Iguaria para o melhor amigo
Luciano
Siqueira
A iguaria, no caso, são sorvetes finos. O amigo é o cão –
o melhor amigo do homem, como se costuma dizer; ou é o homem que é o melhor
amigo do cão, como sugeria Millor Fernandes.
Vamos ao fato.
Na Cidade do México um tal Mauricio Montoya, dono da sorveteria Don Paletto,
criou um sorvete ao gosto dos cachorros.
A receita, à base
de iogurte natural e lactobacilos, além do prazer gustativo (por suposto),
contribui para regularizar a digestão dos caninos – ao contrário dos sorvetes
comuns, que costumam provocar diarréia.
Que se trate bem
os animais, nada contra. Sobretudo nos dias que correm em que a defesa dos
direitos dos animais se inclui na agenda de todo bom gestor público.
A Prefeitura do
Recife, inclusive, há seis anos conta uma Secretaria Executiva precisamente com
esse propósito.
Mas uma sorveteria
especializada não deixa de ser surpreendente. Pela sofisticação e – imagino –
pelo nicho de mercado descoberto pelo empreendedor.
Isso mesmo. Se
fosse por amor ao seu bicho certamente o sorvete estaria circunscrito ao
ambiente doméstico.
Na sorveteria,
disponível para público e anunciado com campanha publicitária própria e tudo,
só pode ter interesse comercial também, ou principalmente.
Recordo-me que em
meados do anos sessenta um jornalista pernambucano, Mauro Almeida, amigo do meu
tio Paulo Rosas, fez viagem de intercâmbio ou algo parecido aos EUA e em
seguida escreveu um livro - “EUA, civilização empacotada” - contando tudo o que
vira por lá, que aqui nem pensar.
Tudo hoje a gente
tem também – dos shopping centers a revistas especializadas em cuidados com
animais.
Essa revistas
especializadas me chamaram atenção no relato de Mauro. Como existir público interessado
em criação de gatos e de cachorros?
Nem desconfiava, à
época, que Karl Marx tinha mesmo razão ao mostrar que o capitalismo tudo torna
mercadoria.
Também não sabia o
quanto um animal de estimação canaliza energias e sentimentos da gente.
Hoje, quase por
acaso, reside em nosso apartamento uma coelha, originariamente presente dado a
Alice, 5 anos, que terminou vindo para cá para que esteja melhor acomodada.
Fofinha, a coelha,
não emite sons, prefere se movimentar à noite, comporta-se com disciplina
exemplar. Não incomoda, apenas temos o trabalho de lhe fornecer a alimentação
devida e, semanalmente, fazer o asseio dos seus aposentos. E muito carinho.
Pois bem. Agora me
vejo interessado em revista especializada em coelhos domésticos, se é que
existem.
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