.
Semana passada, em breve solenidade de entrega, pelo secretário de Educação Alexandre Ribeiro e equipe, de mais de 80 kits destinados aos clubes de rádio e cinema da rede municipal — por si mesmo evento de extraordinário significado —, fui abordado pelo garoto Yan Victor, de aproximadamente 12 anos.  

Yan integra com mais dezessete colegas integra a "imprensa mirim" das escolas Nadir Colaço e Pedro Augusto.

À guisa de entrevista, me fez duas perguntas emblemáticas: “Qual a importância e do cinema e do rádio em nossas escolas? Você quando tinha a minha idade participou de atividades culturais, isso é importante?”

Respondi em linguagem simples, direta e compreensível, fechando com a frase: "São tão importantes quanto o ar que a gente respira". 

De fato, nem precisa ter profundo conhecimento dos processos pedagógicos para perceber que atividades extracurriculares — que se acrescentam à grade obrigatória — têm o dom de estimular a aprendizagem. 

Resultados obtidos em nossa rede com a introdução da robótica, da fotografia e agora do cinema e do rádio, são inquestionáveis. 

Alunos antes problemáticos em suas relações com os colegas e com os professores se tornam aplicados, desenvolvem o raciocínio lógico e a interação entre conceitos e ampliam significativamente o desempenho no conjunto das disciplinas.

Não é exagero dizer que estamos formando cidadãos para o futuro, aptos a um mercado de trabalho crescentemente exigente pelo contínuo aporte de inovação tecnológica.

Mas não só isso. Alunos que manuseiam as técnicas de rádio, cinema e fotografia, assim como os envolvidos no projeto “Metareciclagem com arte” (reaproveitamento de peças de instrumentos eletrônicos na co posição de obras de arte), também na rede municipal, têm sua sensibilidade estimulada para perceberem as diversas dimensões da vida.

Como bem observa a professora Manoela Santos, “o aluno se descobre protagonista do conhecimento. O diálogo professor-aluno, aluno-aluno, aluno-escola e do aluno com o mundo torna-se real e significativo, numa sociedade onde ainda prevalecem os vultos do silêncio”.

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